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Covid-19 e o uso correcto das máscaras
Ponto de Vista

Covid-19 e o uso correcto das máscaras

Em Dezembro de 2019, o mundo tomava conhecimento de um vírus denominado SARS-CoV-2, que teria aparecido em Wuhan, China, propagando-se rapidamente e tornando-se numa pandemia em mais ou menos 2 meses. A elevada infectividade do seu agente etiológico, aliada à ausência da imunidade prévia na população e à inexistência de uma vacina, fez com que o seu crescimento fosse exponencial, atingindo neste momento 3 milhões de pessoas infectadas e mais de 200 mil mortos.

Até ao presente, não se conhece nenhum medicamento específico para o combate ao Covid-19. No entanto têm-se tratado os sintomas inerentes à doença aliada a outras medidas não farmacológicas, conforme referiu Garcia (22 de Abril de 2020) no texto que se segue:

«Nesse contexto, são indicadas intervenções não farmacológicas (INF), que incluem medidas com alcance individual, ambiental e comunitário, como a lavagem das mãos, a etiqueta respiratória, o distanciamento social, o arejamento e a exposição solar de ambientes, a limpeza de objectos e superfícies, e a restrição ou proibição ao funcionamento de escolas, universidades, locais de convívio comunitário, transporte público, além de outros locais onde há aglomeração de pessoas.»

Segundo a mesma, tais medidas, quando adoptadas no início de um período epidémico, auxiliam na prevenção da transmissão, na diminuição da velocidade de propagação da doença, e consequentemente contribuem para diminuir a curva epidémica. Essas medidas tomadas em tempo oportuno contribuem para diminuir a demanda instantânea por cuidados de saúde e mitigar as consequências da doença sobre a saúde das populações, a redução da morbidade e a mortalidade associadas.

Dadas as circunstâncias, o nosso foco incide principalmente sobre o uso correcto das mascaras que no fim será ilustrado com imagens que elucidem como manusear as mesmas.

Até o momento, as evidências apontam que em países que adoptaram o sistema de máscaras obrigatória, no início da pandemia, tiveram melhores resultados e não houve um colapso dos seus sistemas de saúde.

De acordo com Schmidt & Azzolini (02-04-2020), quem usa a máscara pode proteger-se de uma possível infecção através de gotículas e secreções que saem da boca quando outra pessoa espirra ou tosse, mas de forma muito limitada. Geralmente, o vírus entra no corpo pela boca, nariz ou pelos olhos e, por conseguinte, a higiene das mãos desempenha um papel muito importante.

Para as mesmas, a máscara cirúrgica, combinada com protector ocular, serve mais como um lembrete constante para evitar levar as mãos ao rosto do que para proteger o usuário de gotículas portadoras do vírus.

Ainda segundo as autoras, além das máscaras cirúrgicas, há também as máscaras que filtram o ar tanto na versão descartável (feitas tanto a partir de fibra de celulose com um elemento filtrante e uma válvula expiratória) quanto de material sintético, à qual é acoplado um filtro.

Elas também são usadas em hospitais quando profissionais da saúde entram em contacto com pacientes com doenças altamente infecciosas, e são usadas juntamente com outros EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), como protector ocular, luvas, aventais e macacões descartáveis.

Nessa situação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta para que as máscaras sejam usadas por profissionais de saúde, pessoas com sintomas de Covid-19, pessoas com problemas respiratórias, e por pessoas que cuidam de alguém doente em casa ou num estabelecimento de saúde.

Em Cabo Verde com a eminência da saída do estado de emergência, o Governo regulou sobre a utilização do uso das máscaras através do Decreto-lei nº 47/2020 inserido no Boletim Oficial nº 52 de 25 de Abril de 2020.

Existem vários tipos de mascaras, mas para o combate ao Covid-19 recomenda-se principalmente a máscara cirúrgica e a máscara Peças Faciais Filtrantes (PFF2). Com a elevada procura e para evitar ruptura, a OMS recomenda máscaras não cirúrgicas, que de certa forma não obedecem a normalização podendo ser confeccionados de materiais têxteis.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), as máscaras têxteis precisam seguir algumas normas, nomeadamente:

1) Ter pelo menos três camadas de pano (uma camada de tecido não impermeável na parte frontal, tecido respirável no meio e um tecido de algodão na parte em contacto com a superfície do rosto);

2) Não devendo ser partilhado;

3) Os materiais para confecção podem ser tecidos de algodão, Tecido não tecido (TNT), desde que garantam que os tecidos não provocam alergias;

4) Que cubram totalmente do nariz ao queixo;

5) Que sejam higienizados correctamente;

6) E que conferem ajuste do rosto sem deixar espaços laterais.

A higienização deve ser feita pelo próprio utilizador sendo primeiramente com sabão e água corrente. Depois embeber em água quente com detergentes (diluir de 2 colheres de sopa de Lixívia em 1 litro de água) por um período de 20mn, enxaguar bem com água corrente retirando os resíduos do desinfectante, deixar secar e passar a ferro.

Procedimentos a seguir segundo a OMS e a FIP (Federação Internacional Farmacêutica)

Colocação de mascaras cirúrgicas e PFF2

  • Higienização das mãos com sabão liquido e água ou soluções desinfectantes (álcool 70% + peroxido de hidrogénio + glicerol), álcool 70% (solução ou gel);

  • Verificar se a máscara não tem buraco;

  • Assegurar que o lado superior é aquele onde se encontra o arame;

  • Certificar que o lado colorido fica para fora;

  • Coloque a máscara no rosto apertando o arame sobre o nariz;

  • A máscara deve cobrir do nariz ao queixo;

  • Higienizar as mãos novamente depois de ter colocado a máscara.

Retirada da mascara cirúrgica e PFF2

  • Higienizar as mãos;

  • Remover a máscara manuseando o elástico por traz das orelhas e nunca pela parte frontal da máscara;

  • Descartar a máscara para o lixo que tenha tampa ou por um saco de plástico;

  • Após a remoção da máscara, higienizar as mãos com água e sabão, solução desinfectante ou álcool gel.

De salientar que sempre que as máscaras ficarem húmidas elas devem ser descartadas. A máscara cirúrgica tem duração de 4hrs e para aumentar esse tempo de uso pode-se utilizar uma folha do papel toalha entre a boca e a mascara e sempre que o papel estiver húmido deve-se trocá-lo.

Referências

Autoria Fabian Schmidt, Fernanda Azzolini 02-04-2020 – www.dw.com

Boletim Oficial nº52 de 25 de Abril de 2020

www.G1.globo.com

Orientações gerais- Mascaras faciais de uso não profissional – ANVISA (Brasília 03 de Abril de 2020)

Uso de máscaras facial para limitar a transmissão de Covid-19 – Leila Garcia 22 de Abril de 2020 - www.scielo.br

https://www.who.int/eportuguese/publications/pt/

www.fip.org

* Farmacêutica Comunitária

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Redação