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UCID: Disputa à liderança do partido envolta em polémica
Política

UCID: Disputa à liderança do partido envolta em polémica

O congresso da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), que se realiza nos dias 25, 26 e 27 de março, em São Vicente, para a eleição da nova direção e membros dos demais órgãos nacionais já está envolta em polémica numa altura em que o partido parece estar dividido internamente e em contramão às práticas democráticas.

João Santos Luís (JSL) anunciou a sua candidatura mas, enquanto vice-presidente, não renunciou às suas funções e, segundo apurou este on-line, no processo de preparação para o congresso, que acontece no final deste mês de março, ele tem sido “juiz em causa própria”, ou seja, não obstante se ter criado uma comissão de eleições, composta maioritariamente por pessoas que o apoiam, é ele quem dá as cartas numa espécie de estratégia “descarada” de “ta djuga ta pita”.

É que, segundo uma fonte deste jornal, é tanto o “desespero” para que a presidência da UCID não saia do círculo da relação de confiança do actual líder António Monteiro, tanto é que o próprio candidato João Santos Luís, em concertação com o presidente Monteiro, tem estado, segundo o mesmo informante, a instruir os processos de escolha dos delegados que participarão no congresso onde esses elegerão a nova direção.

A nossa fonte, que prefere manter-se em anonimato, afirma que “os responsáveis para a escolha dos delegados são, na sua maioria, pessoas ligadas a candidatura do JSL. Noutros casos, este mesmo candidato fez alterações às listas de forma a introduzir pessoas que lhe podem garantir votos. Isto mostra claramente que o processo não está a ser conduzido de forma imparcial e que há uma clara tentativa de condicionar os votos porque, no fundo, são o JSL e o Monteiro a decidirem quem serão os delegados”.

Esta fonte assegurou ainda que ética e moralmente, enquanto candidato, JSL não deveria, estar envolvido diretamente no processo de preparação do congresso.

“Ele tem enviado mensagens conduzindo processos e está a frente de, praticamente, tudo o que diz respeito ao congresso. Desta forma, como é que poderá garantir isenção e imparcialidade?”, questiona, dizendo que JSL “ta djuga ta pita” para salvaguardar os seus interesses e os do atual presidente.

Consultada uma outra fonte deste jornal, esta vai ainda mais longe e afirma que neste momento qualquer outra candidatura para à liderança da UCID dificilmente terá sucesso porque poderá representar uma ameaça aos interesses instalados.

“Num passado não muito longínquo, todos os que manifestaram a intenção de se candidatar à liderança do partido viram as suas aspirações caírem por terra perante as ações maquiavélicas daqueles que estavam e continuam na linha da frente, que trataram de eliminar todas as ameaças à sua permanência a frente da UCID. Aliás, algumas dessas pessoas saíram do partido e outras foram postas de lado”, garante.

Santiago Magazine apurou que, após algumas intervenções públicas sobre os processos de candidatura à liderança do partido, António Monteiro decidiu, estrategicamente, não se envolver de forma clara nas questões relacionadas com o congresso e com a candidatura de JSL para que este não seja conotado com um projeto de continuidade da liderança do próprio Monteiro, que está “atolada em descrédito e desconfiança”.

“Na verdade, JSL só se vai candidatar porque Monteiro o pressionou para fazer isso. Penso que ele não queria nem tem um projeto próprio para a UCID e o facto de ele, enquanto candidato, estar diretamente envolvido nas comunicações e em outras démarches do processo eleitoral só demonstra que, de facto, está a seguir o mesmo caminho que o atual presidente do partido”, assegura a nossa fonte, para quem “António Monteiro e João Santos Luís são capazes de tudo fazer para não perderem a liderança do partido e o controlo que têm sobre ele”.

A nossa fonte, que é conhecedora deste processo, garantiu ainda que foi criada uma comissão de eleições cujos elementos são maioritariamente apoiantes de JSL e que esses apenas servem para “fazer frete” à candidatura que apoiam.

“Ao que sei, a comissão não funciona, só se tem ali figurinos para se atirar arreia aos olhos das pessoas. Ou seja, numa altura que há outro candidato da ilha de Santiago que já se posicionou, todas as manobras são válidas para beneficiar o candidato apoiado pelo atual presidente e excluir a outra candidatura”, assegura a mesma fonte.

Não obstante todos esses atritos e divergências internas, até este momento dois candidatos se posicionaram: Edson Waldir Ribeiro, da ilha de Santiago, e João Santos Luís, de São Vicente.

Se é certo que JSL é o candidato que António Monteiro quer ver na liderança da UCID, já em relação a Edson Ribeiro o atual presidente tem insistido em dizer que ele não é militante, apesar de o presidente do Conselho de Jurisdição da UCID ter garantido que ele é militante de plenos direitos.

A nossa fonte é taxativa em concluir que, “para além do facto de António Monteiro não querer que a liderança do partido saia de São Vicente, ele tem tido um posicionamento antidemocrático e discriminatório em relação a elementos do partido que não estão alinhados com a candidatura de JSL. 

Entretanto, sabe o nosso jornal que internamente há quem defenda a formação de uma lista única de candidatura, sendo que esta integraria os dois anunciados candidatos e outros demais elementos que estariam nas duas listas.

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