São Miguel está a atravessar uma situação dificil, a qualidade de vida das pessoas está em queda livre, a pobreza, o desemprego e a desesperança são hoje marcas identitárias deste que infelizmente se inscreve entre os municípios mais pobres de Cabo Verde.
No exercício de uma oposição de proximidade, a Bancada do PAICV na Assembleia Municipal de São Miguel cumpriu dois (02) dias de visita às comunidades do município para se inteirar do estado das infraestruturas, funcionamento das instituições, bem como manter o contato com os operadores económicos, juventude, famílias, etc., com vista a aprofundar o conhecimento do real estado do município e assim preparar-se da melhor forma possível para a VI Sessão Ordinária da Assembleia Municipal prevista para os dias 15 e 16 de maio.
Dos contatos, das conversas com as pessoas, e de tudo quanto nos foi possível perceber no terreno, temos que admitir que São Miguel está a trabalhar na contramão das suas principais potencialidades e que a satisfação das necessidades e desafios dos seus filhos, operadores e investidores sequer entra na agenda pública da atual Câmara Municipal, enquanto órgão executivo e gestora privilegiada dos recursos locais.
Estamos a falar de um município que tem sido vítima de um charlatanismo político e publicidade enganosa corrosivos, cujo retrato evidencia vários constrangimentos prejudiciais ao processo de desenvolvimento e à melhoria da qualidade de vida comunitária e individual, facilmente constatados, como:
- Comunidades encravadas, falta de eletrificação e iluminação pública.
- Obras recém construídas com evidentes sinais de degradação precoce, obras iniciadas há anos ainda por concluir, obras prometidas que nunca se iniciam.
- Problemas no déficit qualitativo das habitações, problemas de acesso à água, tanto para o consumo doméstico como para a agricultura;
- Falta investimentos e uma visão clara para os setores chave de desenvolvimento do município como agricultura, pesca e turismo rural.
- Degradação acentuada das infraestruturas desportivas;
- Delegações Municipais disfuncionais; USBs com falta de materiais e equipamentos para atender os utentes.
- Relatos na 1ª pessoa de abuso da propriedade privada;
- Falta de oportunidades para os jovens, nomeadamente para formação técnico-profissional e para o ensino superior;
- Falta de incentivos consistentes para o empreendedorismo jovem;
- Problemas evidentes de desemprego jovem (alta taxa de desemprego e alta percentagem de jovens em situação de inatividade), com consequências visíveis no aumento do alcoolismo e consumo de outras drogas;
- Aumento exponencial do fenómeno do êxodo rural, com diminuição drástica da população residente;
- Falta da dinâmica cultural e económica do município e dificuldades para manter os negócios no município.
O degradante estado social, económico e político por que passa o concelho de São Miguel é algo testemunhado por dados oficiais, a saber:
1. Os dados do INE para o ano 2022 que põe São Miguel num grupo de 3 municípios com a mais baixa taxa de atividade no país (valor abaixo dos 35%);
2. As projeções do Centro Regional AGRHYMET, divulgado pelo Jornal A Nação, apontam o aumento da insegurança alimentar e nutricional (FOME), isto é, numa situação de CRISE AGUDA;
3. A taxa de incidência da pobreza absoluta (44%) segundo a ONU.
São informações preocupantes, que devem interpelar a todos, e que implica um “djunta mó” de todos os micaelenses para dar um basta a essa gestão camarária oportunista, esbanjadora, sem critérios de prioridade e que tem colocado o município na cauda do desenvolvimento em Cabo Verse, que já pendura por aproximadamente 25 anos.
Euclides S. Moreno, Líder da Bancada do PAICV na Assembleia Municipal de São Miguel
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