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Ditadura da imagem ou fakenews, sinónimos de manipulação deliberada da informação para influenciar atitudes e opiniões
Colunista

Ditadura da imagem ou fakenews, sinónimos de manipulação deliberada da informação para influenciar atitudes e opiniões

...a verdade é que a propaganda faz parte do processo de comunicação internacional e é um importante instrumento da política externa dos países. Uma definição de propaganda, entre as muitas que foram dadas, poderia ser a seguinte: tentativa deliberada de algum indivíduo ou grupo para formar ou alterar as atitudes de outros indivíduos ou grupos por meio do uso de ferramentas de comunicação, com a intenção de que, em determinada situação, a reação dos influenciados seja a desejada pelo protagonista... A aplicação desta definição ao campo específico da informação jornalística levaria a consumir uma manipulação deliberada da informação destinada a influenciar as atitudes e opiniões de determinados públicos e, indiretamente, condicionar a sua conduta de forma a adequá-los aos objetivos pretendidos pela protagonista... Não é por simples facto ou acidente que a mídia é reconhecida internacionalmente como o “quarto poder”...

Cabo Verde, como a maioria de outros mais países e essencialmente os do sul, não escapa também á “ditadura da imagem” protagonizada pelo o mais popular dos meios audiovisuais, a “televisões internacionais online”? É verdade que a televisão joga de forma mais flexível com a cobertura de eventos internacionais ( Futebol Europeu, Novela, Eventos e Entretenimentos Internacionais...)  - preocupando-se muito menos com eventos de natureza transnacional e global que induzem a reflexão, promovem cultura, arte e trazem conhecimento... No entanto, eles o fazem sob parâmetros que servem mais de suporte — por sua própria natureza, a televisão demanda produtos/entretenimento, que visam mais sensações do que conhecimento — muitas vezes a notícias ou eventos que são narrados e têm o seu centro de referência geopolítica nos territórios da UE /USA. E em boa porcentagem, nesse consumo, estão integradas as histórias contadas sob a “ditadura da imagem”, que muitas vezes é recriada forçando uma versão da realidade falsificada do mundo...

A seleção de eventos actuais para “noticiar”, tem  sobretudo, um vínculo prévio que privilegia a preferência pelos eventos visualmente mais conflituosos ou explosivos, silenciando ou relegando outros que, apesar de terem grande potencial informativo ou terem consequências políticas de grande alcance, social ou cultural, não garantem o impacto desejado (e audiências)...

Mas que fazer a realidade é viver uma grande contradição: longe de lidar com recursos e modelos de produção jornalística capazes de cobrirem a complexidade de um mundo sem fronteiras. Muitas vezes, a mídia subordina o jornalismo aos negócios e reporta sob critérios de rentabilidade econômica, lucratividade... Não importa tanto a veracidade dos fatos - para acessá-la é imprescindível a utilização de processos interpretativos que encarecem a produção da informação - e sua adequação aos padrões de comunicação que facilitam o consumo rápido...

Se o numérico permite acesso fácil e gratuita ás informações, livros e sobretudo a obras raras, pessoalmente defendo que o impresso, o papel, induz alguns comportamentos e impõe um ambiente particular: sinto o seu peso, posso cheira-lo, manipulo-o á vontade indo atrás ou voltando á frente, com precisão, posso inserir notas facilmente, dobrar os cantos inferiores ou superiores das páginas, inserir marcadores de leitura, sublinhar textos ou frases, inserir como marcador, foto ou flor seco e mesmo para secar…etc. É evidente que o impresso, é destinado a uma utilização solitária, mas, reconheço que uma boa noticia, cultural, social, económica, ambiental ou política, estimula práticas colectivas: leitura para um grupo permitindo uma interactividade critica, sob a forma de comentário, critico e social, participando todas as partes…

A crise Covid -19 e a actual realidade de vivência das consequencias da recente “Guerra na Europa” Faz emergir claramente a grande “ambivalência” exposta assim que essas situações atingem plenamente as políticas e áreas de responsabilidade nos países do Norte (Ocidente) ou do Sul, ao contrário do que acontece, mesmo actualmente, com os “Refugiados do Sul” em busca de segurança na Europa, como essas crises têm seu foco em países dos “subúrbios” do mundo, o usual é seu silenciamento, falta de verba (para enfatizar o silêncio informativo a que a África está submetida, enquanto verificamos, alarmados, os efeitos dramáticos da pandemia de Covid-19 no continente que segundo informação a vacinação está a volta da média de 5%, ataques terroristas, milhares de deslocados, etc.)...

Na sua maioria esmagadora, as notícias vêm de países distantes que julgamos a partir de nossa própria perspectiva sociocultural, e elas estão muitas vezes sobrecarregadas de preconceitos, e ficamos, muitas vezes, sem poder usar um contexto que nos permita fazer juízos de valor. Nessas circunstâncias, não é arriscado dizer que estamos mais desamparados diante da desinformação e de estratégias de comunicação manipuladoras...

Mas a verdade é que a propaganda faz parte do processo de comunicação internacional e é um importante instrumento da política externa dos países. Uma definição de propaganda, entre as muitas que foram dadas, poderia ser a seguinte: tentativa deliberada de algum indivíduo ou grupo para formar ou alterar as atitudes de outros indivíduos ou grupos por meio do uso de ferramentas de comunicação, com a intenção de que, em determinada situação, a reação dos influenciados seja a desejada pelo protagonista... A aplicação desta definição ao campo específico da informação jornalística levaria a consumir uma manipulação deliberada da informação destinada a influenciar as atitudes e opiniões de determinados públicos e, indiretamente, condicionar a sua conduta de forma a adequá-los aos objetivos pretendidos pela protagonista... Não é por simples facto ou acidente que a mídia é reconhecida internacionalmente como o “quarto poder”...

miljvdav@gmail.com

 

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