A toxicodependência nunca é uma escolha consciente e ela pode afetar qualquer um de nós de forma direta ou indireta. Tenho a certeza que o próprio leitor, não precisa nem pausar esta leitura, para conseguir ver, no fundo da sua mente a imagem de alguém que conhece, que sofreu ou sofre deste problema. Um amigo, talvez até alguém na sua família, um irmão, um primo, um pai, uma irmã, uma mãe, uma filha, enfim.
“A comissão de Coordenação do Álcool e Outras Drogas, tutelado pelo ministério da saúde e da Segurança Social define a DEPENDENCIA DE SUBSTANCIAS PSICOATIVAS como uma doença cronica, complexa caracterizada pela compulsão e desejo incontrolável, procura e uso persistente da substância, apesar de consequências extremamente negativas.
Atinge o ser humano nas suas dimensões básicas – biológica, psíquica, social e espiritual.
Não tem causa única, é resultado de vários fatores: físicos, emocionais, psíquicos e sociais, que atuam ao mesmo tempo no individuo, variando a predominância dos fatores de uma pessoa para outra. Sem o tratamento adequado, a dependência de substâncias psicoativas tende a piorar cada vez mais com o passar do tempo, levando a pessoa a uma destruição gradual de si mesma, atingindo a sua vida pessoal, familiar, profissional e social.”
Este é um problema real, portanto, abordar estas questões de forma correta e responsável é de capital importância para que possamos enquanto nação também ultrapassar este problema sem discriminar ninguém, considerando cada individuo, membro de pleno direito desta nação, independentemente dos problemas pelos quais possa estar a passar ou terá passado em determinado momento. Temos de lembrar dos casos de superação que inclusive estão documentados por exemplo no livro “Bokafumo”. Eles nos mostram que não podemos abrir mãos de ninguém, em cada individuo há sempre esperança.
O Governo parece dar sinais claros de querer defender o Estado contra este flagelo que conjuntamente com o álcool, tem ceifado uma considerável fatia da nossa sociedade, principalmente da nossa juventude, criando instituições dedicadas exclusivamente para esta luta.
A CCAD – Comissão de Coordenação do Álcool e Outras Drogas é a Instituição responsável para esta matéria “tendo as competências alargadas ao Álcool, passando a instituição a ter a missão de promover e garantir a coordenação das ações e a execução de políticas e estratégias de redução do consumo do álcool e de outras drogas, e a prevenção e o tratamento das dependências.”
Esta instituição dispõe de um Conselho Intersectorial com vários Ministérios, Conselho Superior da Magistratura Judicial, Comissão Nacional de Direitos Humanos, Associação Nacional dos Municípios, Plataforma das ONG’s e Representantes de Instituições Religiosas.
Toda esta diversidade de instituições é suficientemente indicadora da seriedade do assunto e da responsabilidade necessária para se abordar este tema. Em São Vicente, por exemplo, o Vereador da Saúde e Coordenador Concelhio de Prevenção ao Uso do Álcool e outras Drogas, Anilton Andrade, realizou recentemente uma ação de capacitação/formação, ato tido como “um contributo para que as pessoas não sejam prisioneiras do seu passado,” mas “arquitetos do seu futuro”.
Se a nível nacional há uma cooperação multidisciplinar, multissectorial e em outros municípios vê-se inequivocamente a importância que se dá ao tema, aqui na Ilha do Sal a orquestra desafina.
Aqui, o antigo deputado nacional, Coordenador da Assembleia Concelhia do mpd actualmente vereador e pretendente a Presidente da Câmara Municipal do Sal usa o problema da Toxicodependência como arma de arremesso político.
Demonstrando nutrir um odio e um medo profundo em relação à minha ação política, persegue todas as minhas intervenções adjetivando a minha pessoa de “drogado”, evidenciando uma descomunal falta de conhecimento, de sensibilidade, preconceito e desrespeito aos jovens, mães, pais, famílias que neste momento passam por uma situação delicada lutando contra este flagelo. Isto não é aceitável e é incompatível com uma função de serviço publico.
A toxicodependência nunca é uma escolha consciente e ela pode afetar qualquer um de nós de forma direta ou indireta. Tenho a certeza que o próprio leitor, não precisa nem pausar esta leitura, para conseguir ver, no fundo da sua mente a imagem de alguém que conhece, que sofreu ou sofre deste problema. Um amigo, talvez até alguém na sua família, um irmão, um primo, um pai, uma irmã, uma mãe, uma filha, enfim.
Lamentavelmente todo o executivo municipal parece ser conivente com este comportamento, não se demarcando destas intervenções que não devem representar nenhum Executivo mormente de um município como o nosso. Não nos orgulha fazer isso, mas talvez devêssemos (re)lembra-los que os eleitos municipais independentemente de que força política saíram, devem representar todos os cidadãos do município e cuidar de todos sem exceção e devendo, por força da função abster-se de procurar ofender publicamente qualquer munícipe, mormente utilizando um assunto tão delicado como este para a nossa comunidade.
Se existissem, intervenções e políticas consistentes da Câmara Municipal do Sal, de prevenção e recuperação da Toxicodependência haveria uma real compreensão do problema no seio do executivo que nunca se remeteria ao silencio, validando o preconceito exacerbado do seu vereador.
Pois então, fica aqui a minha partilha de “factos sobre a droga”. O preconceito ainda é um dos principais problemas que o país enfrenta na luta contra a toxicodependência. Não podemos permitir que faça “escola” dentro das instituições que devem ser os principais atores da prevenção, da recuperação e da inclusão.
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