Sociedade

Os dados foram revelados pela psicóloga clínica Maria Nascimento Semedo, em entrevista à Inforpress, no âmbito do Dia Mundial da Saúde Mental, assinalado a 10 de Outubro.

Sob o lema “Saúde Mental no Ambiente de Trabalho”, esta responsável afiançou que as actividades da Delegacia de Saúde têm-se focado em promover saúde mental e sensibilizar a comunidade para a importância do tema.

Segundo Maria Nascimento, o número de pacientes em seguimento está em constante actualização já que há casos de transferências, falecimentos e abandono do tratamento, o que exige uma monitorização contínua dos dados.

Neste momento, avançou, a Delegacia de Saúde oferece consultas regulares de psicologia e realiza três sessões mensais com um psiquiatra do Hospital Regional de Santiago Norte, que se desloca para a delegacia e atende cerca de 20 pacientes por dia.

Sobre a natureza dos casos, a psicóloga explicou que a maioria dos casos atendidos pela Delegacia de Saúde envolve transtornos de adaptação, com manifestações de depressão e ansiedade, assim como diagnósticos de esquizofrenia, sendo que este último representa uma grande parte dos doentes mentais seguidos pela equipa de Saúde.

Os pacientes em acompanhamento, segundo a psicóloga, estão actualmente compensados e têm o suporte contínuo de seus familiares que participam de sessões de orientação para garantir a continuidade do tratamento.

Além das consultas e intervenções directas, a Delegacia de Saúde tem promovido actividades de sensibilização e capacitação junto às comunidades e escolas, visando reduzir o preconceito e a discriminação contra pessoas com transtornos mentais.

“Ainda existe muito estigma e muitos não procuram ajuda por medo de serem discriminados”, explicou Maria Nascimento.

Em relação aos doentes que têm estado a deambular pelas ruas da cidade, Maria Nascimento considerou que, em relação aos números registados, estes representam um número reduzido e que a falta de acompanhamento adequado tem preocupado a equipa de Saúde.

Contudo, realçou que esses casos reflectem a necessidade de um trabalho multissectorial envolvendo, não apenas, os serviços de Saúde, mas também a câmara municipal, familiares e outras organizações que possam colaborar no cuidado desses doentes.

“O trabalho de saúde mental exige várias frentes para combater o estigma e mudar a percepção das pessoas sobre os transtornos mentais”, sublinhou a psicóloga.

Maria Nascimento disse acreditar que a delegacia possui um serviço de atendimento mais organizado e uma equipa dedicada, o que tem melhorado a qualidade dos diagnósticos e a capacidade de resposta aos casos identificados.

No entanto, alertou que o acompanhamento dos doentes mentais precisa ser complementado com o apoio de outras entidades sociais, uma vez que muitos dos problemas enfrentados pelos pacientes têm raízes em dificuldades familiares e socioeconómicas.

Para finalizar, a psicóloga reforçou a importância de tratar a saúde mental com a mesma seriedade que a saúde física, encorajando a população a buscar apoio psicológico e psiquiátrico sempre que necessário.

Sem ser do dia e do ano dedicado à Saúde Mental a psicóloga reiterou que a Delegacia de Saúde pretende continuar a sua missão de sensibilizar a comunidade e promover um ambiente mais acolhedor e compreensivo para os portadores de transtornos mentais, defendendo que a saúde mental deve ser tratada como uma prioridade em todas as esferas sociais e institucionais.

No Dia Mundial da Saúde Mental, encontra-se agendado na Delegacia de Saúde um workshop sobre “O impacto do Burnout na Saúde Mental dos trabalhadores”, organizado pelo Centro de Atendimento Psicológico (CAP), do psicólogo Jacob Vicente.