Caríssimos colegas, seja qual for o rumo que, em consciência, entendam dar à vossa jornada de contestação, o notável caminho que até à data percorreram, jamais intimidação alguma conseguirá apagar dos roteiros cívicos de que é feita a vossa nação! O vosso digníssimo exemplo de resistência e coragem, configura uma inspiradora aula de cidadania que, estamos certos, contribuirá para a sublevação de uma escola diferente!
Em nome da justiça e da nobreza das reivindicações, manifestamos o nosso mais veemente apoio e solidariedade à árdua luta dos professores de Cabo Verde.
Com enorme respeito e admiração, saúda-se a trajetória reivindicativa e a bravura dos professores que, mesmo diante de incontáveis constrangimentos e prejuízos pessoais, ousam desafiar as indignas condições e circunstâncias de trabalho, impedindo que uma catástrofe se abata em definitivo sobre o sistema educativo.
Acompanhamos atentamente as lamentáveis reações institucionais, que a vossa legítima, irredutível e prolongada jornada de contestação tem gerado, motivo pelo qual, expressamos a nossa mais profunda indignação, quer em relação à forma como têm sido desconsideradas as vossas causas e prejuízos, quer pela forma com têm sido intimidados os professores que, com responsabilidade e convicção, lutam pela resolução de pendências e pela devolução de dignidade à sua profissão.
De facto, as medidas persecutórias e os expedientes disciplinares, aventados com o objetivo de demover a razão dos protestos, não enobrecem os seus promotores, tão pouco servem para dignificar as instituições que a seu cargo têm a gestão do sistema educativo! No imediato, esses constrangimentos podem até produzir efeitos mas, efectivamente, não resolverão qualquer problema, pelo que, se afigura inevitável que, mais cedo do que tarde, a contestação ressurja reforçada pelo impacto das pendências por resolver!
Lamentavelmente, a coação, a perseguição, a difamação e a limitação dos direitos, liberdades e garantias não são más memórias de um passado recuado, que terá ficado enterrado no Chão Bom do Tarrafal. Não, de facto, os maus hábitos e péssimos costumes estão por aí, e por aqui, à mão de semear o medo, cercear a reivindicação e deter o protesto!
Caríssimos colegas, seja qual for o rumo que, em consciência, entendam dar à vossa jornada de contestação, o notável caminho que até à data percorreram, jamais intimidação alguma conseguirá apagar dos roteiros cívicos de que é feita a vossa nação!
O vosso digníssimo exemplo de resistência e coragem, configura uma inspiradora aula de cidadania que, estamos certos, contribuirá para a sublevação de uma escola diferente!
Não podemos deixar de salientar, manifestando profunda preocupação, a similaridade das circunstâncias, a natureza dos problemas e as manobras de intimidação que afligem os professores, tanto em Cabo Verde quanto em Portugal. Pois, essa triste semelhança não se configura como mera coincidência ou obra do acaso. Pelo contrário, o vil ataque infligido à profissão docente é obra meticulosamente engendrada por sucessivas lideranças, cuja cumplicidade governativa tem permitido manter bem esticada a rede de poder e influência, que une os dois estados.
Diante deste cenário alarmante, torna-se imperativo que os professores de Cabo Verde e Portugal articulem as suas jornadas de contestação, criando condições para dar forma a um modelo alternativo de ação / cooperação, capaz de responder com a necessária robustez aos deliberados ataques e às desastrosas políticas públicas de que temos sido vítimas!
Reafirmamos o nosso apoio incondicional à jornada de luta dos professores de Cabo Verde.
Estamos inteiramente ao vosso dispor para que, juntos, possamos encontrar forma de dirimir os problemas e debelar o infortúnio que atinge a nossa profissão e enfraquece o sistema educativo.
Estamos gratos pela mensagem que a vossa valorosa resistência, acompanhada pela voz e razão dos miúdos, fez ecoar do outro lado do Atlântico - Urge consolidar a “alfabetização” cívica para salvar a Educação!
Manifesto subscrito por Professores de Portugal
11 de maio 2024
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