O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, garantiu ontem que o Governo está a negociar a compra de um novo avião para evacuações de doentes de uma ilha para outra e que o processo de privatização da TACV “ficará concluído” até ao final do ano.
“A alternativa seria liquidar. Não liquidámos, colocámos a TACV a voar, estamos a operacionalizar o conceito de hub [plataforma aérea] e não tenho dúvidas de que vai ser um sucesso”, declarou o chefe do Governo durante uma conversa aberta com jornalistas e representantes da sociedade civil esta quinta-feira, 23, para assinalar os primeiros dois anos da sua governação.
Questionado sobre várias queixas dos trabalhadores e dos sindicatos que os representam em relação à forma como está a ser conduzido o processo TACV, Correia e Silva reconheceu a existência de “dificuldades”, e afirmou que hoje a transportadora podia estar “morta e enterrada”, mandando “todo o mundo para o desemprego” e o país ficar sem a sua companhia aérea. “É este o ponto de partida em 2016, quando assumimos o Governo”, indicou, acrescentando que hoje há “ganhos” e a Cabo Verde Airlines está a voar.
Relativamente ao transporte de doentes de uma ilha para outra, reiterou que o seu executivo está a trabalhar no sentido de resolver este problema. “Até ao final deste ano, teremos, seguramente, um aparelho da Guarda Costeira, que servirá não só para fazer a vigilância marítima e costeira que Cabo Verde precisa, como também para situações de emergência médica”, garantiu.
A seguir reconheceu que os aviões comerciais não estão vocacionados para prestar serviço no transporte dos doentes, uma vez que, aludiu, seriam obrigados a “desviarem-se do seu roteiro normal, da sua actividade comercial para responderem a uma necessidade de evacuação”.
Enquanto não se resolver o problema com o avião da Guarda Costeira, disse o primeiro-ministro, está a ser “contratualizado” um serviço com a nova transportadora aérea nacional (Binter-Cabo Verde) para ir suprimindo as necessidades pontuais que vão aparecendo.
“Reconheço que este problema (de transporte de doentes) é complexo, mas é uma situação que se arrasta há vários anos e que agora queremos dar uma resposta estruturante”, sublinhou o primeiro-ministro.
Instado se há transparência no processo de negociações com a Binter e a Icelandair, empresa que está a gerir a TACV, respondeu que sim e afiançou que quando tudo estiver concluído, a “sociedade saberá”.
“As condições negociais não podem ser feitas na praça pública” alegou, adiantando que, neste momento, o Governo tem um contrato de gestão assinado com a Icelandair e que o processo de privatização da TACV será feito de acordo com a lei.
Relativamente à Binter, assegurou que não há nenhuma exclusividade no transporte inter-ilhas.
“Não há nenhuma medida legislativa do Governo no sentido de fechar o mercado”, precisou o chefe do Governo, que considerou que qualquer companhia aérea que queira operar no mercado doméstico pode fazê-lo, “desde que cumpra as condições de regulação” que são estabelecidas pela Agência de Avião Civil.
Segundo ele, o Estado tem a intenção de entrar no capital social da Binter, ainda que seja transitoriamente, porque não é intenção deste dispor de “participações em empresas”.
Sobre a presença de Cabo Verde na Comunidade Económica para o Desenvolvimento da África Ocidental (CEDEAO) explicou que o comprometimento do país com a comunidade é “muito claro”. “Pela primeira vez Cabo Verde tem um ministro com a responsabilidades exclusivas sobre a integração regional”, declarou, adiantando que o arquipélago vai abrir uma embaixada em Abuja, capital da Nigéria, e uma representação junto da União Africana, em Addis-Abeba (Etiópia).
“Mais do que discursos africanistas, temos estado a mostrar que, efectivamente, queremos estar na CEDEAO para defendermos os interesses de Cabo Verde dentro da comunidade do espaço da África Ocidental”, conclui.
Com Inforpress
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