Em conferência de imprensa dada esta sexta-feira, o secretário-geral do PAICV acusa o Governo de descoordenação, falta de liderança e que nenhum setor essencial do país funciona com normalidade e respostas aos pedidos e reclamações da população. Vladmir Silves Ferreira disse, ainda, que o primeiro-ministro “já deitou a toalha ao chão”.
O secretário-geral do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Vladmir Silves Ferreira, falava na sequência da reunião da Comissão Política do partido que aconteceu na última quinta-feira, 25, onde foi analisada, entre outras questões, a situação política nacional.
Segundo este dirigente do PAICV, a situação do país é “dramática”, principalmente no que respeita ao fornecimento de serviços básicos, afectando as famílias, empresas e demais operadores sociais e económicos.
“Falhanço total” no setor energético
Vladmir Silves Ferreira apontou no setor energético o “falhanço total”, recordando que a central eléctrica da ilha de Santiago, foi recebida por este Governo, em 2016, inteiramente renovada, devendo cobrir 200% das necessidades da ilha, mas atualmente vem enfrentando “apagões” por razão de “incompetência e falta de investimentos”.
“Incertezas” na Educação
No que respeita à Educação, o secretário-geral do PAICV destacou as incertezas na implementação do novo Programa Curricular do Ensino Fundamental (PCFE), ao mesmo tempo que questionou a introdução do Manual de Língua Cabo-verdiana, considerando que o Ministério da Educação não confia na equipa de especialistas responsável.
Transportes com “irregularidades
Silves criticou, ainda, o setor dos transportes, tanto aéreos como marítimos, apontando “irregularidades” no fornecimento de serviços, preços elevados, cancelamentos diários e fragilidade das instituições reguladoras.
“Não encontramos um único setor [essencial] cujo funcionamento esteja ao nível esperado para a vida dos cabo-verdianos”, disse, ainda, Vladmir Silves Ferreira, considerando que o Governo “perdeu o controlo do país”.
Governo sem coordenação política
O secretário-geral do PAICV apontou, ainda, que cada ministro atua de forma individual e arbitrária, sem coordenação geral, o que, a seu ver, reflete a incapacidade do Governo de gerir a situação. E citou como exemplo a crise energética na cidade da Praia, para a qual, sublinhou, “não há prazo de resolução e de retorno à normalidade”.
Primeiro-ministro já deitou a toalha ao chão
“Penso que o primeiro-ministro já deitou a toalha ao chão, desistindo de organizar e liderar o Governo”, disse o dirigente do PAICV, sublinhando a gravidade da situação e a necessidade de respostas urgentes para os problemas do país.
A seis meses das eleições legislativas, o PAICV apela ao Movimento para a Democracia (MpD) e às lideranças partidárias para que o discurso político seja conduzido com “serenidade, elevação e respeito mútuo”, focando-se nos problemas reais e nas soluções para o desenvolvimento do país.
Referindo-se à forma “violenta e grosseira com que o secretário-geral do MpD se dirigiu ao presidente do PAICV”, Vladmir Silves Ferreira salientou que o PAICV considera que “somos adversários, mas não somos inimigos”, alegando que o seu partido “respeita institucionalmente o MpD e as suas lideranças”, pelo que apelou ao partido do Governo que proceda com “o mesmo grau de respeito”.
Por último, o secretário-geral do PAICV disse que o partido está a trabalhar na mobilização da sociedade civil, academia e operadores económicos em torno de um “novo projeto de resgate e desenvolvimento do país”.
C/Inforpress
Os comentários publicados são da inteira responsabilidade do utilizador que os escreve. Para garantir um espaço saudável e transparente, é necessário estar identificado.
O Santiago Magazine é de todos, mas cada um deve assumir a responsabilidade pelo que partilha. Dê a sua opinião, mas dê também a cara.
Inicie sessão ou registe-se para comentar.
Comentários