Um Olhar sobre a atual situação Política, Económica e Social de Santo Antão
Ponto de Vista

Um Olhar sobre a atual situação Política, Económica e Social de Santo Antão

...o MPD continua apenas a fazer a gestão das expetativas dos Santantonenses, enganando-os com a repetição de inauguração de obras e (re)lançamentos de primeiras e segundas pedras, (re)apresentação de estudos, projetos e planos com anunciados e duvidosos financiamentos, tentativas de perfilhação de projetos de particulares, assim como, de publicidades repetitivas de milhares de contos destinados a Santo Antão, cujos efeitos nunca são sentidos, numa clara tentativa de enganar os Santantonenses, devido à falta de cumprimento dos vários compromissos assumidos para com S. Antão nas sucessivas campanhas eleitorais, assim como, para tentarem colmatar a inoperância das Câmaras Municipais cujas ações são meramente avulsas e de cosmética, e que não têm surtido os efeitos desejados na melhoria da qualidade de vida das famílias.

Santo Antão tem sido vítima de um irresponsável e inconsequente abandono parte dos poderes públicos, locais e centrais, com fortes impactos na vida das pessoas e na economia da ilha. Nota-se uma completa ausência de medidas suficientes e eficientes por parte das Câmaras Municipais e do Governo central, ambos liderados pelo MPD, no sentido de ajudar as famílias a enfrentarem as suas dificuldades.

As famílias santantonenses estão a enfrentar enormes privações, devido ao desemprego em massa, aos baixos salários, à perda de rendimentos, à subida exagerada de preços, ao aumento do custo de vida, ao aumento da pobreza extrema, ao aumento da insegurança alimentar e nutricional, havendo casos evidentes de famílias a passarem fome (sendo de salientar que segundo as projeções apresentadas pelo CILSS, Porto Novo, é o 2º Concelho mais afetado, com uma percentagem de 57% que tende a aumentar). Há falta de confiança nos governantes e há perda de esperança. Por isso, muitas famílias têm tido grandes dificuldades em levar a panela ao lume, de colocar os filhos na escola, em ter acesso aos serviços de saúde e sem esperança para obter uma habitação condigna por falta de políticas mais eficientes. Os agricultores, os pescadores, as peixeiras e os criadores de gados continuam a empobrecer porque não são importantes e prioritários para as Câmaras, nem tão-pouco para o Governo Central, nestes tempos que continuam difíceis e incertos.

O MPD prometeu dinamizar a economia da ilha e apoiar o setor privado para criar mais emprego. Mas, na prática, não há uma resposta célere aos nossos problemas e enquanto isso vemos o “sufoco” da classe empresarial com a criação e aumento de taxas e impostos e uma grande “pressão” no pagamento de impostos sem que se consiga de facto, atrair novas empresas e projetos de desenvolvimento para Santo Antão, razões que têm contribuído para o aumento de desemprego em Santo Antão e consequente saída de jovens para outras ilhas e para o estrangeiro, diminuindo cada vez mais a população da nossa Ilha.

O descaso do Governo em relação a Santo Antão ficou demonstrado pela recente decisão do aumento desenfreado das tarifas de transporte marítimo de cargas e passageiros que seriam grandemente prejudiciais para a economia da ilha. Mas, felizmente, a enérgica reação da população levou o Governo a recuar.

E neste momento, o MPD continua apenas a fazer a gestão das expetativas dos Santantonenses, enganando-os com a repetição de inauguração de obras e (re)lançamentos de primeiras e segundas pedras, (re)apresentação de estudos, projetos e planos com anunciados e duvidosos financiamentos, tentativas de perfilhação de projetos de particulares, assim como, de publicidades repetitivas de milhares de contos destinados a Santo Antão, cujos efeitos nunca são sentidos, numa clara tentativa de enganar os Santantonenses, devido à falta de cumprimento dos vários compromissos assumidos para com S. Antão nas sucessivas campanhas eleitorais, assim como, para tentarem colmatar a inoperância das Câmaras Municipais cujas ações são meramente avulsas e de cosmética, e que não têm surtido os efeitos desejados na melhoria da qualidade de vida das famílias.

É basta estarmos atentos a tudo aquilo que continuam a prometer e que simplesmente não sai do papel, e analisarmos a última e pomposa deslocação do Sr. Ulisses Correia e Silva com um desfile de ministros pela nossa ilha no passado mês de Março, onde na falta de realizações concretas ou obras para inaugurarem, tiveram de cair no ridículo com o descerramento da placa fixada na fachada do Paços do Concelho da R. Grande, dizendo que o edifício teria acolhido a Reunião do Conselho de Ministros Descentralizado, num ato de desespero que apenas descredibiliza mais a política e os políticos em C. Verde, perdendo uma grande oportunidade para conhecer os reais problemas, necessidades e anseios dos Santantonenses.

