A partir de agora vai, a todo custo, passar a ideia de que os outros é que estão e fazem política, que ele é um Civil/Voluntário, imaculado, ao serviço da nação, que não tem nada a ver com política partidária, que não é presidente de um partido, nem está por dentro das estratégias políticas que o MpD traça nos bastidores. Propõe esquecer da democracia e pede tréguas à oposição democrática.
Ulisses Correia e Silva demostra não ter memória que foi ele e o MpD é que inauguraram a politização de tudo em Cabo Verde. Quem não se lembra dos casos de Chã das Caldeiras, do Navio Vicente, dos TACV, entre muitos outros exemplos.
É certo que, até recentemente, antes da perda de controlo na gestão do Covid-19, deu indícios claros que iriam politizar a pandemia. Também, é verdade que ele está cansado. Já emitia sinais claros de desgaste desde o momento em que descobriu que governar este país não é tarefa tão fácil como tinha imaginado e afirmado, e que nem as contas feitas correspondiam à verdade. Esgotado de defraudar o país com tantas expetativas, conversas de ocasião, palavras mal colocadas e números inventados. Buscou neutralizar-se, por diversas vezes, dos assuntos que lhe competem, tentando aliviar o estresse criado pela sua própria imagem, fugindo, por exemplo, dos jornalistas, do parlamento, até da ação governativa, jogando as suas responsabilidades para acima do Olavo Correia.
Em meio a tanto desgaste virou sensacionalista, apela para o sentimentalismo em relação aos seus recorrentes colapsos governantivos, inclusive das suas vítimas. Sim, até nas suas vítimas. Porém, apesar de todo esse teatro, as pessoas já começaram a perceber da afronta que foi ter-lhe confiado a governação das suas vidas.
Ulisses Correia e Silva apela, sensibiliza, pede desculpas pelo erros cometidos, mas não esquece das ELEIÇÕES. Não vai direto ao assunto, ao seu "prato preferido", mas sorrateiramente traz-nos esse tema, sabendo que posicionando dessa forma estaria, de certa forma, a massagear o sentimento cabo-verdiano que, neste momento, está a braços com um vírus desconhecido, com necessidades de cestas básicas, e outras carencias existenciais. Aliás, buscar pontos em comum com a sociedade é, de certa forma, benéfico e UCS sabe da importância do consenso em meio a turbulências e as vantagens políticas que dali naturalmente surgem.
O Ulisses Correia e Silva esgotou politicamente apesar de ter toda a estrutura e toda a máquina do Estado na sua posse. E isso não lhe conforma! Foi obrigado a medir palavras, tornou-se esforçado nos discursos, teve que sujeitar à pressão da sociedade, perde aquilo que lhe é mais nobre como político, o ego. Já nem ele confia naquilo que diz e se mostra amedrontado sabendo que pode, a qualquer momento, ser mal interpretado. Perde o ego, a moral cai por terra e "morre" politicamente. É, por diversas vezes, confrontado e contrariado por leigos, desmentido pelos seus subditos, por vezes aquilo que diz não faz sentido algum e/ou ninguém leva a sério.
A única tábua de salvação que lhe resta é vitimizar-se e apelar à comoção nacional.
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