O vice-presidente do PAICV e deputado nacional, Nuías Silva, considerou esta sexta-feira, 24, em conferência de imprensa na cidade da Praia, que a suspensão dos bilhetes da Cabo Verde Airlines (CVA) pela Associação Internacional dos Transportes Aéreos (IATA) “mancha o bom nome e a credibilidade do país”, afirmando que “a situação da transportadora aérea de Cabo Verde é grave e não é de hoje”.
Na sua avaliação sobre a suspensão de emissão de bilhetes das agências de viagens credenciadas pela IATA em Portugal, o PAICV manifestou-se preocupado com a real situação da companhia aérea CVA e pediu que o Governo seja claro e explique os contornos da suspensão pela IATA de bilhetes à empresa.
Conforme considerou, esta suspensão da IATA “mancha o bom nome e a credibilidade” do País, pois caso a situação não seja regularizada dentro de 30 dias, com a retirada do código VR à CVA, fica impossibilitada toda e qualquer operação comercial da companhia.
“O facto é que a suspensão feita pela IATA veio demonstrar que o que está em casa é uma dívida de aproximadamente 2,4 milhões de dólares para com a IATA”, disse.
Ajuntou que tal situação de suspensão, para além de afetar directamente a imagem do País e da CVA, impacta ainda directamente as agências de viagens nacionais e clientes individuais, pois a suspensão inclui as vendas e reclamações de reembolso que já não serão liquidadas pela IATA.
Segundo o deputado do PAICV, a situação da CVA não é de hoje, “começou muito antes da pandemia do novo corona vírus”, explicando que nas campanhas eleitorais de 2016 o MpD assumiu que tinha a solução para os TACV, contratou uma empresa estrangeira para reestruturar a companhia, “que pagou a preço de ouro com dinheiro de todos os cabo-verdianos”.
No entanto, a realidade tem demonstrado que após a privatização, com nova gestão da CVA, os problemas agravaram-se, as dificuldades aumentaram, as dividas e passivos foram acumulando e o Estado continuou a injetar recursos e capitais quer de forma direta, quer de forma indireta.
De acordo com Nuías Silva, a situação da CVA vinha se arrasando há já algum tempo, com informações vindas a público, e denunciada “bastas vezes” pelo PAICV, da “gestão desastrosa” das operações e das rotas fazendo com que “prejuízo enorme se acumulasse”, em rotas “altamente deficitárias”.
“O PAICV pede abertura do Governo para esclarecer o que se passa definitivamente com a CVA, qual a situação real da empresa, que responsabilidades os acionistas privados têm ou pretendem assumir, num quadro em que o Estado, e bem, assumiu agora os salários dos trabalhadores”, declarou o deputado.
Quer ainda ver ainda esclarecida qual é a verdadeira posição acionista do Estado neste momento, o que pretende o Governo fazer ou está a fazer em relação a esta suspensão e que propostas o conselho de administração da empresa apresentou ao Estado.
“Os cabo-verdianos não podem continuar a aceitar que a falta de transparência na gestão de negócios públicos faça escola, e a nação não deve estar sob secretismo”, ressaltou.
O político que representa o maior partido da oposição contestou ainda a posição do ministro do Turismo e Transporte por este ter admitido publicamente, em entrevista a comunicação social, o risco de não sobrevivência da CVA após a paragem, o que terá despertado uma atenção especial dos vários credores da CVA, de entre os quais a IATA.
“Nós entendemos que a comunicação do Governo tem tido vários erros e esta comunicação também foi um erro da forma como foi feita”, referiu, salientado que a IATA suspende dessa forma “quando tem indícios fortes de que há incumprimentos ou quando a empresa está numa situação iminente de falência”.
Com Inforpress
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