Para piorar, as aparições contam sempre com a presença de atores devidamente preparados para defender os interesses do MPD e não dos Santantonenses, e onde qualquer reivindicação se transforma num ato de indisciplina e as pessoas em causa são automaticamente perseguidas e intimidadas, colocando em causa a nossa própria democracia.

Pelo que, de entre outras necessidades, neste momento exigimos:

§  A abertura de empregos públicos dignos e duradouros em todos os municípios;

§  Não apenas o recuo, mas sim, que o Governo anule o exagerado e intempestivo aumento das tarifas dos transportes de passageiros e cargas, tendo em conta que provoca instabilidades na linha marítima SV/SA/SV, que vem assegurando o funcionamento de muitas empresas, o auto-sustento de muitos  proprietários de carrinhas de transporte de mercadorias e também das suas e muitas outras famílias, cuja maioria recorreu à banca para contrair empréstimos para os seus investimentos e necessitam de retorno para poderem amortizar os valores que lhes foram emprestados. Sendo de frisar a consequente e insuportável aumento dos preços dos produtos e materiais transportados, nos espaços comerciais e com impactos em vários setores de atividades, etc. Para além, de também colocar em causa a deslocação de turistas e consequente sustentabilidade do turismo em S. Antão, enquanto potencial atividade geradora de emprego, receitas e investimentos, bem como, impulsionador de desenvolvimento e criador de riqueza que tanto precisamos.

§  Que os governantes façam sempre a devida articulação e socialização de medidas com impactos na vida das empresas e das famílias Santantonenses, por forma a evitar os zig-zags e dito por não dito que assistimos nos últimos tempos.

§  Uma melhor conectividade entre as ilhas, que deverá ser assegurada por transportes marítimos regulares por forma a facilitar o escoamento dos produtos agrícolas de S. Antão para outras ilhas, designadamente, Sal e Boa Vista, em segurança e em tempo útil. Uma situação que tem vindo a colocar em causa a sustentabilidade das microempresas envolvidas, assim como, os investimentos feitos pelos nossos produtores e agricultores, cujos negócios tem vindo a tornar-se cada vez mais incertos, com prejuízos por vezes avultados, afetando igualmente a economia local. Quando também, continuamos a assistir à proliferação de pragas que impedem os agricultores de terem o retorno dos investimentos realizados;

§  Que sejam criadas as condições necessárias para a disponibilidade de um barco que passe a pernoitar no cais acostável do Porto Novo, fundamentalmente, por uma questão de eventuais situações de emergência, quando ainda deparamos com grandes insuficiências no que diz respeito a equipamentos hospitalares e meios de diagnósticos, atendimentos especializados, etc.. Ou então, apetrechar as estruturas de saúde existentes com recursos materiais e humanos qualificados, por forma a evitar evacuações urgentes e não urgentes de pacientes;

§  Que sejam realmente dadas a devida atenção à construção do Aeroporto e a expansão do Porto do Porto Novo, infraestruturas fundamentais para o crescimento da ilha, o desenvolvimento do ensino superior pela importância que tem na aquisição de novas competências, do turismo, da pesca, da pecuária, do agronegócio (pondo fim de vez ao tão falado embargo dos produtos agrícolas), a mobilização de água e um maior aproveitamento dos nossos recursos naturais. Congratulamo-nos com a assinatura do acordo com a CIMPOR para a exploração da pozolana, mas esperamos que não seja mais uma das muitas promessas para não cumprir.

Estamos seguros de que Santo Antão é uma Ilha rica em potencialidades. Mas, infelizmente, os seus recursos não estão sendo aproveitados devido a incompetência e falta de rumo dos atuais líderes governamentais que estão visivelmente cansados e sem capacidade para produzir projetos e ideias novas. E, na nossa opinião, esta é a causa principal da estagnação da Ilha e das grandes dificuldades porque passam as nossas populações.

Pois, são em tempos de dificuldades e de crises que avaliamos a real capacidade de quem nos governa. Por isso, não aceitaremos mais desculpas. O PAICV em Santo Antão continuará atento e empenhado em responder aos anseios e inquietações dos santantonenses.

* Presidente da Comissão Política Regional do PAICV -Santo Antão

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