Orlando dias, deputado do MpD pelo círculo de África, teceu duras críticas ao Governo acerca das despesas públicas. Num post publicado esta manhã, 27, na sua conta do facebook, o político santacruzense lembra que há cerca de três meses Ulisses Correia e Silva declarou situação de emergência para voltar a pedir ajuda dos parceiros internacionais, e a justificar o não aumento dos salários dos que menos ganham com o argumento de que o país não tem condições. "Se o Estado não der o exemplo na contenção das despesas, não tem moral para pedir sacrifícios às cabo-verdianas e aos cabo-verdianos!"
"Três meses atrás (em junho), o primeiro-ministro declarou situação de emergência social e económica no país. Na ocasião, o governo de Cabo Verde acionou, junto dos nossos parceiros internacionais, os mecanismos necessários para a mobilização de recursos tendo em vista dar combate à crise. Ainda na mesma ocasião, o primeiro-ministro fez um apelo às cabo-verdianas e aos cabo-verdianos para que economizassem nos consumos de eletricidade, de gasóleo e gasolina, e que fizessem um esforço de poupança individual e familiar. Mas, também, apelou no mesmo sentido à administração do Estado", começou por recordar Orlando Dias no seu post, antes de considerar que "pelos vistos, os nossos parceiros internacionais acolheram bem o pedido do governo e, ao que julgo, terão aberto as mãos a novos recursos. É que, como se sabe, manter “um exemplo de democracia em África” tem alguns custos, nada de mais para os bolsos bem recheados das chamadas democracias ocidentais".
"Deduzo o que terão pensado as cabo-verdianas e os cabo-verdianos do apelo à poupança, quando não veem, por parte do primeiro-ministro e do governo um sinal nesse sentido. Como também não esquecem o que disse a segunda figura do executivo a propósito de aumentos salariais para os que menos ganham, argumentando que o País, de momento, não teria condições para tal.", escreveu Dias, para quem "o governo continua gordo e a fazer apelos à compreensão dos que menos ganham, ao mesmo tempo que se assiste às mãos abertas para quem mais tem. Ora, isto é incompreensível para a esmagadora maioria das cabo-verdianas e dos cabo-verdianos!"
O político nota ainda que já apresentou ao Parlamento várias propostas para a contenção da despesa pública "esbarrando nas orelhas moucas dos poderes instalados".
"Reiteradamente tenho apresentado, no Parlamento de Cabo Verde, propostas para a contenção da despesa pública, esbarrando nas orelhas moucas dos poderes instalados. E parece-me que ninguém do governo e do seu entorno evidencia perceber uma coisa tão simples como esta: se o Estado não der o exemplo na contenção das despesas, não tem moral para pedir sacrifícios às cabo-verdianas e aos cabo-verdianos!", rematou, ilustrando o seu post com a figura de um homem a apertar o cinto.
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