Antes eram a Monarquia e a sua família os grandes sugadores do erário público. Hoje temos os partidos políticos e suas extensas famílias como os chupadores mores do Povo. Passaram a ser parte integrante e necessária à vida das pessoas e das sociedades, sendo por isso, obrigatoriamente sustentados por essas. Os partidos devem ajuizar, com os seus botões – pena não o afirmarem expressamente -, que as pessoas e as sociedades têm o dever moral, social e jurídico de alimentar, sustentar e pagar a vida daquelas organizações, sem o que aqueloutras são incapazes de existir e permanecer dignamente. Toda uma abstrata comunidade existe para alimentar concretas pessoas, à boa imagem do Tabernáculo Bíblico, onde se recolhem os privilegiados, os predestinados, os guias e os condutores de todo um povo. Diria pois que estranha é essa democracia a praticada pelos séculos XX e XXI. A Grécia de Platão também praticava a democracia, com escravos à mistura! Mas pensando na Monarquia e sua família, pergunto quem fere mais ferozmente os cofres de um Estado e o erário público, se esta instituição ou os partidos da República que têm sempre um Presidente, de acordo com as suas constituições?
Os partidos políticos tornaram-se em vivências da vida de um Estado inatacáveis, inabaláveis e até irresponsáveis. Realidade indiscutível e com carater perpétuo a merecer todos os privilégios sociais, económicos e políticos, até serem venerados e idolatrados, protegidos.
Estranho este movimento partidário, quando existe atualmente uma desconfiança, um desconforto e até uma presunção generalizada da sua falta de legitimidade como forças representativas das gentes de toda uma sociedade, do seu povo. Será para garantir um futuro económico-material que se prevê agreste ao espaço dos partidos políticos.
Uma coisa é certa: não gosto do que vejo, do que leio e do que está legislado. Um sinal péssimo ao Povo. Não se venha exigir depois que se vote, que haja participação eleitoral, quando se percebe que aquelas organizações estão a trabalhar para prevenir os seus próprios interesses futuros que se preveem de pouca esperança para elas. Num país que vive eternamente em dificuldades económicas e financeiras e a apertar o cinto permanentemente, quando se apela à solidariedade nacional das pessoas, essa não é com certeza a melhor forma e o melhor modo de praticar-se a solidariedade, a contenção, o controlo de despesas e a participação construtiva na sociedade. Sugere, a bem dizer, o oposto: A FALTA DESAVERGONHADA DE SOLIDARIEDADE e abuso descarado nas despesas. O descrédito sobre esses grupos políticos tornar-se-á ainda maior e mais profundo. Não se queixem! A lei é feita e desfeita por mulheres e por homens!
José Gabriel Mariano, 28/12/017
Ideologia, a mal nascida
“ (…) ”
E quem disser que é verdade
Eu digo que é mentira
Quem disser que eu tenho ideologia partida
Eu digo que é mentira e que é um mentiroso
Eu digo que não tenho ideologia
O que me assiste é um pensamento
Vários pensamentos
Muitos
Inúmeros…
Que…por vezes
- até se soltam e regressam-
É um só pensamento: a pessoa!
A mim, a ideologia seca-me o pensamento
E os meus inúmeros pensamentos
E depois pode matar a pessoa; esta, a ideologia
A mal nascida, aquela partida…
Maledetta!
Interminável centopeia
Movo-me na discrição da multidão
Transporto-me pelas rodas
E pés de todos
Desinibidos na areia
Uma interminável centopeia transporta-me
Abalanço-me
Embrulho-me
Misturo-me
Por peles
E um só cheiro
Como a onda líquida me leva acima
Traz-me abaixo
Em prazer ondulado e suspenso
Também aprecio o prazer das normas gerais
Abstratas sem data
Tanta relativa relação
Nesta relatividade espacial
Assoberbada na emocional
Lhe é referente
Não nos faz algum mal
Querer generalizar o que é corrente
Vivendo em penas e simplesmente
A abstractização geométrico-quantitativa
Não querendo
Não precisando de estar com o indivíduo que é pessoal
Neste mundo por vezes nodal
Que busca sua absolvição do concreto pecado
Transportado ao mercado desentupidor
Raphael d´Andrade,
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