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Os donos do jogo
Ponto de Vista

Os donos do jogo

...o certo é que o povo resolveu dar, pelo menos uma vez mais, aos atuais governantes, o benefício da dúvida, um voto de confiança. Ter-se-á contudo sido, em vista dos longos momentos de ansiendade e incerteza claramente intuídos, bem recebido, percebido e entendido o recado. A ambas e de ambas as partes, a quem lidera, e aos que liderando, também governem. Para que se saiba, por uns e por outros, que não é do povo por eles fazer, mas antes d’eles, pelo povo fazer! Nesse xadrez os peões são quem faz a regra e a quem pertence o poder do xeque-mate. Ao povo, os peões, e decididamente, os donos do jogo!

A vitória do coletivo só se dá pelo relativismo da importância individual dentro do grupo, e isso terá sido provado, tanto por A + B, como por A e por B! A vaidade e o egoísmo só precedem tempestades, e destas redemoínhos procedem. Se em xadrez, nenhum xeque-mate é dado em momento algum do jogo sem peões, sendo, feliz ou infelizmente, esse o seu papel no mesmo, se sacrificando e se perdendo pelo caminho, já no xadrez da política esses têm muito mais poder, chegando a sua importância, no tabuleiro, a certa altura do jogo, a ser exatamente inversa! Se lhes dispõe na primeira fila, cabendo a reis, cavalos, torres e bispos o ónus de os proteger. Estará de parabéns o jogador que porventura tiver tido o feliz relampejo de perceber a tempo esta força e se cingido a um grau preciso e necessário de humildade, em detrimento daquele que o não tiver, ou tarde o tenha, tendo eventualmente perdido muito mais do que se vê à vista desarmada.

Por isso acreditamos que teremos pela frente um melhor governo, e paulatinamente governos bem melhores dos que os anteriores, a cada legislativa futura, limando-se arrestas e planeando-se rigorosamente os passos, independentemente do shifting que se verifique na concessão do poder, cuja regularidade será ditada pelo desempenho. Se por um lado é provável não haver almoços grátis, engana-se, com absoluta certeza, quem julgue haver lugares cativos e almoços pagos eternamente! Percebe-se que o povo já começou a dar mostras de se preocupar com o que se diz e o que se faz e que não irá tolerar por tempo indefinido quaisquer desconsiderações, sobretudo propositadas e inconsonantes com a boa governação da coisa pública. Vivemos um marco da história, um piscar de olhos, gatilho mental que dá a todos conta da evolução do eleitorado e de sua capacidade de ajuizar com inteligência, depositando nas urnas o seu veredito. É mister, ainda, escutar com atenção as inúmeras vozes que se calaram, mas cujo silêncio ensurdecedor repercute no ar, e tirar daí as as devidas ilações.

Há, por conseguinte, que esclarecer que não estará a magestade nos que ocupam o trono, mas antes nas mãos de quem lhes tenha confiado o poder. E isso tanto nos pátios e calabouços de castelos e conventos quanto nos campos, lagos e mares do reino. A Ele, pois, são devidas a lealdade e apresentação de contas. Acaso demostrado embora qualquer eventual contrariedade por um ou outro aborrecimento, mesmo hesitado em sua decisão, o certo é que o povo resolveu dar, pelo menos uma vez mais, aos atuais governantes, o benefício da dúvida, um voto de confiança. Ter-se-á contudo sido, em vista dos longos momentos de ansiendade e incerteza claramente intuídos, bem recebido, percebido e entendido o recado. A ambas e de ambas as partes, a quem lidera, e aos que liderando, também governem. Para que se saiba, por uns e por outros, que  não é do povo por eles fazer, mas antes d’eles, pelo povo fazer! Nesse xadrez os peões são quem faz a regra e a quem pertence o poder do xeque-mate.

Ao povo, os peões, e decididamente, os donos do jogo!

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