Familiares lutam por tratamento de paciente em estado vegetativo no estrangeiro. E pedem colaboração das autoridades
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Familiares lutam por tratamento de paciente em estado vegetativo no estrangeiro. E pedem colaboração das autoridades

O paciente é Alexander Mendes Semedo (foto), tem 29 anos. No dia 1 de outubro de 2018 foi vítima de um acidente de viação na Boa Vista, do qual o médico assistente, Nelson Rodrigues Correia, diagnosticou o seguinte: “trauma cranencefálico grave, contusão cerebral, hematoma intraparenquimnatoso cerebral parietotemporal e lenticular esquerdo. Sequelas graves, motoras e verbais, ainda com rigidez de decerebraciona”. O prognóstico é “acamado sequelas de longo prazo. Incapacidade permanente”.

O acidentado regressava do trabalho, a pé, quando foi apanhado por uma viatura. Tendo sido evacuado imediatamente para o Hospital Central Agostinho Neto, desde então, não fala, não vê bem, come por meio de uma sonda, e neste momento encontra-se sob os cuidados da esposa e uma tia, em Achada Fátima, concelho de Santa Cruz.

Os familiares estão aflitos. Não querem ficar com um jovem, “em estado vegetativo como sequelas permanente, acamado, sem comunicação”, em casa, esperando não se sabe o quê e porquê. A tia Edna, que é enfermeira de profissão, declarou ao Santiago Magazine que, efetivamente, o que a família quer é tentar o tratamento de Alexander no estrangeiro, uma vez que está sendo difícil admitir que não há solução para o seu problema.

Alexander trabalhava na empresa de abastecimento de água da Boa Vista, e segundo a tia Edna, os responsáveis da empresa manifestaram-se disponíveis em ajudar no que for preciso para uma tentativa de tratamento no estrangeiro. Já o proprietário da viatura envolvido no acidente que levaria este jovem de 29 anos de idade ao estado em que se encontra, não se mostrou muito aberto em colaborar.

Todavia, independentemente desses pormenores, Edna garante que com os seguros do jovem, a colaboração dos responsáveis da empresa onde trabalhava, os familiares próximos querem fazer de tudo para tentar a sua recuperação em outras paragens, onde as condições de tratamento são outras e podem ser melhores das aqui asseguradas pelo Serviço Nacional de Saúde.

O médico assistente tem, no entanto, outro entendimento, alegando, segundo as palavras de Edna, que o tratamento para as sequelas do Alexander é igual em qualquer país. E é com esta desculpa, que o médico, Nelson Rodrigues Correia, terá rejeitado a sugestão dos familiares de submeter o jovem paciente à consideração da Junta Médica.

E desde 27 de novembro o Hospital Agostinho Neto remeteu Alexander para os cuidados da família em Pedra Badejo. Apesar de o seu estado de saúde exigir cuidados permanentes dos profissionais da área, foi só a partir do dia 10 deste mês de dezembro, é que um fisioterapeuta e um enfermeiro começaram a assistir diariamente o paciente.

Contam-se já sensivelmente 12 anos que Alexander Mendes Semedo viajava frequentemente para a ilha da Boa Vista, onde tirava períodos prolongados de trabalho. Entretanto, há cerca de 6 anos, assentou arraiais na ilha das dunas, constituindo a sua família.

O acidente apanhou o jovem Alexander no regresso de mais um dia de faina. Vinha a pé do trabalho, quando foi surpreendido por uma viatura num acidente brutal, que lhe interrompeu os sonhos e a esperança de uma vida profissional e familiar próspera e feliz.

Pai de uma filha de 4 anos, Alexander é órfão de pai e a mãe é emigrante em França. Estes fatos, porém circunstanciais, desde muito cedo fizeram de Alexander um jovem lutador pela sobrevivência, pela vida digna, hoje instantaneamente beliscada por um acidente estúpido, inconsequente.

Os familiares, apesar de toda esta provação, não querem acreditar que este rapaz, cheio de vida e de projetos, vai ficar para sempre preso a uma cama, e querem a colaboração das autoridades nacionais, sobretudo as do setor da saúde, no sentido de os ajudar na realização deste objetivo – experimentar um tratamento para o jovem Alexander no exterior.

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