A magistrada do 2º Juízo Crime do Tribunal da Comarca da Praia, Mirta Andrade Teixeira, encorajou hoje as meninas e mulheres a lutarem pelos seus sonhos, realçando que as mulheres têm capacidade para estarem no lugar que quiserem.
Mirta Andrade Teixeira, que falava à Inforpress, no âmbito do Dia Internacional das Juízas, celebrado hoje, 10 de Março, sublinhou que apesar de ser uma profissão “desgastante”, de “responsabilidade” e que exige muito de si, exerce a magistratura com “muito gosto”.
A juíza Mirta Andrade Teixeira, que é magistrada há quase 15 anos e está no 2º juízo criminal do Tribunal da Comarca da Praia há seis anos, começou por explicar que o seu percurso foi “tranquilo” e foi “muito bem acolhida” pelos seus colegas nesse meio onde hoje em dia é dominado por mais homens do que mulheres.
Antes de chegar à capital do país, a magistrada actuou nas comarcas do Maio, Sal e São Domingos onde trabalhou em todos os tipos de processos, e hoje é a única juíza criminal no Tribunal da Praia, com competências especializadas em processos criminais, independentemente da forma do processo aplicável.
“Sempre tive o sonho de ser juíza, de ter uma profissão independente onde eu mesma faço a minha agenda, claro com objectivos globais a cumprir”, disse a juíza que avançou que apesar de ser uma profissão que exige muito de si, nunca pensou em desistir.
Entretanto admitiu que os desafios são “enormes” sendo que a criminalidade na capital do país é “complexa”, e requer muitas horas de trabalho para conseguir resolver um número satisfatório de processos, já que o número de juízes é reduzido.
“Nunca conseguimos satisfazer as pretensões, digamos assim, da sociedade, porque a justiça, nem sempre consegue dar respostas a tempo em que a sociedade quer. A justiça, como se diz, tem o seu tempo e, às vezes, este tempo demora um pouco mais do que o pretendido”, esclareceu.
Para Teixeira, a magistratura é uma profissão que deve ser encarada com “responsabilidade” “sinceridade”, “ponderação”, “equilibro” e “objectividade, uma vez que estão a lidar com a liberdade e vida das pessoas.
“É claro que todos os dias temos que estudar para resolver as situações que se nos colocam, mas isto é muito gratificante porque não ficamos estagnados, sendo que estamos sempre com processos e situações novas, onde podemos explorar mais, aprender todos os dias e discutir com os colegas”, precisou.
Mirta Andrade Teixeira adiantou ainda que é abordada por estudantes sobre a profissão e tem deixado sempre um apelo e uma mensagem de que as mulheres podem estar onde quiserem e ser o que quiserem, mas com muita dedicação, esforço e responsabilidade acima de tudo.
“Nós mulheres temos capacidade para estarmos onde quisermos, temos que acreditar em nós, que somos capazes, temos inteligência, foco, disciplina e dedicação”, precisou a juíza que disse que valeu a pena ter escolhido esta profissão.
“Eu acho que quando se tem o gosto por uma profissão, deve-se sempre lutar, experimentar, e tentar, é melhor ir e não conseguir e ficar com a consciência tranquila, do que não tentar e ficar com a sensação de, se calhar, se eu tivesse tentado, podia conseguir”, sublinhou.
A magistrada avançou também que ao longo desses anos teve a oportunidade de analisar vários tipos de processos criminais, mas teve um que lhe marcou como ser humano tendo em conta o cenário e a barbaridade do crime em si, algo que mexeu com ela como ser humano e não como juíza.
Na ocasião apontou que neste momento existem em Cabo Verde 74 juízes, sendo 44 homens e 30 mulheres.
O Dia Internacional das Juízas foi celebrado pela primeira vez a 10 de Março de 2022. A resolução foi adoptada pela Assembleia Geral em 2021, reafirmando o compromisso dos países com a igualdade de género e o empoderamento de mulheres e meninas.
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