A provável extinção do cargo de vice-primeiro-ministro - que seria uma despromoção de Olavo Correia - será a maior novidade no próximo elenco governamental que Ulisses Correia e Silva está por estes dias a preparar. Apesar de haver sectores do MpD que defendem uma mudança profunda no Executivo, fontes de Santiago Magazine avançam que UCS insiste em manter a equipa que com ele cumpriu todo o mandato 2016-2021, acrescentando algumas caras novas, como Lourenço Lopes, Pedro Barros, Paulo Santos e Filomena Gonçalves, e fazendo alguns reajustes na distribuição das pastas. Saiba quem são os ministeriáveis para UCS.
A partir desta sexta-feira, 14, depois de um provável novo encontro com o Presidente da República para preparar a montagem do próximo Governo, Ulisses Correia e Silva terá então luz verde para começar a formar o Governo que vem esboçando há semanas e que será empossado no dia 20 de Maio, um dia depois da investidura dos deputados à Assembleia Nacional.
Neste momento, volvido quase um mês após vencer as legislativas para um segundo mandato, o reeleito primeiro-ministro, UCS, ainda estará, segundo fontes de Santiago Magazine, a tentar fechar o quadro de ministros e secretários de Estado que quer para integrar o novo Executivo, mas o processo tem-lhe retirado o sono.
Isto porque há sectores no seio do partido ventoinha que defendem uma quase total renovação no Governo, ideia, aliás, que encontra força no facto de boa parte dos integrantes do Governo que geriu o país nos últimos cinco anos não ter tido o desempenho que deles era esperado, sem contar também que há figuras que sempre deram a cara para o partido - sobretudo durante o jejum de 15 anos longe do poder - que desejam ascender ao órgão executivo.
Ulisses Coreia e Silva, da sua parte, pretende manter a mesma equipa que com ele vem trabalhando desde 2016. Tanto quanto se sabe, deverá ser a posição de UCS a levar a melhor nesta disputa interna, para desgosto de uns tantos militantes, e gaúdio de outros xis que dão razão ao reeleito primeiro-ministro, com o argumento de que "em equipa que ganha não se mexe".
Os ministeriáveis
No meio de tantas especulações, as fontes de Santiago Magazine, admitem duas certezas: o Governo vai ser alargado - ao contrário do que sempre defendera UCS - e, nota de maior realce, vai deixar de haver a figura do vice-primeiro ministro, o que seria uma clara clara despromoção de Olavo Correia.
O actual número dois do Executivo e também um dos vice-presidentes do MpD, baixaria então a ministro do Estado e da Coordenação Económica, deixando as Finanças ou para Gilberto Barros (candidato a sair) ou Pedro Barros, actual presidente da Pró-Empresa, enquanto secretário de Estado.
Fernando Elisio Freire, outro dos vices de Ulisses na direcção ventoinha, está indicado para ministro do Estado e da Família, ficando as restantes pastas que tutelava, como Desporto e Juventude para Carlos do Canto Monteiro, que subiria de secretário de Estado a ministro, e os Assuntos Parlamentares e Presidência do Conselho de Ministros, para as mãos da deputada Filomena Gonçalves (entrada nova, foto à direita).
Janine Lélis, que liderou o sector da Justiça, deverá deixar essa pasta para Joana Rosa (à esquerda na foto), actual líder do grupo Parlamentar do MpD, e se mover para ministra da Defesa, departamento que estava com Rui Figueiredo Soares, que deverá manter-se apenas como ministro dos Negócios Estrangeiros. Lélis estava a ser cogitada para presidente do Parlamento, mas, ante a sua recusa, o MpD terá decidido manter Jorge Santos como presidente do Parlamento e segurar a politica salense e dirigente ventoinha no Governo.
Outra novidade será a separação do Ministério da Cultura e Indústrias Criativas, a cargo de Abraão Vicente, que também tinha a tutela da Comunicação Social. O político de Assomada, segundo atestam as nossas fontes, vai ficar com o Ministério da Cultura e ceder a política de Comunicação Social a Lourenço Lopes (foto no centro), que, a acontecer tal cenário, se estreará nas lides governamentais com essa pasta em acúmulo com o de ministro adjunto do primeiro-ministro. Aliás, há alas dentro do MpD, a advogar que a pasta das Indústrias Criativas seja atribuída, em acumulação, ao ministro da Economia Marítima, Paulo Veiga, já que, estando sedeado em São Vicente, estaria mais próximo da comunidade artistica sãovicentina onde a criatividade artistica é tida como sendo mais desenvolvida em Cabo Verde.
Quem também deverá ascender a ministra é a secretária de Estado da Administração Pública, Edna Oliveira, assumindo este mesmo sector. Paulo Santos, actual presidente do IEFP, é apontado como secretário de Estado para o Emprego e Milton Paiva para a Integração Regional.
Todos os restantes ministros, segundo consta, deverão manter-se nos seus cargos: Arlindo do Rosário na Saúde, Paulo Rocha na Administração Interna, Gilberto Silva na Agricultiura e Ambiente, Eunice Silva nas Infraestruturas, Carlos Santos nos Transportes e Turismo, Amadeu Cruz na Educação e Alexandre Monteiro nas Indústrias e Energia.
Guerra parlamentar
Todos estes nomes são defendidos por Ulisses Correia e Silva, mas ainda não foram discutidos ao nível da Comissão Política do partido, que apenas decidiu pelo apoio à candidatura presidencial de Carlos Veiga.
O problema é que este apoio retira da corrida Jorge Santos, actual presidente da Assembleia Nacional, que agora se encontra num braço-de-ferro com Austelino Correia, seu ex-vice na Assembleia Nacional (com quem se terá incompatibilizado, a ponto de o demitir de segundo homem na hierarquia da AN), que pretende e exige liderar doravante os trabalhos na Casa Parlamentar, como, de resto, noticiou esta quinta-feira, 13, o jornal A Nação, que garante o apoio do PAICV ao projecto do cabeça de lista do MpD por Santiago Norte.
De acordo com a edição semanal do jornal (em pdf), os grupos parlamentares do PAICV e do MpD devem se reunir na próxima segunda-feira para acertarem os apoios, isto é, o partido ventoinha a aceitar Janira Hopffer Almada como primeira vice-presidente da AN, e os tambarinas a votarem a favor da continuidade de Jorge Santos. Austelino Correia faz finca-pé e parece ter aberto uma briga que só seria solucionável, aos olhos de alguns militantes, com a criação de um novo Ministério para acolher um dos dos dois, Santos ou Correia.
A Nação informa ainda que Orlando Dias e Mircea Delgado também pretendem ser eleitos, na sessão inaugural do Parlamento no dia 19 próximo, primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional.
Todos estes detalhes terão de ser afinados bem antes da tomada de posse dos deputados nacionais, a 19 de Maio, para que no dia seguinte, 20, seja conferida posse ao novo Governo da X Legislatura.
À partida, parece que Ulisses Correia e Silva, confiante de que a vitória do MpD nas eleições de 18 de Abril significaram a aprovação do seu elenco, ter-se-á preocupado com o equilíbrio regional, e negligenciado as pastas a nível do género foi para a gaveta.
(Por lapso, Santiago Magazine não mencionara nesse texto o nome do ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos, que deve continuar no cargo - notícia actualizada às 18h10)
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