As candidaturas para constituição da mesa definitiva da Assembleia Municipal da Boa Vista não chegaram sequer à votação. A presidente da mesa provisória, Elisabete Évora, abandonou os trabalhos, quando o PAICV apresentou a sua lista própria. Pelo meio, os candidatos a presidência da Assembleia Municipal da Boa Vista (AM), Walter Évora (PAICV) e Sérgio Corrá (PP), afirmaram que “não foram consultados” para integrar a lista proposta pelo MpD para constituição da mesa definitiva daquele órgão.
Com efeito, os dois candidatos, em declarações à Inforpress, após o acto solene de instalação dos órgãos da nova Assembleia Municipal da Boa Vista, afirmaram que os seus nomes surgiram na lista proposta pelo Movimento para a Democracia (MpD), mas “sem o seu consentimentos e sem os consultar”.
Na lista A, o MpD propôs Elisabete Évora à presidência da Assembleia Municipal, Walter Évora (PAICV) para vice-presidente, e Sérgio Corrá, do Partido Popular (PP), para secretário.
O PAICV, por seu lado, apresentou a lista B, com indicação de Walter Évora para a presidência da Assembleia Municipal da Boa Vista, Roberto Ramos, para vice-presidente, e Cecílio Pinto, para secretário.
A presidente da mesa provisória leu as propostas, mas não as submeteu à votação da plenária, levantou-se da mesa e abandonou a sala, antes de suspender a sessão com o argumento de que se está em democracia e que “o povo já decidiu no dia 25 de Outubro”, e que a lista B não esta em conformidade com as leis”.
Para o candidato do PAICV a presidente da Assembleia Municipal, Walter Évora, houve um “acto de subversão” do Regimento da Assembleia Municipal, “de rebeldia de pessoas que não querem reconhecer os resultados eleitorais e não querem sair do poder”.
“Há profundo desrespeito pelo povo da Boa vista, aos convidados, ao Governo da República e aos demais convidados, esta senhora que teve esta atitude mostra que não tem as mínimas condições para estar a frente desta assembleia municipal”, afirmou o candidato, acusando ainda o MpD de “estar a tentar dar um golpe”.
Conforme analisou Walter Évora, Elisabete Évora foi “a primeira a desrespeitar a vontade popular e a violar a lei”, ao presidir uma mesa provisória e não dar a palavra a ninguém, mesmo tendo afirmado antes que se deve respeitar a vontade popular e de fazer um juramento para respeitar a lei.
“Indicaram o meu nome na lista deles sem falar comigo, em nenhum momento o MpD falou comigo. Eu não dei o meu aval, não dei o meu consentimento para fazer parte da lista do MpD”, declarou Walter Évora, que, mesmo assim, continuou, não se mostrou surpreso por esta atitude que considerou de “um golpe”.
Quanto a alegação de Elisabete Évora que afirmou que o MpD vai procurar um parecer jurídico sobre a legalidade da lista, Walter Évora disse que o MpD “pode vir com o parecer que quiser”, isto porque, frisou, “a lei, o artigo 69 do estatuto dos municípios é clara, a mesa é composta por um presidente, um vice-presidente e um secretario, e a mesa definitiva é eleita pelos membros da assembleia municipal”.
“A lei é clara, todas as mesas em todos os concelhos, em todos estes anos da autarquia local, foram eleitas nos termos da lei. É a primeira vez que tem este tipo de atitude ditatorial. Ainda não sabemos bem o que vamos fazer”, pontuou.
Sérgio Corrá, do PP, por seu lado, que concorreu com uma lista somente para a Assembleia Municipal, confirmou contactos do MpD, mas observou que o PP não estava interessado em “nenhum lugar na mesa”.
“E, no final, o MpD apresentou, sem a nossa autorização, uma proposta incluindo o meu nome como secretário da mesa da assembleia, portanto foi uma surpresa, nós não autorizamos”, precisou.
O mesmo alertou para o facto de se tratar de um assunto que precisa ser resolvido [a instalação da mesa definitiva], já que o PP “continua a confirmar que não está interessado em fazer parte da mesa definitiva”, e que “tem interesse em ficar na bancada, onde poderá fazer propostas e interagir com a população”.
“Cargos de prestígio político não nos interessam, neste momento”, declarou Sérgio Corá, que considerou que é da “responsabilidade do MpD a perda de tempo e de dinheiro público”.
“Estão a desperdiçar o dinheiro público, principalmente numa altura em que a ilha da Boa Vista encontra-se num momento delicado, principalmente a nível social e económico”, finalizou a mesma fonte.
Com Inforpress
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