Ponto de Vista

O Governo de Cabo Verde mudou de estratégia e vai nomear um Embaixador de Carreira para Nigéria. Desistiu do Engenheiro Francisco Fernandes Tavares.

Este é o maior ziguezague, senão a maior trapalhada, jamais cometido na diplomacia cabo-verdiana. As razões que o Governo apresenta são uma completa estapafurdia. É que Cabo Verde não tem Diplomatas experientes em integração regional. O país nunca pertenceu a outra comunidade económica, não tem um percurso de integração regional nunca e nem será agora que vai iniciar a verdadeira diplomacia para a integração regional.

Assim, a estratégia do Governo é falível, se julgar que quem nunca fez diplomacia em outros campos, tem também experiência para a integração económica.

Aliás, há diplomatas, e sobretudo especialistas em direito internacional, relações económicas internacionais e diplomacia, que entendem e defendem que para a integração regional, um dos maiores desafios de Cabo Verde, vale mais uma pessoa tecnicamente competente, com conhecimento profundo da politica nacional e com experiencia e peso políticos.

Por isso, mais uma vez, o Ministro Luís Filipe Tavares levou Ulisses Correia e Silva e o seu Governo ao ziguezague.

Abordamos, há vários meses o Engenheiro Francisco Fernandes Tavares sobre a sua missão como Embaixador de Cabo Verde junto da Republica Federal da Nigéria, com missão especial junto da CEDEAO e este nos dissera. «…A minha carreira é no domínio da estatística e do planeamento estratégico. Aceitei esse desafio como missão. Modéstia à parte, sou um dos autores (como Consultor) do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável 2017-2021 que diz que Cabo Verde será uma economia de circulação localizada no Atlântico Médio e, como é obvio, isto não é possível fora da CEDEAO. Aceitei o desafio de Embaixador para contribuir, na linha da frente, para a realização do conceito e contribuir para o desenvolvimento de Cabo Verde que do meu ponto de vista, não é possível fora da CEDEAO...»

Temos a firme convicção que a escolha desse conceituado estatístico e planificador, originário de Santa Catarina, um quadro que orgulha Santiago Norte é garantia de uma missão de sucesso, na criação de uma Embaixada talhada para fazer o que nenhuma outra embaixada faz, ou seja, o negócio da integração regional e para credibilizar Cabo Verde e dinamizar a integração regional.

Na década de noventa, o Engenheiro Francisco Fernandes Tavares liderou, enquanto Deputado a verdadeira reforma do parlamento Cabo-verdiano. De seguida liderou, enquanto Presidente do Instituto Nacional de Estatística, a reforma do Sistema Estatístico Nacional. Teve um percurso impar na Câmara Municipal de Santa Catarina em contexto especial como publicamente se sabe e inclusive governando em estabilidade sem maioria na Assembleia Municipal. É conhecido o seu desempenho no domínio da estatística, do planeamento estratégico e o seu conhecimento de Cabo Verde e das politicas de desenvolvimento do País.

Este é, sim, o maior ziguezague senão a maior trapalhada jamais cometida na diplomacia cabo-verdiana.

Uma grande trapalhada porque, pelo que sabemos, nos últimos tempos, criou-se uma grande e fundada expectativa na missão do Engenheiro Francisco Fernandes Tavares junto da Republica Federal da Nigéria e especialmente da CEDEAO.

Do cidadão comum que conhece Francisco Tavares, a políticos de todas as sensibilidades, a diplomatas e especialmente entre os empresários do turismo, da industria, do comércio e até do domínio da cultura e das indústrias criativas. Entre emigrantes e especialmente entre os nossos irmãos da CEDEAO como os da Guiné Bissau, Serra Leoa, Libéria, Senegal, Mali, Nigéria que bem conhecem Francisco Tavares como Presidente da Câmara de Santa Catarina. Entre intelectuais e empresários cabo-verdianos no exterior, mas inclusive na classe jurídica existe efetivamente uma grande expectativa na missão do Engenheiro Francisco Fernandes Tavares junto da Republica Federal da Nigéria e especialmente da CEDEAO.

Sabemos que centenas de empresários cabo-verdianos, políticos de todos os quadrantes contavam que com Francisco Tavares, seria aberto o mercado da CEDEAO, às empresas e empresários, aos intelectuais, homens da cultura e em geral aos cabo-verdianos.

Sabemos há quase 3 anos, o Governo convidara Francisco Tavares para esta missão. Sabemos que em 2020 o Governo pediu agreement ao Governo da Nigéria, e tendo-o, Francisco Tavares foi nomeado em julho de 2020 pelo Presidente da Republica (Decreto Presidencial 10/2020 de 17 de Julho publicado no BO Nº 84 I Série). Sabemos que Francisco foi chamado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros para ser empossado no dia 17 de agosto de 2020, juntamente com o atual Embaixador na Alemanha e que o mesmo pediu para ser empossado mais tarde pois, por um lado não pretendia tomar posse e ficar em Cabo Verde, estando as fronteiras de Cabo Verde quanto da Nigéria fechadas.

Pediu que fosse mais tarde, também por causa do exercício Cabo Verde Ambição 2030 de que era Consultor, não pretendendo ser empossado nas funções de Embaixador e em vez do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Comunidades, estar no Ministério das Finanças a fazer consultoria. Sabemos que mais tarde, o Ministro dos Negócios Estrangeiros mandou-lhe entregar a certidão de nascimento e uma certidão de registo criminal para o empossamento.

Sabemos que Francisco Fernandes Tavares tinha realizado reuniões de trabalho com o essencial das entidades públicas e privadas com interesse na CEDEAO e estava a meio da elaboração da proposta de plano para a missão em Abuja para ser aprovado pelo Governo.

Cabo Verde é membro da CEDEAO há quase 45 anos e o Ministério dos Negócios Estrangeiros sabe bem o que é a CEDEAO. O Governo teve muito tempo para bem ponderar antes de decidir convidar Francisco Tavares, de obter o acordo do Presidente da República, de pedir o Agreement ao Governo da Nigéria. Só agora é que se deu conta que o melhor é ter um diplomata de carreira? Esta desistência do Governo é uma brincadeira, um tratamento ligeiro da diplomacia e sobretudo da integração regional.

É também uma grande brincadeira com uma pessoa com o perfil e o percurso de Francisco Tavares. Que está no MPD há cerca de 30 anos, ou seja, desde a sua criação que dedicou, como é sabido, parte da sua vida, sacrificou anos da sua carreira técnica ao serviço desse partido. Uma pessoa cujos familiares serviram com espirito de entrega e sacrificaram-se por este partido.

Sobretudo é injusto para com uma pessoa que sabemos nunca pediu nem brigou para cargos junto do MPD. O que o Governo do MPD fez é uma grande trapalhada fazendo do cargo de Embaixador junto da CEDEAO algo que se pode dar com uma mão e tirar com a outra quando não convém.

Este volte-face do Governo do MPD é uma sequencia de facadas que não vão atingir o Engenheiro Francisco Fernandes Tavares porque ele não deve. Vão sim atingir este Governo e o Sistema MPD e infelizmente pois estes têm muita gente de bem que vai ingloriamente apanhar. O MPD de hoje não valoriza os Quadros de Santiago Norte, como merecem.

A ver vamos.

Por: Grupo de Cidadãos atentos