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O Amor que Resiste ao Teste do Tempo
Ponto de Vista

O Amor que Resiste ao Teste do Tempo

Como vaticinara um exímio professor da Língua Portuguesa da ESAD, Dr. Arnaldo Rodrigues, “ o amor é tudo o que Camões disse, é mais do que disse e nada do que disse.” Parece paradoxal, mas a verdade é que Camões, voou nas asas da imaginação e fez uso de metáforas, anáforas e antíteses para descrever os acessórios do amor, mas não chegou a essência, pois o amor não existe descolado de Cristo, a pessoa-amor. Sua vida de abnegação e entrega é uma inspiração. Seu sacrificio salvífico substituto chama-nos a depositar todo o nosso egoísmo, arrogância, afetação, vaidade e luxúria no altar do sacrifício para que possamos estar em condições de considerar o nosso próximo como príncipes e princesas do reino, com dignidade e merecedor de honra e, este amor agape só é possível quando bebemos a largos sorvos das águas cristalinas do manancial do amor.

Comemora-se hoje, dia 14 de fevereiro,  o dia de São Valentim. Sob os auspícios do decreto de Roma, edificou-se um império de amor para todos os apetites e aromas. Por detrás de olhares aliciantes, palavras tocantes, beijos fascinantes, abraços acariciantes e toques impressionantes, jaz o  cativeiro de uma paixão deslumbrante que acorrenta varões e donzelas em promessas de eternas felicidades, que não passam de uma miragem. Parece, até, que todas primaveras, desde os tempos imemoriáveis, formaram um exército portentoso para desafiar o inverno de fevereiro, trazendo um jardim efêmero de flores para encantar e perfumar corações apaixonados.

Passado o dia de São Valentim virão para muitos  364 dias de São Valentão, onde o harmatão do deserto árido da existência, O Sahara espiritual, lança a bruma seca de humilhação e  indiferença,  em que o objeto de atenção passa a ser um objeto de prazer. Aquele(a) que recebeu  promessas de eterna felicidade vislubra os lampejos de luz, anunciando que tudo não passou de um marketing de uma sociedade capitalista, consumista e hedonista, que aumenta o preço e baixa o valor e torna seres humanos cativos da paixão erótica e platónica.

Tudo isto é fruto de inversão da escala de valores na nossa sociedade, que desvirtuou, descaraterizou o real significado e conceito do amor.

Sabes que é amor quando o coração é habitado pela graça redentora;

Quando a entrega vai até ao limite;

Quando os espinhos e cardos da existência são transformados em rosas;

Quando alguém está disposto a calcorrear a segunda milha;

Quando o diamante escondido do coração é valorizado em detrimento da ilusória

aparência;

Quando o deleite de uma sã companhia tem mais valor que os prazeres efêmeros e transitórios.

Sabes que é amor quando palavras sinceras e de ternura sobrepujam toques que despertam paixões vis e animalescas;

Quando o temor do Senhor é valorizado em detrimento de paixão platónica;

Quando o egoísmo de um coração natural é vencido pelo altruísmo de um coração regenerado;

Quando a paz excelsa e sublime habita o templo da alma.

Este não é um conceito de amor eros vendido por Hollywood, pelas  novelas brasileiras e mexicanas nem pelos apologistas da celebração de São Valentim. Como vaticinara um exímio professor da Língua Portuguesa da ESAD, Dr. Arnaldo Rodrigues, “ o amor é tudo o que Camões disse, é mais do que disse e nada do que disse.” Parece paradoxal, mas a verdade é que Camões, voou nas asas da imaginação e fez uso de metáforas, anáforas e antíteses para descrever os acessórios do amor, mas não chegou a essência, pois o amor não existe descolado de Cristo, a pessoa-amor. Sua vida de abnegação e entrega é uma inspiração. Seu sacrificio salvífico substituto  chama-nos a depositar todo o nosso egoísmo, arrogância, afetação, vaidade e luxúria no altar do sacrifício para que possamos estar em condições de considerar o nosso próximo como príncipes e princesas do reino, com dignidade e merecedor de honra e, este amor agape só é possível quando bebemos a largos sorvos das águas cristalinas do manancial do amor.

Abundam definições de amor, mas a definição de amor que mais me encantou , além daquela que se encontra na primeira epístola aos Coríntios, no seu décimo terceiro capítulo, é aquela que se encontra no livro Lar Adventista, na  página 50 que diz: “O amor é um dom precioso que recebemos de Deus, a afeição pura e santa não é sentimento, mas princípio.” O amor produz bons sentimentos, mas vai mais além. É uma decisão, um princípio regulador de uma vida de abnegação, serviço desinteressado e altruísmo, que coloca o outro no centro, tratando- o melhor do que merece.

A autora desse livro vai ainda mais longe , afirmando: “ o amor é uma planta de origem celeste, e precisa ser cultivada e nutrida. Corações afetivos, palavras verdadeiras, amoráveis farão famílias felizes e exercerão influência própria para elevar em todos quantos entram na esfera dessa influência.” Este amor é um perfume de aroma agradável, uma santa fragrância, um cheiro de vida para vida, um ornamento de graça, que embeleza a vida de corações regenerados, de olhos que contemplam o Redentor. O Apóstolo Paulo escreveu em Gálatas 2:20: “ Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em  mim.” Paulo enxergou, pelos olhos da fé,  que só a morte do eu nos habilita a viver para amar e servir.

Vem o dia de São Valentim e passa, deixando sonhos frustrados, castelos de esperança desmoronados e vidas arruinadas, mas este amor derrama rios de  felicidades, dá paz em profusão,  resiste ao teste do tempo e permanece para a eternidade.

 

Palmarejo, 14 de fevereiro de 2023

Ricardo Henrique Gonçalves Fidalgo

Mestre em Educação ( Ensino da Língua Inglesa)

Doutorando em Estudos Africanos

 

 

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