Espectro do abuso de menores paira sobre a cabeça de Donald Trump
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Espectro do abuso de menores paira sobre a cabeça de Donald Trump

Os novos e-mails entre Jeffrey Epstein e seus colaboradores, divulgados pelos democratas do Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes, indicam que o presidente dos EUA tinha pleno conhecimento das atividades do traficante sexual de menores, já que “passou horas” na casa de Epstein com uma das vítimas, conforme se lê num dos e-mails de 2011.

Os milhares de documentos, incluindo e-mails, divulgados pelos democratas que controlam o Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos da América (EUA), abrem nova luz sobre as relações do condenado por pedofilia Jeffrey Epstein e empresários, executivos, académicos, políticos e jornalistas de todo o mundo. Parte desses documentos envolvem de forma direta e irrefutável o presidente dos EUA, Donald Trump, que durante anos manteve amizade com Epstein.

Bilionário ligado ao setor financeiro, Jeffrey Edward Epstein, faleceu a 10 de agosto de 2019, no Metropolitan Correctional Center, em Nova Iorque, um mês após ter sido condenado por tráfico de menores e abuso sexual. A causa da morte, pelo menos segundo a versão oficial, terá sido suicídio por enforcamento.

A troca de mensagens com seus colaboradores terá começado pela altura em que Epstein terminou o cumprimento de uma pena por prostituição de uma menor, corria o ano de 2009, tendo-se prolongado por uma década, apenas sendo interrompidas em 2019, quando ingressou pela segunda vez no sistema prisional.

Donald Trump e Jeffrey Epstein foram amigos chegados durante muitos anos, mas a relação terá chegado ao fim tempos antes das primeiras acusações de tráfico e abuso sexual. Pelo menos é essa a versão do inquilino da Casa Branca.

Os esforços de Trump para escapar de acusações

Antes de ser eleito, Donald Trump, em função da divulgação de conteúdos que evidenciavam uma relação de amizade entre os dois, havia prometido à sua base de apoio que, uma vez regressado à Casa Branca, se comprometia a divulgar documentos sobre o caso Epstein. No entanto, após tomar posse como presidente dos EUA pela segunda vez, assumiu outra posição, rejeitando o compromisso que havia assumido durante a campanha.

Nos bastidores da política norte-americana, toda a gente sabe dos esforços e pressões de Trump para escapar das acusações que impendem sobre ele e, nas suas redes sociais, chegou a escrever que os e-mails são uma “farsa”, pedindo aos congressistas para não perderem mais tempo com isso, alegando que tem “um país para governar”.

No entanto, as pressões do presidente não convenceram e, muito menos, intimidaram os congressistas democratas que controlam o Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes. E a divulgação de novos e-mails vem complicar ainda mais a já precária (e contestada) presidência de Donald Trump.

Trump já mudou de versão várias vezes

As relações de amizade entre Donald Trump e Jeffrey Epstein são uma autêntica pedra no sapato do inquilino da Casa Branca, e o espectro de abuso de menores paira reiteradamente sobre a sua cabeça, o que já o levou a mudar de versão várias vezes.

A 28 de julho deste ano, quando se encontrava em visita oficial à Escócia, Trump alegou ter deixado de contactar com Epstein após ter perdido funcionários que teriam passado a trabalhar para o então amigo, mas os nomes dessas pessoas não foram referidos.

“Eu deixei de falar com ele, pois ele fez algo inapropriado, roubou pessoas que trabalhavam para mim e foi expulso [da casa de Trump], se tornou ‘persona non grata'”, disse Donald Trump, citado pelo diário ‘The New York Times’.

No entanto, as declarações do presidente norte-americano confrontam-se com uma outra versão avançada pela Casa Branca que, dias antes, havia usado o palavrão “creep” (que significa “esquisito” ou “tarado”), para qualificar Epstein e fundamentar o afastamento entre eles.

Foto: DR

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