O presidente do Conselho da Administração da Radio e Televisão Cabo-verdiana (RTC), Policarpo de Carvalho, apresentou hoje em conferência de imprensa o seu pedido de demissão da empresa, afirmando que está a ser vítima de um plano “muito bem montado” pelos seus “inimigos da parte do Governo”. Numa declaração carregada de expressões fortes, Carvalho disse que o Santiago Magazine mentiu e ainda afirmou que “há elementos do Governo que já deveriam estar demitidos” por situações idênticas.
“Estou aqui na qualidade de presidente do Conselho de Administração da RTC, um posto que eu ganhei por concurso, proposto pela Comissão Independente, um cargo que eu exerci com muito orgulho. Portanto, não há memória de um conselho de administração que fez tanto por esta empresa, sou um cidadão capaz, mas nesse momento, estou a comunicar aos cabo-verdianos no país e na diáspora, aos colaboradores da Rádio e da Televisão de Cabo-verdiano, aos meus amigos, à minha família que me demito das funções para o qual eu fui nomeado porque eu entendo que neste momento é preciso eu continuar a guardar o que está a passar na Justiça”, disse.
Policarpo Carvalho, afirmou ainda que “os factos são factos” e que, inclusive, a sua esposa já deu uma conferência de imprensa, fazendo saber publicamente da sua “verdade”.
“O Santiago Magazine, aquilo que disse não faz menor sentido. É triste que neste país, quando há famílias com capacidade real, as pessoas tentam aniquilar. Fui para a Europa com a minha família gozar as férias. Passamos as férias entre Portugal, Bélgica, Holanda, UK (Reino Unido) e Alemanha, voltamos na paz e na tranquilidade”, relatou.
“Como é possível que um jornal da praça dizer que eu tinha agredido a minha família, a minha esposa, na Holanda?” questionou Policarpo de Carvalho, acrescentando que na jurisdição holandesa é fácil de se apurar esse facto e que “nada disso aconteceu”.
Na mesma comunicação, o gestor público disse que se fosse assim neste país e que se se enveredar por esta via, “há casos muito mais graves” e “há elementos do Governo que estariam demitidos, indiciados também casos muito mais terríveis”.
“Todos nós temos inimigos e, nesse momento exato que estou a dar essa conferência de imprensa, eu sei que também pela parte do Governo os meus inimigos armaram-se”, disse, afirmando que, antes de ser chamado para esclarecer o facto de estar a braços com a Justiça, não pode haver nenhuma proposta do Governo para ele.
“Não está nada confirmado, nenhum crime (…) os tantos outros membros do overno então? Já podiam estar todos demitidos. Então estou deixando o cargo de cabeça levantada. Houve claramente um golpe contra a minha pessoa, foi montado isso e muito bem montado”, conclui.
O tribunal da Praia aplicou as medidas de coação de proibição de permanência na casa de morada de família, proibição de contacto e aproximação da vítima e apresentação periódicas às autoridades ao presidente da Rádio e Televisão de Cabo Verde (RTC) foi detido na quinta-feira, 12, por elementos da Polícia Nacional, indiciado de crime de Violência Baseada no Género (VBG).
Segundo uma fonte judicial, Policarpo Carvalho, que foi presente no último sábado ao tribunal, está a ser indiciado pela prática de três crimes de violência baseada no género agravado.
Conforme havia avançado este diário on-line, a Polícia Nacional terá surpreendido Policarpo Carvalho na sua residência, em Palmarejo, no cumprimento de um mandado de detenção emitido pelo Ministério Público.
De acordo com as fontes do Santiago Magazine, o Ministério Público terá ordenado a detenção de Policarpo Carvalho na sequência de uma denúncia feita por familiares e pessoas próximas da esposa, e passou a noite da Esquadra de Investigação Criminal da Polícia Nacional, situada na Prainha, devendo ser presente ao Tribunal nas próximas 48 horas para a legalização da prisão.
A crer nas nossas fontes, o Presidente da RTC chegou recentemente de uma viagem com a esposa, durante a qual terá agredido a companheira. E foram os familiares da esposa a procurarem as autoridades para denunciar Carvalho, que acabaria detido pela Polícia Nacional e conduzido aos calabouços.
O primeiro-ministro disse hoje que situações que indiciam crimes da Violência Baseada em Género (VBG) “não casam com a presença à frente de uma instituição como a RTC”, e que cabe à Comissão Independente tomar uma posição.
Instado a pronunciar sobre a alegada prática da VBG a que o presidente do conselho de administração da RTC, Policarpo Carvalho, está a ser indiciado, Ulisses Correia e Silva afiançou que o Conselho Independente, que nomeia e exonera o presidente do conselho de administração da RTC, “é que vai ter que tomar uma posição”
“Eu creio que a decisão terá de ser tomada em sede própria”, referiu o primeiro-ministro.
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