Os vereadores da Câmara da Praia Samilo Moreira e Chissana Magalhães acusaram esta sexta-feira, 2, o presidente Francisco Carvalho de “autoritarismo”, manipulador da verdade e violação da lei, tendo Samilo Moreira adiantando que irá apresentar uma queixa-crime contra o edil.
Os dois vereadores da Câmara Municipal da Praia fizeram estas afirmações durante uma conferência de imprensa, realizada esta tarde, na cidade da Praia, para reagir às declarações feitas pelo presidente Francisco Carvalho, que anunciou a desprofsisonalizaçao dos mesmos, devido a falta de confiança política.
A situação vivida na Câmara da Praia nos últimos meses, revelaram, é de falta de diálogo, hostilidade, rancor, teimosia e vingança, bloqueios de projectos de alguns vereadores.
O vereador Samilo Moreira, na sua intervenção, acusou o presidente da Câmara Municipal da Praia de faltar com a verdade quando falou que ele (Samilo) não participou na cerimónia de empossamento, porque queria boicotar o acto, isto quando estava ausente do país na altura.
Quanto às declarações de Francisco Carvalho, de que os vereadores acima referidos estão a tentar instaurar a corrupção na câmara da Praia, Samilo Moreira considerou ser graves tais acusações e disse que irá apresentar uma queixa-crime contra o edil praiense, exortando o mesmo a provar acções de corrupção.
Disse ser “falsa” a afirmação do autarca sobre a criação de uma Unidade de Gestão de Aquisição, (UGA), isto porque, explicou, para que a referida unidade seja funcional terá que ter a certificação da ARAP, tendo neste sentido solicitado a Francisco Carvalho para apresentar a acta da reunião camarária que indica que tal medida foi discutida e aprovada pelo colégio dos vereadores.
“Se o presidente da câmara provar que criou UGA, que levou a proposta à reunião da câmara, mas que não foi aprovada e que neste momento existe a tal unidade de gestão na câmara, eu Samilo Moreira, renuncio o meu mandato e a minha militância do PAICV”, declarou.
Acusou ainda o presidente de estar a misturar e delegar a gestão dos pelouros, acção que chocam com os “princípios da transparência e legalidade”, acrescentando que Francisco Carvalho tem governado com “graves atropelos à lei” no que se refere à aprovação de propostas nas reuniões internas, que quando publicadas no Boletim Oficial são “alteradas”.
“Temos pessoas que estão a trabalhar, mas que não receberam o salário há três meses, o presidente, por birra, decidiu que não irá pagar. Este é o presidente humano que temos, que no facebook mostra ser humilde, mas nos bastidores é totalmente o oposto”, disse, acusando Francisco Carvalho de ter violado o estatuto municipal e de favorecimento a um grupinho.
Por seu turno, a vereadora Chissana Magalhães considerou que Francisco Carvalho teceu “graves e danosas acusações” de que ela e o vereador Samilo Moreira defendem “uma Câmara da Praia onde temos corrupção, onde a gestão é feita à margem da lei”.
As medidas anunciadas pelo edil praiense sobre a governação na base de transparência e legalidade e que os vereadores acima referidos não estariam de acordo, são, segundo Chissana Magalhães, “falsas”, uma vez que, sustentou, não tiveram conhecimento de nenhuma medida implementada pela CMP.
A vereadora considerou ser hipocrisia por parte do presidente, quando afirmou que é uma pessoa preocupada com a poupança de recursos financeiros, isto, ajuntou, quando o mesmo contratou mais de seis ou mais assessores e directores que auferem um salário de quase duzentos contos e alguns mais de duzentos contos mensais.
“Os vereadores são, neste organograma, relegados para o terceiro plano. Isto porque está em curso há já algum tempo o esvaziamento dos seus poderes delegados, com directores próximos do presidente a usurpar funções que cabem aos vereadores”, denunciou.
Francisco Carvalho, fazendo uma leitura enviesada e deturpada de alguns artigos dos estatutos, frisou a vereadora, está uma vez mais a açambarcar poderes que não lhe pertencem, lembrando que quando não apresenta as suas propostas ao colégio dos vereadores e à Assembleia Municipal, tais documentos e as alterações que listam são “inválidas” e constituem uma violenta usurpação de poderes de outros órgãos.
Chissana Magalhães afiançou, no entanto, que continuará a lutar pela legalidade no funcionamento de cada órgão e pelo respeito ao cargo e funções de cada eleito municipal, tendo afirmado que lamenta profundamente ter pedido as pessoas que votassem numa pessoa que mostrou ser “simples” e “humilde”, mas que nos bastidores tem-se revelado um verdadeiro autoritário.
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