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País está sem segurança pública. Greve geral dos polícias com 95% de adesão
Sociedade

País está sem segurança pública. Greve geral dos polícias com 95% de adesão

Até sexta-feira, 29, a segurança e ordem públicas em Cabo Verde vão estar em xeque. A Polícia Nacional está desde esta manhã, 27, em greve geral de três dias e já tem quase 100% de policiais em manifestação nas ruas por todo o país. Há esquadras que sequer estão a funcionar, e logo numa época crítica do ponto de vista da segurança.

Mesmo com a requisição civil determinada pelo Governo, a greve geral na Polícia Nacional está a ter a adesão massiva dos policiais, havendo esquadras, como as do Mindelo, em São Vicente, que estão praticamente fechadas. Na ilha do Porto Grande, aliás, 97% dos agentes aderiram ao protesto pelo não cumprimento por parte do Ministério da Administração Interna (MAI) do Memorando de Entendimento, assinado no mês de Março deste ano, no qual o ministro Paulo Rocha acordara resolver as reivindicações da classe.

“Pelo menos 122 agentes da polícia estão inscritos no Sinapol em São Vicente e destes estão em greve à volta de 105 filiados”, declarou porta-voz do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), Cirilo Cidário, que também preside o Conselho Fiscal desse sindicato.

“Em São Vicente nenhuma esquadra está a funcionar”, afirma Cidário, acrescentado que o pessoal que se encontrava escalado “não compareceu ao posto” devido à greve. Com efeito, às 08:00 da manhã de hoje, os agentes em greve concentraram-se à frente do edifício da Esquadra do Mindelo, à Avenida Alberto Leite, e ouviram-se palavras de ordem como “Polícia unida jamais será vencida”, “queremos ser tratados com respeito”, “queremos a nossa dignidade”.

Sobre a requisição civil, de que falou o ministro da Administração Interna, em declarações à televisão pública, Cirilo Cidário disse que “oficialmente nada chegou ao Sinapol”. “O sindicato não foi chamado para assinar qualquer documento de requisição civil, que deve ser um documento tripartido, e nem o Sinapol nem a Direcção-geral do Trabalho tiveram conhecimento de tal expediente”, concretizou o responsável.

“Se não houver nada de concreto ao longo do dia de hoje vamos aqui manter-nos por três dias”, concluiu. Na cidade da Praia, a manifestação é massiva com mais de 600 agentes em marcha pelas principais artérias da cidade, deixando a descoberto a segurança nos principais pontos da capital, incluindo a protecção de instituições do estado como tribunais, Palácio do Governo ou mercado municipal.

Na ilha da Brava todos os elementos da Esquadra local estão em suspenderam os trabalhos hoje. No Fogo, mais de 75 por cento (%) dos efectivos da Polícia Nacional das três esquadras da ilha concentraram-se esta manhã numa das pracetas a menos de 300 metros do Comando Regional para o primeiro dos três dias de greve nacional.

Henrique Correia um dos participantes na manifestação e em nome dos seus pares, disse que a adesão à greve é superior a 75% na globalidade das esquadras de São Filipe, Mosteiros e Cova Figueira, indicando que em algumas das esquadras a adesão é na ordem dos 90% e que há esquadras onde está apenas o comandante e o pessoal da limpeza.

“A luta é para continuar por ser uma reivindicação que estamos a fazer há vários anos e não conseguimos porque não tínhamos um sindicato representativo”, disse Correia, observando que esta greve podia ter acontecido a 10 ou 20 anos atrás e que esta luta não vai parar com a realização desta greve.

Melhoramento salarial, atribuição de subsídio de 25 por cento para o pessoal condutor e a redução da carga horária, uma vez que há agentes que trabalham mãos do dobro daquilo que é previsto, são, em suma, as reivindicações dos polícias.

* Foto: Facebook, Valdmiro Segredo

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Redação