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DIÁRIO DE UM RESISTENTE – CONTINUAÇÂO
Colunista

DIÁRIO DE UM RESISTENTE – CONTINUAÇÂO

Como já supra dei a nota, a assanhada mania de me atormentar, para tirar a paz de espírito e manter-me sob as patas de trânsfugas e lampiões, com maldosas insinuações, apupos e sevícias,de insolentes ratazanas, para me prejudicar e destruir, ainda mais, nunca deixou de agudizar, por mais de 30 anos a eito. Os abjetos e sicários de sarjeta não largam a falsa cantilena nunca jamais. É de um profundo descaramento mentir por mais de trinta anos sem parar. E é um gritante caso de estudo, um motivo para chorar, nestes 50 anos de abril, que deveria ser feriado em toda a esfera dos PALOP. Que pachorra e que ganância, na senda de obstruir o meu luzente caminho bom? E apesar de ter estado, por várias vezes, “no etéreo topo” de arrepiante mirabolância, nunca me deixaram divisar “o lume santo”. Pois, tal que sucedera ao aguerridoJhonWycliffe, sinto que me estão a torturar, mesmo depois de morto, oh meus nefandos impostores!

 Por isso, acabo sendo, por vossa inteira responsabilidade, um mártir da esquerda, sem o mínimo proveito e em nome de todos aqueles que não sofreram com o vosso sanguinário despotismo e só usufruíram da vida regalada, os chamados ambulantes do meio da chuva, que não se importam com a pelica de honradez, negociando com os talibãs oportunistas de radical feição de ser, os benesses e prerrogativas de ultrajante sobrevivência.  Assim, com a cabeça na bandeja de necrófagos e pútridos mandantes e outras partes da couraça na manjedoura de cínicas hienas esfomeadas, tem sido a minha sombra do quotidiano. Figura “que na língua rude e mal composta” dos virulentos satanases deve constituir-se em réplica do destemido João da Bíblia. Depois de analisar, fria e factualmente, toda a macabra desenvoltura do drama em meu redor, cheguei à conclusão que devo ser de uma importância colossal e sumamente apetecível, para atrair tanta descomunal cobiça da esganada quadrilha de funestos urubus da minha vida, já falecida.

Fogo! Que barganha de me continuar a assassinar avidamente, mesmo depois de morto? Só escabrosos psicopatas se deleitam a matar desta maneira, por fetiche, por vaidade e por capricho. Nunca assumi cargo nenhum, não tenho dinheiro nem comenda, nem sequer visibilidade, apesar da minha formação considerada bastante boa. O que querem afinal esses vampiros e chacais da ribanceira do diabo? Sinto que o sopro da minha voz incomoda e corre seríssimo perigo. Não sendo delinquente nem tendo antecedentes criminais, não se entende a birra de importunar um simples cidadão, ordeiro e trabalhador, só por não se filiar ou deixar-se federar nas hostes da radical torta feição, para não bater à porta e dar loas aos mandões e sacripantas de iniquidade, de um poder circunstancial e passageiro.

Acontece que em alguns jornais da dita esquerda frouxa e patuleia, anestesiados com questões de ego excessivo e de perversa agenda pessoal, de pendor agiota e monetário, que, como disse noutro dia, é o diabo absoluto na pele do ser humano, não me deixam soluçar. Está todo o mundo capturado pelo sistema global de rapinagem. Os sediciosos contra a barganha vão apanhar, no duro e feio. E isto nada tem a ver com o ideal seleto e altruísta da esquerda elemental e consequente, convicta e benzida. Caramba! Não me deixeis dizer, nunca jamais, que este torrão é um reino privilegiado para gatunos e trapaceiros. Ficaria deselegante, sobretudo, para o finório inglês ouvir. Ou será que estamos diante da morte de uma ideologia em detrimento da outra?

