Ó grito do tempo! Na vida há sempre olhares que são refletidos. Às vezes, só olhamos a dureza de frente quando ela nos chama pelo nome ou quando nos bate à porta. Certos de que à frente de um ecrã a proximidade entre quem olha e quem é olhada irá condicionar, positivamente, o tom de um filme como o dia que esmorece perdido na inquietude de quem observa o anoitecer ou a noite. Oh! Quem me quer abraçar se eu gritar! Hermann Hesse profetizava que “A totalidade só se obtém através do entendimento, da aceitação da natureza humana. O que há de instintivo, o que há de virtual, em nós, não pode ser imolado em nome do que se chama espírito”. Hermann vai mais longe ao abraçar a mitologia Oriental “sultanato” que a tensão entre o Yin e o Yang, os dois opostos fundamentais, resolve-se, ou deve resolver-se, na vida, em harmonia. É sim um desígnio. Esse desígnio passa por aceitar um estilo de vida mesmo que tenhamos a flor na lapela com humanidade Solar e radiante em nós mesma. É verdade! O Tao floresce aparentemente pela divisão, como se diz no poema 42 do Tao Te Ching, mas só aparentemente: O Tao gerou o um. O um gerou o dois. O dois gerou o três. O três gerou as dez mil coisas. As dez mil coisas contêm o Yin e abarcam o Yang. Assim realizam a harmonia combinando estas forças.
Mesmo que alguém nos odeia, mesmo que esse alguém esteja no longo silêncio que seguirá no infinito, visitaremos sempre o teu jardim porque lançaste as tuas sementes que estão repartidas pelas ribeiras, pelos regatos, pelas árvores que plantaste, que florescem, pelas pedras soltas que esqueci-me de perguntá-las as idades, pelas flores, pelos trilhos e pelos dóceis frutos que soubeste bem colher.
Nas tuas metáforas habitam sonhos verdes e frios do homem que amava a simplicidade da vida e com a capacidade de encontrar a profundidade nas pequenas coisas que sempre amaste e sonhaste. Sem alimentar-se de mentiras e de falsidades instantâneas como para-raios afinal nos dias de relâmpagos.
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