A nossa justiça provoca-nos arrepios
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A nossa justiça provoca-nos arrepios

Acabo de ler no Site de Santiago Magazine, um brilhantíssimo Ponto de Vista intitulado EDVÂNIA - CONCLUSÃO E REALIDADE DIVERGENTES, de Olímpio Varela. As suas observações são tão óbvias, que ousaria dizer que são aladas, que voam e levam as verdades aos ouvidos até dos surdos. Pois a situação da nossa justiça nos provoca arrepios. E como se diz em crioulo e Katuta Branka tocou e cantou, N Sa Ta Ri Pa N Ka Txora.

Ora, não vou contar a estória de Edvânia aqui, porque o articulista que me precedeu não deixou nada que eu pudesse acrescentar. Quero apenas corroborar e reiterar o que sempre venho dizendo, mormente nos meus textos editados neste bendito Santiago Magazine, com destaque a:

A MONSTRUOSIDADE DAS INVERDADES VOMITADAS PELA POLÍCIA JUDICIÁRIA

Caramba, o que se passa com a nossa justiça é de uma vergonhosidade impressionante. A inteligência dos nossos agentes de autoridade é de um tamanho tão microscópico, quão esqueleto de alguns deles. Baixos, reles, incautos e desnutridos tecnicamente para exercer as funções que por simpatia ou militância lhes foram incumbidas.

Conclui-se, pois, no texto do Sr. Varela, que Edvânia terá sofrido sucessivas metamorfoses em 8 meses que esteve desaparecida. Desaparecera uma criança no mês de Novembro; em Janeiro, isto é, em dois meses apenas, essa criança tornara-se numa senhora, identificada pelos nossos cientistas, depois de examinar montes de ossos ou ossadas; essa senhora, mais uma vez se tornou uma criança que se chama Edvânia Gonçalves.

Essa mesma polícia científica, havia sido chamada ao concelho de Santa Cruz, no dia 25 de Outubro de 2017, para proceder ao levantamento e o enterro de um NIGERIANO que havia caído de uma altitude. Pobrezinho. Tinha os olhos furados, vários dentes arrancados, língua mutilada, testículos esmagados, um pé amputado e a pata sumida, um lado do corpo dilacerado, a cara queimada e pintada de negro. Tudo isso, sem que houvesse uma única gota de sangue no local. Porém, conforme o relatório da médica legal, o NIGERRIANO teria caído, de uma altura de mais de 30 metros.

No dia 28 de Outubro, soube que o NIGERIANO era meu irmão, de cor acentuadamente clara, para não dizer que era branco. Pintaram-lhe a cara com propósito bem definido. Pelo menos um sobrinho nosso esteve na Judiciaria para proceder o reconhecimento do corpo. Fabulástico! Reconhecimento do corpo é uma terminologia técnico-jurídica que se utiliza nesses casos. Mas, soube mais tarde que ninguém chegou a ver o corpo. O reconhecimento foi feito através de um questionário verbal, com algumas perguntas sobre sinais particulares da vítima. O corpo, enquanto NIGERIANO, já havia sido sepultado como indigente? Dia 29 de Outubro, 4 dias depois, uma equipa da PJ deslocou-se ao local e recolheu muito sangue que se encontrava nas imediações, bem como as impressões digitais. E havia um sudário nítido do meu irmão, num sítio onde colocaram o corpo para se descansarem, durante o trajeto para o levar à lixeira onde foi encontrado jazido. E pela perceção, qualquer tolo, que ainda não esteja varrido, se concluiria que as diligências da PJ só serviam a eles para a consumação da fraude. Para destruírem provas do crime, ma vez que já haviam feitos um putativo relatório da autópsia. Na verdade, autópsia nunca se realizou.

Dia 30 de Outubro o corpo foi liberado e entregue à família, dentro de um caixão lacrado e expressamente ordenado pela médica legista e PJ, de que não podia ser aberto e que o itinerário teria que ser, escrupulosamente, da morgue do Hospital da Praia para o Cemitério de Santa Cruz. E já nesse dia circulavam zunzuns de que a Judiciaria teria dito que não existia crime envolto a morte do meu irmão. E como é que a PJ soube disso? Tinha recolhido o sangue e outras amostras havia menos que 24 horas. Trata-se, pois, de um crime de homicídio.

Estive com o Sr. Procurador-Geral da República e o implorei a promover exumação do corpo do meu irmão e proceder-se a autópsia que nunca foi feito, porque, até duvido se o corpo foi enterrado. Há muitas coincidências, premeditado descaso e intencional inércia. Para eles, quanto mais demorarem em exumar o corpo do meu irmão, menos probabilidade haverá de confirmar a causa da morte. Mas estão rotundamente enganados. E lanço um desafio ao Sr. Procurador-Geral da República. Muna de coragem, encarne em si o espírito de justiça, ordene que desenterre o meu irmão e autopsia-lo. Se se comprovar que a médica legista fez a autópsia, aceito que me processe e me mande para cadeia. Pelo menos fico consciente de que as autoridades existem para fazer justiça e não negócios.

Caros leitores, estou no auge do chateamento, não apenas pela morte do meu irmão, pelo desaparecimento misterioso das crianças e outras escabrosas iniquidades, mas, tão-somente por inércia da justiça, pelo desprezo que nos inflige, e pela cobertura que estão dando aos criminosos.

Há dias, alguém disse-me e pediu a confidencialidade, que o meu irmão foi extremamente torturado e morto, a mando de alguém grande, porque foi inconveniente num lugar inadequado. Que lhe cortaram a língua porque papiador é pa sapa língua. Que o seu assassinato está relacionado com a morte de um tal Felismino, que foi alvejado com 11 tiros quase a frente da casa do meu pai onde o meu irmão morava. Esse senhor já tinha apresentado algumas queixas no Tribunal de Santa Cruz, contra uma pessoa que o ameaçava de morte. Entretanto, meses depois, uma pistola cujo calibre é o mesmo que fulminou Felismino, foi apreendida pela Policia Nacional no interior da viatura do suspeito. Este foi conduzido ao Tribunal de Santa Cruz e, de imediato foi posto em liberdade sob TIR. Dizem que está a viver fora do país.

Vou anexar esta exposição a uma denúncia e envio para todos os Organismos Internacionais, pedindo justiça e respeito pelos cidadãos que sufragaram poderes aos nossos dirigentes.

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