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19 Março é dia do pai – e pode celebrar sim!
Ponto de Vista

19 Março é dia do pai – e pode celebrar sim!

Celebrar, neste caso, é essencialmente valorizar a figura do homem pai que precisa ser melhor. Ninguém pode substituir o pai, assim como ninguém pode substituir a mãe, embora seja possível educar os filhos sem que o pai e a mãe vivam no mesmo agregado familiar. Foto, brochura do INE, adaptado.

Foto. Brochura do INE, adaptado

Março, além de ser das mulheres, da água, da terra, da poesia, do teatro e da planta, entre outros, é, curiosamente, também o dia do Pai. E pode celebrar sim!

Nos últimos anos tem havido algumas reações contrárias à celebração do dia do pai, particularmente nalgumas escolas. Uma certa pressão sobre as escolas para não o fazerem, com a justificativa de que se procure evitar a discriminação de crianças que não têm pai presente em casa ou cujo pai não acompanha as atividades académicas. E nas celebrações estas crianças se sentiriam constrangidas.

Sem esquecer que vergonhosamente, mais de 9 mil crianças não são registadas em Cabo Verde, 13,5% não tem nome do pai e 55% vivem sem a sua presença em casa, era preciso a um só tempo, voltar ao princípio a refletir sobre o que representa o Pai nas relações familiares, mas também porque são agendadas datas importantes para a atenção e celebração. Trata-se não apenas de compreender a importância da figura e função do Pai nas relações familiares, mas também para se entender os motivos das celebrações de datas importantes.

Entendendo que se celebra para promover mais ainda aquilo que importa valorizar e perenizar; que se celebra para dar oportunidade no centro a aquilo que embora importante esteja na periferia, em risco, a fim de o resgatar e salvaguardar; ou, enfim, se celebra também para mostrar a necessidade de enfrentamento quando há algum problema eliminar. Portanto, neste caso, era preciso compreender se a figura do pai e/ou a data a celebrar são valores a perenizar, algo em risco a resgatar ou um problema a eliminar. Não se pode crer que o pai seja um problema social a eliminar, como o alcoolismo ou as drogas ou outro problema qualquer.

Parece assim que celebrar o dia do pai é destacar um pouco da fraqueza dos pais atuais ou daquilo que sendo sua atribuição (a paternidade), cuidador responsável, esteja a ser desempenhada por outros. E por isso, ao invés de ajudá-lo a corrigir, se pretenda reduzir a figura e seu valor familiar. Por outras palavras, o que se tem a dizer sobre o bom pai não pode ser superado pelo que se tem a dizer sobre as suas falhas, pelo menos numa altura em que esteja (ou deveria) ser promovido.

Nesta altura, então, melhor seria se estar a valorizar o bom pai que queremos, seu papel, figura e função. Ajudá-los em seus esforços de serem melhores. Para que todas as crianças de alguma forma possam sentir a presença de pai. Ou se não a presença, ao menos sua importância e valor, sem deixar de reconhecer aqueles que se desdobram para suprir as ausências da figura paterna na vida quotidiana das crianças em Cabo Verde.

É preciso ainda estar atento para que não se caia em armadilhas; e se vá na contramão do desejo maior: de “tornar os homens pais mais responsáveis no cumprimento de do seu papel na educação e em contribuição para o equilíbrio social, para além sustentar seus filhos.

Celebrar, neste caso, é essencialmente valorizar a figura do homem pai que precisa ser melhor. Ninguém pode substituir o pai, assim como ninguém pode substituir a mãe, embora seja possível educar os filhos sem que o pai e a mãe vivam no mesmo agregado familiar.

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