....em abril último, a conferência internacional “Liberdade, Democracia e Boa Governança: Um olhar a partir de Cabo Verde” havia gerado muitos questionamentos, inclusive ao nível dos recursos financeiros mobilizados para a sua organização. E, no ar, ficaram a falta de clareza que caracterizou o governo, não se sabendo ainda hoje, com todo o rigor, o orçamento final do evento que, com a mesma megalomania do costume, pariu uma tal “Declaração do Sal”, cujo impacto internacional foi zero e da qual o governo nunca mais falou.
Praticamente passou despercebido, mas o governo anunciou para os dias 12 e 13 de setembro a realização de mais uma conferência internacional na ilha do Sal. Desta feita, "Agenda futura de ação para o engajamento global da diáspora".
O pretexto seria assinalar a Declaração de Dublin, aprovada em abril de 2022, da qual um pequeníssimo grupo de pessoas já ouviu falar. Uma conferência que, segundo o governo, “vai recolher ideias de práticas inovadoras sobre o envolvimento da diáspora".
A Declaração de Dublin, adotada pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), por 29 governos e pela União Africana, preconiza a disponibilização de recursos para fortalecimento das lideranças da diáspora, ações de formação e capacitação, bem assim apoio técnico e financeiro, entre outros.
Porquê agora?
Independentemente dos méritos da Declaração de Dublin, aos quais durante mais de um ano o governo não terá prestado uma qualquer particular atenção, a questão que se coloca é esta: porquê agora, por qual razão se organiza esta conferência às vésperas das eleições autárquicas, para, segundo a organização, "apresentar as boas práticas de Cabo Verde e de outros atores relevantes em termos de envolvimento da diáspora em diferentes sectores", apresentada ainda como uma oportunidade para "facilitar a participação ativa e a colaboração entre vários governos, organizações da diáspora, sector privado, universidades e jovens e inaugurar a Aliança Política da Diáspora Global"?!.
A própria definição de “Aliança Política da Diáspora Global”, desde logo, expõe a leva megalómana do governo que se tem prestado, sem a mais elementar noção do ridículo, a reiterar uma imagem de si próprio de grande protagonismo internacional. E, este ano, já é a segunda vez que o faz, recorrendo a conferências internacionais, num curto espaço de cinco meses.
Dar palco ao governo
Patrocinada pelo governo de Cabo Verde e pela OIM, a conferência, tem como principais oradores nacionais o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, e o ministro das Comunidades, Jorge Santos, o que ressalta à evidência de que o evento, ao contrário de colocar no centro dos seus propósitos dar voz às comunidades da diáspora, pretende apenas dar palco ao governo, em plena pré-campanha autárquica, à custa das cabo-verdianas e dos cabo-verdianos.
Um governo reincidente
Já em abril último, a conferência internacional “Liberdade, Democracia e Boa Governança: Um olhar a partir de Cabo Verde” havia gerado muitos questionamentos, inclusive ao nível dos recursos financeiros mobilizados para a sua organização. E, no ar, ficaram a falta de clareza que caracterizou o governo, não se sabendo ainda hoje, com todo o rigor, o orçamento final do evento que, com a mesma megalomania do costume, pariu uma tal “Declaração do Sal”, cujo impacto internacional foi zero e da qual o governo nunca mais falou.
É de supor que a presente conferência "Agenda futura de ação para o engajamento global da diáspora" tenha o mesmo destino da sua antecessora, ficando para a história como sorvedora de recursos públicos, por dar palco ao governo e por se constituir em mais uma ação de propaganda do partido que o sustenta, em período pré-eleitoral, à custa das cabo-verdianas e dos cabo-verdianos.
Estamos perante um governo despudorado que, estranhamente, envolve na sua teia uma organização internacional!
A direção,
Comentários
Casimiro Centeio, 28 de Ago de 2024
Deveria ser organizada uma conferência sobre Malbaratamento, Corrupção e a Miséria extrema alarmante e preocupante, a nível nacional.
Enquanto o desgoverno prodigalíssimo esbanja desenfreadamente os parcos recursos nacionais, continua de mão estendida para os horizontes mendigando, e a pobreza extrema se prolifera pelo país,qual fogo no capim !
É este o governo que temos !
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