O Presidente da República propôs hoje um debate “sério e aprofundado” sobre o financiamento do ensino superior em Cabo Verde de forma a encontrar “novas luzes que alumiem os caminhos da qualidade, da excelência e da sustentabilidade”.
O repto foi lançado por José Maria Neves, durante a sua intervenção na sessão solene comemorativa do 15º aniversário da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), tendo afirmado que “conhece e está ciente dos desafios” de gestão com que a instituição pública ainda se confronta.
“O deficit do financiamento do Estado e consequentes impactos na organização e gestão das carreiras e remunerações do corpo docente, na atribuição de bolsas e outros incentivos aos estudantes, na qualidade da formação, na afirmação da investigação e no desenvolvimento institucional da própria universidade”, apontou.
O chefe de Estado disse esperar que nos tempos próximos haja espaço para que os principais intervenientes no sector, desde logo o Governo, as empresas e as universidades, possam debater o financiamento do ensino superior no País e encontrar “novas luzes que alumiem os caminhos da qualidade, da excelência e da sustentabilidade”.
Defendeu que a “premissa maior” está assente na criação de um centro público de ensino, ciência e tecnologia, para a difusão e promoção da cultura do desenvolvimento, que pusesse no topo das prioridades o estudo e a investigação, de modo a potenciar o desenvolvimento humano, “húmus do desenvolvimento sustentável” do País.
Para o chefe de Estado, é preciso pensar e abordar de forma “mais holística e global” como ajustar e configurar mais a Uni-CV, assim como todas as instituições do ensino superior do País, à realidade insular e diaspórica de Cabo Verde, e como fazer com mais resultados a interacção com diáspora.
“Instaurar uma perspectiva global, que nos permita compreender o efeito acumulado dos impactos exercidos pela multiplicidade das acções curriculares pela Uni-CV e desenvolver as políticas públicas mais adequadas para que atinjamos a qualidade e a excelência em todas as áreas e os níveis da nossa oferta universitária”, mencionou.
Defendeu que é necessário pensar como consolidá-la como universidade em rede, instituição mais conectada aos “mais diversos e dinâmicos” centros do saber e da investigação, apanágio consagrado de universidades espalhadas pelo mundo.
Por outro lado, sublinhou que é preciso ter empresas capacitadas para produzir ou prestar serviços, dotadas de “forte dinamismo, ambição e capacidade de inovar e competir”, tanto no mercado nacional, como no mercado internacional.
José Maria Neves apelou à Uni-CV para abraçar a transformação como desígnio e como agenda, mas sublinhou que essa mudança requer adoptar um conjunto de padrões e de indicadores de ensino e de investigação universitários, de modo que Cabo Verde esteja visível nos rankings globais de classificação de qualidade.
“É nos tempos difíceis que devemos ter a ousadia de pensar o futuro e de mudar em nome desse futuro. Não nos devemos ter reservas mentais de ver mais longe e de ambicionar mais. A ousadia é a palavra-chave e que ganhou já especial significado na vida cabo-verdiana”, concretizou o chefe de Estado, que lembrou que o projecto da universidade pública foi lançado em 2004, altura em que exercia a função de primeiro-ministro.
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