Parece que no confronto entre as duas, a mais emporcalhada e sedenta de sangue está a esmagar a outra, assaz empobrecida e atabalhoada. Então, os animais de má maneira ficam à solta neste torrão. É a famosa teoria de má moeda em circulação. Acaba por se impor e expulsar a mais preciosa, para reinar sozinha num mercado desregulado. Neste punhado de fraca estância já nada de valioso nos comove. Nem a ingente paixão de Cristo, nem a receita de Deus pai. Só cargo, nome falso, dinheiro e vida fácil. E os valores da esquerda cristã e primitiva onde é que ficam? Há tempo para tudo nesta retornada província ultramarina, só não há ensejo para debaterquestões candentes e nevrálgicas, que têm a ver com a vida e a dignidade dos consagrados maiorais e de todos os honestos cidadãos. Só querem federar a fragilidade, para controlar e dar esmola. Por isso, na ausência de uma cidadania cultivada, os cachorros,aos montes, pululam nas achadas de berlinda e continuam a ladrar e a tentar morder aquelesque construíram o seu percurso com árduo labor, com vibrante suor no rosto e com vincada dor no pulso.

Já ando manco e tenho calo nos pés por toda a parte, em virtude de tanto dar o couro pela migalha de recompensa. Tenho ferida nos cotovelos. Então, exijo que me respeiteis. O país precisa de um novo azimute para o devir. Outrossim, desde há três décadas, os radicais temeratos vêm se empolgando, enchidos de empáfia e de balofa, pela falácia que criaram, mas afinal são retrógrados e neocolonialistas, que se batem desabridamente, aliás, pelo retorno ao estatuto do indigenato e da discrepância de má memória. Os asquerosos inadimplentes, ao invés de cumprir a profecia, encomendaram caixões, para meter lá dentro alguns bravos combatentes da afirmação de uma nação, contra a anciã fidalguia imperial.Enquanto isso, outros messias da pestilenta banha de cobra e “flatus vocis”, os bestiários oficiosos da inexpugnável corrente de satanismo, desdobravam-se em brigadas de purificação social, desatavam a injuriar e a perseguir os indefesos aversivos, até à exaustão.

Nos recuados anos noventa houve uma lista mental de pessoas para abater. E eu até nem sei porque nunca me puseram na cena do crime das profanações dos templos católicos. Uma beatífica exceção, um imenso privilégio, no computo geral do inferno que se criou à minha volta e que insiste em perdurar. Seria um ótimo pretexto para me limparem. Fiquei de fora, quiçá por oriundo do Cutelo de Eutimia e da ribeira mais púdica e devota da ilha de Santiago, que é a virente Ribeira de Candidez, em São Miguel. E sobre a data da minha vinda à luz do pássaro divino, talvez convenha fazer o coro com o magnífico Luiz Vaz, para entoar - “Ó gente temerosa, não se espante, que esse dia deitou ao mundo a vida mais desgraçada que jamais se viu”. Ou quando, assim tristonho, o inigualável poeta luso pensava alto e lamuriava – “Desta terra vos sei dizer que é mãe de vilões ruins e madrasta de homens honrados”.

Bem, Pedro Pires foi enterrado e não morreu. Porque predestinado a ser o incensado Matusalém das lides políticasCV, contra a áspera vontade de todos os malsões e sibaritas do surpreendente novo mundo. E até ganhou imensa grana pela intrépida resistência e sensatez, que os mercenários da ribalta adorariam arrecadar para os seus apaniguados empreendedores. Provavelmente, daqui a uns dias darei mais notas, acerca da minha dorida crucificação, se não morrer às mãos desses canalhas e sanguessugas da honestidade. Porquê que a desmiolada extrema feição não aprende com a História? É certo que também me pus a jeito. Como é possível enfiar a efígie inteira na boca de tubarão ou crocodilo? Até porque há bastantes evidencias em como vivemos numa cruel sangrenta selva.

É caso para dizer: bebi de límpidas mãos a peçonha de mamba preta. Pois, eu próprio paguei, às vezes, para que os canibais me tivessem na mira de devorar. E agora vos rogo, pela enésima vez: não me metais, nunca jamais, em nenhum tipo de sujeira, da igualha dos vossos comparsas e delatores, que veementemente desconheço. Honra e glória aos injuriados e escorraçados danossa “naífe democracia”.

*Domingos Landim de Barros

*Um dos mártires da esquerda

 Leia a primeira parte deste artigo aqui: Diario de um resistente

 

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