A título de exemplo temos que a taxa de desemprego em São Miguel é hoje duas vezes maior do que em 2016
Se é ativo nas redes sociais e acompanha a par e passo a atualidade e a agenda política nacional, ainda se assiste os órgãos de comunicação social nacional, sabe perfeitamente que o município de São Miguel tem o maior político estrategista, marketeiro digital e um “sabichão” virtual focado na caça aos votos.
De uma pequena busca nas redes sociais sobre o município de São Miguel, pode não encontrar algo de maior relevância no município, como, por exemplo, o seu maior ativo, as suas potencialidades, os seus sonhos e projetos, as suas gentes, seus modos de vida, sua cultura, as belezas naturais das suas montanhas, a sua longa e linda orla marítima, as suas ricas ribeiras, enfim, as suas riquezas naturais, mas também não encontrará de certeza os seus grandes desafios, os problemas que assolam as suas gentes, as suas frustrações e sonhos adiados.
Nada disso está disponível para se conhecer o São Miguel profundo, real. Mas certamente que encontrará um cenário intencionalmente criado, pintado a dedo, ilusório, bem arquitetado, estampado nas revistas online, postagens diárias da Câmara Municipal e do seu presidente, conjugado com entrevistas, notícias e discursos políticos que aliciam e fazem crer que São Miguel é o município mais bem governado do país, com melhores indicadores sociais e económicos, com melhor qualidade de vida do que os demais municípios, onde as famílias vivem bem, sem problema algum. Enfim, um cenário ilusório bem montado, longe daquilo que pode ser constatado in loco, e bem longe daquilo que é sentimento de quem vive e convive com a realidade local.
É a política de cosmética e da camuflagem da realidade, onde se destaca a figura do seu Edil, Herménio “Meno” Fernandes. Daí a preocupação dele em manter nos holofotes diariamente, o que fez dele o autarca com mais destaque na comunicação social em Cabo Verde.
Tudo bem montado. Investir forte na comunicação e no engano por forma a ampliar todos os pequenos êxitos, desde pintura de praças, pracetas, escadas, doação de autocarros de segunda mão. O propósito é ter conforto político e personalizar-se, transparecendo a ideia de ser ele o ativo mor, o cérebro do município. Com objetivos meramente eleitoralistas, com ganhos para os amigos e camaradas da vida boa. Com ordem e desordem ao sabor da maré, robotizando a máquina partidária que cumpre cegamente os seus comandos e a equipa camarária curva-se perante uma ditadura inapelável. E as contas, como é óbvio, são suportadas pelos bolsos dos pobres munícipes contribuintes.
A estrutura da espinha dorsal para manter-lhe na comunicação social. A todo o instante são publicadas e compartilhadas as pequenas obras enquadradas num dos eixos do programa PRAA, como construção praças, pracetas, pintar as escadarias de diferentes cores, calcetar ruas, colocação de lancis nos passeios, grafitar os muros, contentores do lixo, fachadas de casas abandonadas e arborização nas artérias da via principal do perímetro urbano, assim como reabilitação de algumas casas de pessoas escolhidas a dedo em algumas localidades.
O canteiro dessas obras, durante o mandato tornaram-se num estúdio fotográfico, e as imagem são captadas diariamente em vários ângulos possíveis pelas lentes das camaras fotográficas dos elementos do seu staff, recorrem-se a edições caprichadas através de recursos computacionais, com legenda e textos indutores, necessário para ter um município virtual, que depois mesclam com belezas naturais que lhe convém ressaltar, ofuscando as partes críticas do município, a seguir buscam, através das suas postagens diárias nas redes sociais patrocinadas com recursos públicos, atingir o número máximo de utilizadores das redes sociais em Cabo Verde e na Diáspora, para assim obter o maior número de engajamento através curtidas, elogios nos comentários e partilhas, e com isso confundir os incautos, como se número de gostos traduzissem na satisfação dos munícipes. Vale ressaltar que há elemento do seu staff, colocado exclusivamente para tratar das publicações diárias nas redes sociais.
É importante ainda saber, que por detrás desse político mediático e vaidoso, que a realidade, o mundo real de São Miguel, precisamente nas zonas ofuscadas e não publicadas, a situação da população é dramática, e opõe às frases de efeito que vem sendo propalado, demostrando que o mundo virtual criado para o marketing político e eleitoral é bem desfasado do real.
