O candidato à liderança do Movimento para a Democracia (MpD, poder), Orlando Dias, disse este sábado, em São Vicente, que vai negociar com os outros partidos para fazer uma revisão da Constituição e aprovar a melhor proposta de Regionalização.
Estas propostas foram avançadas por Orlando Dias, à imprensa, à margem da apresentação da sua candidatura em São Vicente, cujo lema é “Mais democracia, e devolver o partido aos militantes”.
Orlando Dias disse que quer assumir a liderança do MpD e trabalhar junto com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, por “Cabo Verde, até 2026, altura em que pretende fazer com que o seu partido vença as eleições. E uma das suas propostas é reforçar os poderes dos municípios, principalmente de São Vicente que diz ser “uma ilha muito importante” para o País.
“Vamos reforçar os poderes do município e vamos trabalhar para que haja indústrias em São Vicente, para que apostemos no turismo e lutemos contra a pobreza, para ter uma política mais consistente em termos habitacionais, apostar na educação, na formação. É uma ilha que tem uma vocação marítima, também vamos apostar nos transportes inter-ilhas, tanto aéreos como marítimos e melhorar este serviço”, indicou.
O candidato à liderança do MpD acrescentou que fará tudo para que haja Regionalização, para que São Vicente possa relacionar-se directamente com os países desenvolvidos para melhorar a sua economia, produzir, industrializar e ser cada vez mais uma ilha desenvolvida.
Questionado sobre a necessidade de negociação tendo em conta que para efectivar a Regionalização é preciso a aprovação com votos de 2/3 dos deputados no parlamento, Orlando Dias afirmou que “um partido que está no poder tem que ter capacidade para negociar com outros partidos”.
“Temos que dialogar com o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) e com a União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), que são partidos com assento parlamentar, para que façamos a revisão da Constituição e aprovemos a Regionalização do País”, clarificou a mesma fonte indicando que vai “pegar na proposta existente e socializar com toda a sociedade e com todos os partidos e chegar a uma proposta que melhor sirva Cabo Verde”.
Além da revisão constitucional, apresentou a proposta de “reforma profunda” do Estado de Cabo Verde com a “contenção da despesa pública” para “colocar os pobres no centro do Orçamento do Estado”.
Esta reforma, salientou, significaria “uma poupança de um a três milhões de contos que seriam encaminhados para a área social, para a saúde, para educação e para a luta contra a pobreza”.
“Com esta liderança corremos sérios riscos de perder as eleições em 2026 se o actual Governo, a actual liderança, continuar na mesma linha porque estão a bater na mesma tecla. Não estão a fazer reformas. É só vermos que temos um Governo de 26 membros e poderíamos ter um Governo de 12, é só vermos que a liderança está afastada das bases, é só vermos que em 2021 nós descemos o score eleitoral e temos de ter em conta que há um desgaste do segundo mandato”, afirmou.
A nível do partido, propõe ter quatro vice-presidentes, sendo um para o Barlavento, um para Santiago Norte, um para Santiago Sul e outro para a região Fogo-Brava.
Para o candidato, é necessário mudar a liderança para que o MpD seja um partido melhor organizado, próximo dos seus militantes, junto das suas bases, e faça uma “revisão profunda” do estatuto, para que os órgãos do partido, designadamente a Comissão Política Nacional, a Direcção Nacional passem de novo a ter competências.
“Ou seja, estamos a propor aos militantes uma liderança partilhada e inter-relacional, em que todos possam ter lugar. Os militantes vão passar a ter voz e a ser respeitados”, explicou o candidato.
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