Líder da bancada do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) em São Lourenço dos Órgãos, José Correia, pede a renúncia do edil local, Carlos Vasconcelos, afirmando que o mesmo é o “principal responsável” pelo “caos” que se instalou no município.
O pedido foi feito em conferência de imprensa, na Cidade da Praia, na sequência de a autarquia local ter desprofissionalizado dois vereadores, ambos professores do ensino secundário, José Carlos Semedo Vieira e Valdano Paulo Cabral Furtado, com efeitos a partir de 1 de Maio, conforme comunicado nº 26 e 27/2018, já publicado no Boletim Oficial.
O vereador Moisés Vaz também foi dispensado, mas consta que este vai para a reforma.
Carlos Vasconcelos justifica que com esta medida o erário municipal irá poupar mais de 3 mil contos anuais, que serão canalizados para investimentos.
“Nós, no início do mandato, decidimos profissionalizar todos os quatro vereadores, conforme manda a lei, mas transcorridos dois anos do mandato, verificamos que a nossa política já está traçada e os projectos elaborados, e por isso não temos necessidade de todos estes vereadores profissionalizados”, justificou Carlos Vasconcelos.
Na opinião de José Correia, essa atitude do presidente da câmara tem como objectivo afastar estrategicamente "potenciais adversários internos na próxima disputa eleitoral".
“Esta é a principal razão que o motivou a dispensar os vereadores, tirando-lhes todo o protagonismo e visibilidade política para assegurar com menos sombra o seu reinado”, notou José Correia.
Conforme frisou, utilizando o mesmo estratagema o presidente da câmara tentou desprofissionalizar também o secretário da mesa da Assembleia Municipal, sem ouvir o presidente desse órgão deliberativo, “numa clara usurpação do poder”.
Sobre a alegação do edil de que, com essa medida, vai poupar mais de 3 mil contos para investir nos projectos, José Correia considerou que com isso, “concomitantemente” o edil admitiu que os seus dois anos de mandato foram “lesivos” para erário municipal, em mais de 6 mil contos.
“Isto é inaceitável do ponto de vista da gestão democrática”, frisou, denunciando ainda que o presidente de câmara gastou milhões de escudos protegendo elementos do seu partido e, em contrapartida, ter efectuado cortes nos salários de todos os trabalhadores municipais.
A este respeito, convém lembrar que Carlos Vasconcelos intentou, em Abril do ano passado uma acção contra os seus funcionários no Supremo Tribunal da Justiça, pedindo a suspensção da aplicação do novo PCCS, acto este que provocou uma redução drástica nos salários dos trabalhadores. Este processo ainda corre seus trâmites nesta instância superior do poder judicial.
Com Inforpress
Comentários