O vice-primeiro-ministro anunciou esta sexta-feira, 27 de dezembro que, em 2019, o Governo injectou mais de um milhão de contos no financiamento da economia, e para o próximo ano há condições para que este montante seja “no mínimo, cinco vezes mais”.
“As coisas estão a mudar e o Estado está a participar, mas numa operação não pode garantir a cem por cento”, precisou Olavo Correia, acrescentando que o Estado pode “partilhar o risco com o privado para que o seu projecto possa ser financiado”.
Segundo o também ministro das Finanças, se o país não dispor de empresários e gestores com dinâmica de negócio, nos mais diversos sectores da actividade económica, não se conseguirá criar “nem empregos, nem empregos bem remunerados e sustentáveis”.
O vice-primeiro-ministro fez essas declarações à imprensa à margem da visita que efectuou a uma empresa privada de formação, a DNA-Praia.
Quando o Estado aposta nas empresas, afirmou, fá-lo a pensar nos jovens cabo-verdianos, porque são elas que criam o emprego.
Para o efeito, prosseguiu o governante, há que criar um ambiente de negócio que seja “pró-investimentos e pró-rendimento”.
“Há muita gente na máquina pública que reclama, mas que é bloqueadora”, lamentou o ministro, para quem estas pessoas têm a “oportunidade para mudar as coisas e não fazem”.
Insiste ser necessário que cada um assuma a sua responsabilidade para com o futuro de Cabo Verde.
Instado sobre a dívida pública, garantiu que está a “reduzir-se” e que o compromisso do Governo é que a mesma continue a baixar.
“Todas as entidades internacionais estão a parabenizar o Governo em relação à trajectória do decréscimo da dívida pública”, congratulou o vice-primeiro-ministro, adiantando que só quem esteja “mal-intencionado” pode dizer o contrário.
Para Olavo Correia, o futuro passa pelas tecnologias, que, conforme sublinhou, requerem uma “abordagem diferente” e que aposta no capital humano.
Durante o encontro com os promotores da DNA-Praia, reiterou que existe dinheiro e que os bancos têm excesso de liquidez.
Perguntado sobre o que está a falhar, explicou que o que se tem de mudar é a “percepção do risco existente em relação aos projectos”.
“Esta percepção é elevada e é por isso que o Estado está a intervir com fundo de garantia parcial, com vista a reduzir este risco e permitir que os privados cabo-verdianos tenham acesso ao financiamento”, indicou o ministro das Finanças.
Até 2024 prevê alcançar pelo menos 60 milhões de contos em impostos, os quais, na sua perspectiva, devem ser pagos por todos.
“O Orçamento do Estado, no futuro, não pode ser financiado com mais recurso à divida ou à ajuda pública, mas sim pela via de mobilização de recursos internos”, assegurou o vice-primeiro-ministro, garantindo que não será pela via do aumento da incidência, “mas pela via do aumento da base tributária”, na perspectiva de todos a pagar, “para que cada um pague menos”.
“Não podemos exigir do Estado educação, saúde, segurança, transportes e financiamento e, quando chega o momento de pagar, hesitamos”, comentou, acrescentando que tem que haver o cumprimento dos compromissos e dos prazos em termos do pagamento dos impostos, que deve ser uma “cultura pro-desenvolvimento e pro-criação de novas oportunidades na economia cabo-verdiana”.
No fim da visita, afiançou aos jornalistas que ficou “agradavelmente surpreendido” com o que está a ser feito a nível DNA-Praia, um espaço, apontou, para ajudar os jovens a concretizarem os seus projectos.
“Já estão aqui seis empresas incubadas, mas é muito pouco, pelo que temos que aumentar, com o apoio do Estado, para que possamos atingir 100, 200 ou mil, e podermos mudar a vida dos jovens”, concluiu.
Com Inforpress
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