Avião anunciado pelo Governo que deveria regressar a Cabo Verde vindo de Miami, onde estava desde o ano passado, saiu de Opa-Locka há dez dias mas foi para... a Islândia. Ao Santago Magazine, o director de Operações de voo da Cabo Verde Airlines havia dito que a aeronave foi para Islândia efectuando um voo cargueiro (peças de motor da Icelandair) e que estaria na Praia entre terça e quarta-feiras da semana passada. Acontece que apenas a tripulação cabo-verdiana que levou o Boeing dos EUA para a aquela ilha europeia veio a Cabo Verde, ficando o aparelho retido em Reijkjavik. Para piorar, o certificado aeronáutico do avião já caducou e a Agência de Aviação Civil não renova sem a presença física da aeronave na Praia para inspecção prévia. Entretanto, o Governo promete injectar 30 milhões de euros na CVA até Julho para garantir a retoma plena das operações da nossa companhia de bandeira.
O ministro dos Transportes, Carlos Santos, anunciou no Parlamento a chegada em breve de um dos Boeings da Cabo Verde Airlines retidos nos EUA desde Julho do ano passado. Um dos aviões foi devolvido à Icelandair no passado mês de Fevereiro, mas o Governo, para garantir a retoma das operações da CVA - agora que deu mais outro aval para a transportadora contrair novo emprestimo bancário e continuar a pagar salários -, anunciou que estava para chegar um dos Boeings e que a companhia iria começar a voar o mais breve possível.
Sucede que a aeronave, em vez de vir para Cabo Verde, foi para Islândia desde o dia 12 de Março, supostamente, para ser equipado com um software chamado NavData que até poderia ser feito na Praia. Contactado por Santiago Magazine, o director de Operações de Voo da companhia de bandeira nacional, Antolivio Martins, explicou que, além dessa actualização do software, o Boeing e fez um voo cargueiro, levando precisamente peças pertencentes à Icelandair que estavam em Opa-Locka, Miami, onde o avião esteve em manutenção.
Um piloto abordado por este jornal desconfia dessa explicação, apontando não ser crível ter ocorrido esse voo cargueiro já que Opa-Locka não é um aeroporto internacional, logo sem condições de embarque de cargas. Esta versão corrobora a ideia defendida por muitos técnicos da CVA de que se tratou de mais uma manobra do parceiro estratégico, Loftleidr Icelandic, do grupo Icelandair, para reter o avião e continuar a chantagear o Governo para injectar capital na empresa.
Num e-mail do grupo islandês enviado aos colaboradores internos e acessado por Santiago Magazine está escrito claramente que a Loftleidr congratula-se com o quinto aval concedido pelo Governo, mas os islandeses exigem que o dinheiro esteja depositado na sua conta primeiro para que o plano de retoma das operações seja posta em prática.
Certificado aeronáutico caducado
Antolivio Martins nega ter conhecimento desse e-mail e garante que está tudo acertado para que a CVA volte a efectuar voos comerciais, indocando que o Boeing esperado na Praia virá apetrechado com modernos sistemas de comunicação, com vantagens para os passageiros que poderão utilizar internet nos seus tablets e smartphones a bordo.
Esse responsável garantiu, por isso, que o renovado Boeing da CVA, depois de descarregar o conteúdo, estaria em Cabo Verde entre terça e quarta-feiras da semana passada, isto é, permaneceria na Islândia apenas quatro dias. Só que até hoje, volvidos 10 dias, nada. Pior, apenas a tripulação cabo-verdiana (Almeida e Lobo mais os técnicos de manutenção), que foi enviada aos EUA para ir buscar o Boeing, regressou ao país na sexta-feira, 19, ficando o avião retido na Islândia sem justificação e nem se sabe ainda sob que condições.
Outro problema a debelar tem a ver com o certificado de aeronavegabilidade emitido pela Agência de Aviação Civil. Porque o Boeing foi para a Islândia o certificado aeronáutico caducou no passado sábado, 13, ou seja, um dia depois de o aparelho ter chegado à Reijkjavik, capital daquela ilha europeia do Atlânico Norte. As tentativas da CVA para obter a renovação do certificado junto da AAC foram infrutíferas, já que a agência aeronáutica exige a presença física do avião para efeitos de inspecção, daí a administração da companhia aérea cabo-verdiana se ver obrigada a tratar da emissão de um novo certificado de aeronavegabilidade, ainda que tenha de custear a deslocação dos inspectores à Islândia.
Governo vai injetar mais 30 milhões de euros
Ontem, o ministro dos Transportes e Turisamo voltou a se reunir com o sindicato dos pilotos onde deu novas garantias de que vai haver injecção de capital na empresa no valor de 30 milhões de euros até julho,, sendo que, com base no novo acordo assinado com o parceiro estratégico, ficou estabelecido que o estado irá nomear um administrador (segundo a imprensa será Sara Pires, ex-PCA da RTC) com poder de veto e controlo financeiro.
Nessa reunião foi analisada também a possibilidade de renovação da frota da CVA, o que será novamente discutido e definido em Novembro, sendo certo que haverá redução do número de aviões conforme imposições da IATA, devido à quebra do volume de passageiros. Até lá, os accionistas já acordaram em retomar as operações da CVA com um voo semanal para Boston e um ou dois por semana para Lisboa, que pode aumentar oara três dependendo da procura. A ideia é ter voos triangulares Praia-Lisboa-Sal, Sal-Lisboa-Praia e Praia-Boston (esta numa prinmeira fase).
O salário dos trabalhadores agora será pago todos os dias 25 de cada mês.
Comentários