O líder do PAICV, Rui Semedo, disse ter ficado hoje em “estado de choque” ao visitar a localidade de Alto Santa Cruz, no Sal, e constatar a situação “deplorável” em que vivem as pessoas daquela região.
Rui Semedo encontra-se no Sal na qualidade de presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) para uma visita de três dias, para se inteirar da realidade política, socioeconómica e laboral na ilha.
“Este choque de termos uma ilha com duas caras. Uma cara do progresso, desenvolvimento, que serve o turismo, uma cara que pode ser vendida lá fora para mobilizar a vinda de mais turistas, e a cara da miséria, degradação e marginalização social”, asseverou.
O líder do partido “tambarina” fez essas declarações no fim da sua visita à zona de Alto Santa Cruz, a qual, conforme disse, com alguma preocupação, mostra uma realidade diferente.
“Parece que vivemos em dois mundos totalmente diferentes, opostos. Visitamos realidades onde existe tudo, e as pessoas trabalhadoras contribuem para a geração de riqueza para o desenvolvimento da ilha, do País, e visitamos outra realidade, o lugar onde as pessoas vivem sem nenhum mínimo de dignidade”, lamentou.
Segundo a mesma fonte, ver as pessoas a viverem nessas condições, isto é, em barracas, algumas até de sacos e papelões, sem acesso à água, electricidade, a rendimentos, entre outros aspectos, transmite a mensagem de que há que parar para pensar o que se está a fazer para produzir esta situação de “marginalização social”.
“E, numa ilha que estamos a apresentar ao mundo como uma ilha atrativa, aprazível, que faz sentido visitar… acho que temos que cuidar da dimensão humana, da qualidade de vida das pessoas, a começar pela dignificação das pessoas”, comentou o líder tambarina.
“Enquanto as pessoas viverem nesta situação, acho que nenhum cidadão que exerce a política fica tranquilo, porque é uma situação deplorável que incomoda a todos. As pessoas queixaram-se de dificuldade a nível da alimentação. Há que cuidar dessas pessoas, em nome da dignidade e do desenvolvimento do País”, enfatizou.
Ao lançar este olhar, Rui Semedo reiterou, referindo que a situação deve chamar a atenção de todos os políticos, incluindo os que estão na oposição.
“Para verem a realidade, o que não deve continuar a existir, e termos todas as respostas no sentido de melhorar a condição de vida das pessoas”, exteriorizou, considerando que os avanços que Cabo Verde já conseguiu, enquanto País independente, não se pode admitir que tenha uma marginalização social “tão profunda” como a que se verifica no Alto de Santa Cruz.
Rui Semedo prossegue a visita esta quinta-feira, onde terá contactos com outras realidades e pontos da ilha.
Mas, para já, conforme exteriorizou, é “este choque” de situações, com extremos “muito grandes” que marcaram esse primeiro dia de visita.
“Extremos que deverá envergonhar-nos porque não podemos desenvolver o País desta forma”, concluiu.
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