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PAICV diz que “políticas desajustadas” do Governo inverteram a caminhada de sucessos para a redução da pobreza em Cabo Verde
Política

PAICV diz que “políticas desajustadas” do Governo inverteram a caminhada de sucessos para a redução da pobreza em Cabo Verde

O líder da bancada parlamentar do PAICV disse hoje, durante a abertura do debate do Estado da Nação, embora a recessão económica de 2020, as políticas desajustadas deste Governo, inverteram a caminhada de sucessos para a redução da pobreza em Cabo Verde, que vinha sendo imprimida e que mereceu a avaliação do País como campeão da luta contra a pobreza nos anos precedentes.

“A situação agravou-se claramente e colocou milhares de cabo-verdianos na pobreza temporária. O número de empregados em Cabo Verde caiu de 209 mil, em 2016, para 186.627 empregados, em 2020. Ou seja, a Nação registou uma perda de mais 20 mil empregos, em quatro anos”, disse João Baptista Pereira.

Segundo este parlamentar, os inativos aumentaram de 140 mil para mais de 193 mil, ou seja, mais 53 mil pessoas engrossaram a já longa lista dos desanimados e, completou, estima-se em 74.630 o número de jovens que estão fora da educação, do emprego ou da formação (NEET).

“O número de pobres em Cabo Verde atinge os 186 mil, sendo que 115 mil estão a viver em situação de pobreza extrema. Cerca de 181 mil cabo-verdianos estão afetados pelas crises de alimentos e de nutrição em Cabo Verde e vivem em situação de insegurança alimentar. O número de barracas aumentou em Cabo Verde, pois há um elevado défice habitacional no País”, continuou.

Diante desta realidade, prosseguiu afirmando que o Governo, que “dá sinais de ser insensível aos problemas do deficit habitacional”, resiste ainda à distribuição de todas as casas construídas no âmbito do programa Casa para Todos, que, conforme disse, continuam de portas fechas um pouco por todo o País.  

“A situação que Cabo Verde está a atravessar tem, inegavelmente, a contribuição da chamada tripla crise. Porém, olhando para o todo Nacional, de Norte ao Sul do país, de Santo Antão à Brava, temos de dizer que o Governo em funções tem, também, a sua quota parte de responsabilidade diante das dificuldades que o país e os cabo-verdianos atravessam presentemente, gerando uma quarta dimensão da crise, que podemos designar de crise de governação”, elucidou.

João Baptista Pereiro pediu ainda que se olhe para o aumento exponencial da dívida pública de Cabo Verde, que atinge 184% do PIB em 2021, bem como para o stock da dívida pública do País, “que atingiu o valor histórico” de cerca de 294 milhões de contos. 

“Acresce-se a isso, o aumento dos passivos contingentes, que já atingiu a cifra dos 37, 5 milhões contos, por causa do uso abusivo de garantias do Estado por parte deste Governo, fazendo disparar a divida total do país para cerca de 331,5 milhões de contos, ou seja, quase o dobro da Produção Interna Bruta”, completou.

João Batista Pereira realçou ainda que a escalada do endividamento público, que expõe toda a sociedade cabo-verdiana, particularmente as próximas gerações, diante do perigo e das consequências de insustentabilidade da dívida já vinha, portanto, de 2016 e não pode ser imputada apenas aos efeitos da crise. 

“Na Educação, a qualidade do ensino está a deteriorar-se de forma preocupante. É inaceitável que, da avaliação feita a alunos do 2.º e 6.º anos nas disciplinas de Português e Matemática, só 9,1% conseguiu atingir os objetivos da avaliação e que apenas 6 em cada 10 alunos revelou ser capaz de responder às questões colocadas”, frisou.

É diante deste “quadro sombrio” que, disse, o Governo, embalado pelo slogan propagandístico “Não deixar ninguém para trás” decide “forçar a passagem de alunos impreparados, não se dando conta que, agindo assim num setor tão estratégico como a Educação, está a relegar para trás uma geração inteira e, em consequência, todo este país e todos nós”.

“Nos transportes, a Nação continua impávida e serena a ver até onde vai a capacidade do Governo de inventar desculpas, na vã tentativa de fintar a grave crise de conetividade entre as ilhas, e entre estas com o mundo, que a Nação vive”, citou.

João Baptista Pereira afirmou também que os cabo-verdianos sabem que, no setor dos transportes, o Governo tomou uma série de decisões erradas e fez “um conjunto de negócios absolutamente obscuros, leoninos e, portanto, lesivos do interesse público Nacional”. 

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