Na verdade, a situação do município real é outra, e se expressa nos dados recolhidos pelo INE (2016 a 2019 – durante o mandato do Herménio Fernandes), basta consultar esses números ver que:
1. Meno encontrou o município com a Taxa de Desemprego em 5,3% em 2016, e durante a sua gestão municipal teve a habilidade de até Dezembro de 2019 mais de que DUPLICOU essa taxa para 11,6%, e situou o valor acima da média nacional (11,3%);
2. A Taxa de Atividade, isto é, as atividades produtivas geradoras de rendimento, diminuiu para valor maior do que 10%, (passando de 53,2% em 2016 para 43,4% em 2019), contrariando todo o discurso de que houve “melhoria de ambiente de negócios”, uma das frases mais usado no seu marketing político;
3. A Taxa de Subemprego, ou seja, o emprego precário, que feliz ou infelizmente é o ganha-pão de várias famílias, e em 2016 era a mais elevada taxa em Cabo Verde (45,6%), em que a Câmara era o maior empregador. Porém, até o emprego precário, na liderança de Meno essa taxa caiu para a metade (26,3%). Ou seja, o Meno teve a capacidade de destruir, vejam só, até o emprego precário, o único sustento de várias famílias e dos jovens e não teve a capacidade de criar empregos, quiçá dignos, e nem outras atividades geradoras de rendimento a essas famílias;
4. O mais penoso é a Taxa de Inatividade, que inclui os jovens desesperançados que vem aumentando progressivamente, ano após ano, desde o início das suas funções como Presidente da Câmara Municipal de São Miguel. Por conta disto, é fato constatar que centenas de pessoas, na maioria jovens, todos os anos são obrigados a abandonarem o município, por perderem a esperança de oportunidade de emprego no município, acentuando assim o fenómeno do êxodo rural, que ameaça a sustentabilidade do município.
Caricato é que por diversas vezes, Meno, o gestor virtual, nas suas exposições mediáticas frisa sempre que o município tem, hoje, mais recursos à sua disposição e que tem do seu lado um governo parceiro. Porém, a pergunta que não quer se calar é: para onde foi/vai todos esses recursos?
Como ousa afirmar que com a sua gestão houve “melhoria da qualidade de vida” sendo que o desemprego é hoje o dobro do que em 2016? A taxa de inatividade aumentou consideravelmente? Houve a degradação das atividades produtivas? E os jovens vêm abandonando o município?
Bom, só se estiver a falar da melhoria da qualidade de vida para os seus camaradas, familiares e amigos.
Porque Meno galanteia ter conseguido bons resultados, sendo que os números dos indicadores socioeconómicos confirmam o contrário?
A resposta é fácil: confundir e enganar os micaelenses que resistem em mudar e compactuam em silêncio com o descalabro do município por mais de 20 anos, por meio da censura, represália, retaliação, ameaças, etc.
Em suma e que fique bem claro, Meno não trouxe nada de novo que leve ao desenvolvimento de São Miguel. Ele tem apostado, nestes 4 anos, apenas na tentativa de requalificar o perímetro urbano. Demostrou claramente que desconhece as vocações do município. Não trouxe inovação na gestão municipal, na arrecadação de receitas e no reforço do municipalismo. Não conseguiu construir obras estruturantes que transformassem a economia e que alavancassem o desenvolvimento. Ele sujeitou-se ao comodismo do assistencialismo imposto pelo governo central no âmbito do programa PRAA e não mostrou inteligência suficiente para descortinar e agregar valor às diferentes oportunidades que o município oferece. Não intensificou a luta contra pobreza com foco no combate a pobreza extrema e cíclica, não empoderou as famílias, não colocou recursos a disposição dos jovens empreendedores afim de terem o seu autoemprego, não apostou na criação de mão-de-obra-jovem, tornando-os mais competentes e adaptáveis às oportunidades que o município oferece e não apresentou uma agenda cultural com relevância, afim de delapidar os talentos locais. Ou seja, ele falhou a meta de tornar município uma alternativa à Praia. No fundo, não teve inteligência para descortinar as potencialidades dos diversos setores do município de São Miguel.
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