O primeiro-ministro cabo-verdiano anunciou esta terça-feira, 17 de março, a interdição dos aeroportos de Cabo Verde, a partir de quarta-feira, a todos os voos de Portugal, e restantes países europeus afetados pela pandemia de Covid-19, declarando a situação de contingência.
Num encontro com a sociedade civil, na Praia, sobre a pandemia de Covid-19, que em Cabo Verde ainda não registou qualquer caso confirmado, Ulisses Correia e Silva anunciou ainda a declaração da situação de contingência, ao nível da proteção civil.
Além de Portugal, as restrições às ligações aéreas que entram em vigor a partir de quarta-feira afetam ainda os voos provenientes do Brasil, Estados Unidos da América, Senegal e Nigéria.
“Considerando a situação da epidemia em Portugal e em vários outros países da Europa, nos Estados Unidos, no Brasil, e em determinados países africanos, o Governo decide, com efeitos a partir de amanhã [quarta-feira], dia 18 de março, interditar as ligações aéreas, com Portugal e todos os países europeus assinalados com a epidemia de Covid-19 e com os EUA, o Brasil, o Senegal e a Nigéria”, declarou Ulisses Correia e Silva.
A interdição vai vigorar, pelo menos, nas próximas três semanas, adiantou o primeiro-ministro, referindo que poderá ser antecipado o seu término ou prorrogada a sua vigência conforme a evolução da epidemia nesses países.
“Excetuam-se a interdição os voos de cargueiros e os voos de regresso de cidadãos em férias ou em serviço em Cabo Verde aos seus países de origem ou de residência”, completou o chefe do Governo cabo-verdiano.
Serão igualmente acauteladas as evacuações médicas urgentes e abastecimento de medicamentos, materiais e consumíveis hospitalares em regime de urgência e em regime de voos sanitários.
“Proíbe-se a acostagem de navios cruzeiros e navios veleiros e o desembarque de passageiros nos portos de Cabo Verde. Proíbe-se o desembarque de passageiros chegados aos portos de Cabo Verde em navios de carga, pesca e similares”, anunciou ainda o PM.
O primeiro-ministro declarou ainda situação de contingência, ao nível da proteção civil, com abrangência nacional, por causa do risco do surgimento de casos no país, já que tem havido um aumento exponencial de casos no Brasil, na Europa, Estados Unidos e em vários países africanos.
Em consequência, ainda segundo Ulisses Correia e Silva, medidas excecionais serão adicionadas “de imediato” às já tomadas no âmbito do Plano de Contingência Nacional.
A ideia, prosseguiu, é reforçar as ações de prevenção em curso no que se refere ao distanciamento social e à intensificação da informação relacionada com a proteção individuais.
As novas medidas serão anunciadas na quarta-feira, garantiu Ulisses Correia e Silva.
Para o primeiro-ministro, o foco e a sua intensidade devem estar na prevenção sanitária e em medidas restritivas de proteção civil a diversos níveis, mas sem ignorar os impactos económicos, que “são evidentes”.
“Já se fazem sentir e vão aumentar”, reconheceu, informando que esta semana o Governo vai reunir-se com as representações das organizações empresariais e sindicais para auscultação sobre que medidas vão ser tomadas para mitigar os danos.
O chefe do Governo considerou ser um “desígnio nacional” a proteção do país, salientando que os impactos são graves para a vida das pessoas, para a saúde pública e para a economia.
“O desafio não é apenas para o sistema de saúde. É para todos os cidadãos. O nosso comportamento conta e é determinante. Sem pânico, mas com comprometimento consigo próprio, com a sua família e com a comunidade, o seu bairro, a sua localidade, os seus amigos”, apelou.
O primeiro-ministro pediu ainda a adoção por todos de novos comportamentos, regras e hábitos para precaver eventuais contágios, e apelou ainda à população paa que siga as instruções das autoridades, cumpra as instruções e não provoque o pânico.
Mais de 7.000 pessoas morreram devido a 175.530 casos de contaminação identificados em 145 países e territórios, desde o princípio da pandemia, em dezembro passado.
O surto começou na China e espalhou-se por mais de 140 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Com Lusa
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