O Governo insiste que tudo está bem.
E os Cabo-verdianos continuam a pagar por essa teimosia!
Em Cabo Verde, e nesses quase três anos da Governação do MpD, algo de muito preocupante está a acontecer.
Internamente, todos os dados intensamente propalados por algumas Instituições e amplamente divulgados pelo Governo criam a perceção de que tudo está bem e que o País caminha a “todo o vapor”!
Dizem eles que “o País está em franco crescimento, porque estamos a construir”!
E repetem isso vezes sem conta, com o objectivo claro de convencer! Outros, mais entusiasmados, se emocionam, e propalam, aos quatro ventos, que “Cabo Verde está como um estaleiro, tantas são as obras que estão em curso!”.
Geralmente, e nessas coisas, convém lembrar o tal provérbio que sentencia que “ninguém consegue enganar todo o mundo, durante todo o tempo!”.
O tempo vai passando, e, internamente, os dados produzidos por Instituições (nacionais), cujas chefias foram, na sua maioria, nomeadas pelo Governo sem nenhum concurso publico, dizem uma coisa!
Mas, lá fora, os dados produzidos por Instituições Internacionais, continuam também a acompanhar o País. E os dados que têm estado a produzir e a divulgar não estão a coincidir com as ideias que o Governo vem propalando.
Com efeito, a palavra preferida, e mais utilizada, pelo Primeiro-Ministro e o seu Governo, tem sido TRANSPARÊNCIA.
Vejamos!
Fazem concursos que são impugnados, fazem nomeações sem nenhum concurso, entregam sectores estratégicos sem publicar uma única folha de papel, entregam mercados cruciais, de bandeja e sem qualquer contrato, preparam medidas legais com destinatários certos e endereços exactos, não partilham informações relevantes (nem com o Parlamento), aceitam cláusulas confidenciais em negociações sobre bens do Estado….
Mas, querem nos fazer acreditar que actuam com “Transparência”!
De acordo com os dados do Índice de Percepção da Corrupção, entre 2016 e 2017, perdemos 10 posições (no ranking do índice de transparência internacional) e conseguimos menos 4 pontos na pontuação no mesmo período.
No Índice de Competitividade, percebe-se claramente que o Pais está menos competitivo.
Segundo o índice de 2017 (que vigora para os anos de 2017 e 2018), Cabo Verde teve uma pontuação de 3,8 e manteve a posição 110 do índice global, igual posição que ocupava no índice de 2016.
Mas, passados quase 3 anos, com um claro sacrifício de sectores sociais fundamentais, m prol de um melhor ambiente de negocios, e, consequentemente, maior competitividade, seria expectável que, a esse nível, estivéssemos absolutamente iguais?
Nem um ponto de melhoria?
Em matéria de liberdade de imprensa, a situação não é melhor!
Face a todas as interferências do Governo, no sector público da comunicação social – particularmente na Televisão Publica – que ficou marcado, nos últimos tempos, por uma manipulação ostensiva e uma perseguição sem precedentes aos Jornalistas (que se viram obrigados a denunciar algumas dessas tentativas), Cabo Verde piorou, em 2018, duas posições, no Ranking da Liberdade de Imprensa, passando para o 29º lugar.
Com esta Governação, e a cada dia que passa, ficámos cada vez mais distantes da posição ocupada em 2013, onde chegamos a ocupar a 25ª posição.
Mas, o Governo do Dr. Ulisses Correia e Silva insiste em dizer que tudo está bem e que a Oposição é que esta a ver “fantasmas”!
No Índice de Desenvolvimento Humano, facilmente se percebe que piorámos a nossa posição, passando da posição 122 para a posição 125.
Portanto, uma queda de 3 posições!
Isso contradiz tudo aquilo que são as expectativas do Povo cabo-verdiano e põe a nu todas as projeções e todas as propagandas do atual Governo.
O Governo diz que o País está a crescer.
Mas, essa tendência de recuperação, em termos de crescimento económico, não se está a refletir nem na inclusão, nem na vida dos cabo-verdianos, que vêm o IDH a degradar-se.
O que podemos pensar?
Que, apesar do crescimento propalado, as pessoas não estão a sentir a sua vida melhorar, porque a riqueza gerada está a “ficar” num pequeno grupo, e a maioria dos cabo-verdianos não sente o País a melhorar.
No que respeita à posição do País no Doing Business, Cabo Verde ocupava a 125ª posição, em 2016.
Em 2018, após o mandato de quase 3 anos, descemos e ocupamos a posição 127ª.
Perdemos, assim, 2 posições, nesses quase 3 anos de mandato do MPD.
Ainda, e de acordo com o ultimo relatório, baixamos duas posições no indicador proteção de investidores minoritários (passamos de 162 para 164), piorámos três posições no indicador da obtenção de eletricidade (passando de 142 para 145) e piorámos 4 posições no indicador obtenção de crédito (passando de 118 para 122).
Isso demostra, claramente, um FALHANÇO das ações deste Governo, suportado pelo MPD!
O MPD ganhou as eleições prometendo fazer do sector privado um parceiro fundamental na estratégia de desenvolvimento, promovendo a melhoria do ambiente de negócios (com redução dos custos de contexto), tudo para gerar mais empregos e mais oportunidades, e trazer a felicidade prometida!
Mas, passados quase 3 anos, o problema principal das empresas pequenas não foi resolvido, nomeadamente o acesso ao crédito!
Passados quase 3 anos, a questão do acesso a electricidade, cujo custo está cada vez mais elevado, não foi resolvido!
Passados quase 3 anos, os investidores minoritários não estão a ser mais protegidos!
É caso para perguntar:
Mas, por que razão os relatórios nacionais insistem em nos dizer que houve aumento de crédito à economia ou ao setor privado?
Será que esse aumento de crédito se destinou às famílias? Estarão as famílias cabo-verdianas a endividar-se para conseguirem satisfazer as suas necessidades?
Ou será que as famílias cabo-verdianas estão a utilizar a poupança constituída, para fazer face ao seu poder de compra (face ao aumento da inflação verificado nos últimos dois anos)?
Artigo publicado pela Presidenrte do PAICV na sua página do facebook
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