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Igreja Nova Apostólica contra decisão da CMP de demolir praça para dar lugar a restaurante privado
Sociedade

Igreja Nova Apostólica contra decisão da CMP de demolir praça para dar lugar a restaurante privado

Membros da Igreja Nova Apostólica manifestaram-se nesta terça-feira, 9, na capital do país Praia contra a decisão da Câmara Municipal da Praia de atribuir a um privado para construção de um restaurante o terreno que fica à frente do seu templo, no bairro da Fazenda, e onde na década de 1990 ergueram uma praça – conhecida como praça de katxor - que ainda hoje é muito frequentada.

António Semedo, representante da Igreja Nova Apostólica, afirmou ao Santiago Magazine que tomaram conhecimento desta decisão da Câmara Municipal da Praia por mero acaso: “Frequentadores da praça viram algumas pessoas fazendo medições do terreno e informaram-nos que o plano é de se construir um restaurante de 150 metros quadrados dentro da praça”.

Se tal acontecer “ vai tapar a fachada principal da nossa igreja”, diz António Semedo, daí que a Igreja Nova Apostólica é contra esta medida e já apresentou a sua contestação junto da Câmara Municipal por escrito e verbalmente, através do director de Urbanismo e do vereador de Urbanismo”.

Na sequência, “há duas semanas e meia sentámo-nos à mesa e conversámos sobre este assunto, e eles ficaram de entrar em contacto connosco para nos voltarmos a nos reunir outra vez, desta vez também com a senhora a quem concederam licença para construir o restaurante, mas até agora nada, apesar dos muitos contactos que fizemos via e-mail e telefone”, diz o representante da Igreja Nova Apostólica.

Ainda segundo António Semedo, o vereador de Urbanismo faltou a uma reunião que estava agendada para esta segunda-feira, 8, no Gabinete do Director de Urbanismo, para discutirem uma solução para este problema.

Depois de muita insistência sua, afirma o representante da Igreja Nova Apostólica, o vereador atendeu-o via telefone para lhe dizer que o assunto agora está a cargo do presidente, Óscar Santos, com quem não conseguiram chegar à fala até agora. Por isso, os membros da Igreja Nova Apostólica saíram à rua com cartazes e palavras de ordem contra a decisão da CMP, tendo sido apoiados por frequentadores da dita praça.

O empreiteiro até esteve na praça com a intenção de iniciar a demolição, mas, face à hipótese de confronto com os membros da Igreja Nova Apostólica, que alegaram que não abandonariam o local, desistiu do trabalho.

Requalificação foi pedida há três anos

Ora, a praça que está no centro desta polémica, situada junto à Rotunda 1º de Maio, na Fazenda, mesmo ao lado do Sucupira, foi construída pela Igreja Nova Apostólica em 1993, na mesma altura em que edificaram o templo, exactamente ao lado.

Na época, conta António Semedo, “a Igreja Nova Apostólica fez uma permuta com a Câmara Municipal, então presidida por Jacinto Santos, dando-lhe em troca do terreno onde foi construída a praça um outro terreno, em Achada Grande Trás”.

A praça, que foi equipada pela Igreja Nova Apostólica com bancos e ornamentada com árvores que hoje dão imensa sombra aos seus muitos visitantes – moradores da Fazenda, gente que chega do interior de Santiago e vendedores diversos – apresenta agora evidentes sinais de degradação.

Um problema cuja solução “deve ser a requalificação, e não a demolição para dar lugar a um restaurante”, propõe António Semedo, lembrando que, em Maio de 2016, numa reunião com a CMP, a Igreja Nova Apostólica disponibilizou-se para requalificar a praça nos moldes que o Gabinete Técnico considerasse viáveis.

“Pedimos que nos fornecessem uma planta da praça para construirmos em conformidade com o que o Gabinete Técnico considera que é certo, mas, como já tinham a falcatrua montada, desde então vêm tentando nos despistar, evitando dar-nos uma resposta. E agora somos confrontados com a informação de que a praça vai ser demolida”, diz António Semedo, que espera ver a CMP recuar na sua decisão.

A manifestação desta terça-feira, afirma o representante da Igreja Nova Apostólica, é apenas uma das acções que estão dispostos a adoptar para que o princípio do Estado laico seja respeitado. É que, do ponto de vista de António Semedo, se essa medida fosse afectar a Igreja Católica, jamais a praça seria cedida para a construção de um restaurante.

“A Câmara Municipal da Praia permitiria que se construísse um restaurante a poucos metros da Igreja Católica, ali no Plateau? Claro que não! Pois, o nosso Estado diz-se laico, mas na verdade é católico. Basta lembrar que aquando da morte do bispo D. Paulino Évora foi decretado luto nacional e tolerância de ponto”.

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SOBRE O AUTOR

Teresa Fortes