As autoridades portuguesas anunciaram esta manhã dois casos positivos ao Covid-19. Os dois homens, de 60 e 33 anos, estiveram em Itália e Espanha, sendo que um deles aguarda os resultados de contra-análise do Instituto de Saúde Ricardo Jorge.
Segundo a directora geral da saúde, poirtuguesa, Marta Temido, um dos casos confirmados, e já validado, diz respeito a um homem, de 60 anos, que se encontra "estável". Este paciente que esteve no Norte de Itália começou a ter sintomas no passado dia 29 de fevereiro.
O segundo caso, que aguarda agora validação do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, trata-se de um doente também do sexo masculino. Este homem, de 33 anos, encontra-se igualmente estável. O paciente esteve em Valência, Espanha, e começou a ter sintomas no dia 26 de fevereiro.
A divulgação da informação de que Portugal tem casos de pessoas infectadas com coronavírus surge depois de o primeiro-ministro ter vindo falar sobre a epidemia que teve origem na China e já infectou mais de 83 mil pessoas a nível global e provocou a morte de três mil em todo o mundo (mais de 2 600 na China).
António Costa falou na necessidade de agir sem "pânicos desnecessários", mas fez questão de afirmar que seria uma questão de tempo até que Portugal registasse um caso.
"Creio que todos temos que estar cientes que, com o grau de expansão que o vírus tem tido, até agora temos tido a felicidade de nenhum caso positivo se ter verificado, mas mais tarde ou mais cedo algum caso positivo se vai verificar. Aquilo que nós nos temos que nos preocupar é em tomarmos as medidas sem dramatização, sem pânico, para evitar que, ainda que negligentemente, possamos ser transmissores", frisou o primeiro-ministro, em Bragança, onde presidiu à reunião do Conselho de Ministros.
Na mesma ocasião, perante o facto de ainda não serem conhecidos casos positivos de coronavírus em Portugal, o chefe do governo afirmou que não havia justificação para fechar escolas, mas aconselhou os estudantes a evitarem as tradicionais viagens de finalistas para o estrangeiro, que já são uma tradição nas férias da Páscoa.
Desde que foi conhecida a epidemia de coronavírus - cujo foco é a cidade chinesa de Wuhan - no nosso país todos os casos suspeitos tinham dado negativo. Até esta quinta-feira, foram realizados 25 testes.
O coronavírus está espalhado por mais de 40 países - Portugal passou agora fazer parte desta lista negra. Itália é um dos casos mais preocupantes na Europa, já que em poucos dias viu o número de infectados subir em flecha - já são 655 os infetados e 21 as vítimas mortais.
O país registou a primeira morte por coronavírus no dia 21 de fevereiro e desde então tem tomado fortes medidas na tentativa de restringir a propagação do covid-19: há uma dezena de localidades da região norte isoladas, escolas e museus encerrados, atividades públicas, nomeadamente jogos de futebol, cancelados.
Em Portugal não há consenso sobre se há quadro legal para impor a quarentena obrigatória. Constantino Sakellarides, especialista em saúde pública, que esteve à frente da Direção-Geral da Saúde e da Escola Nacional de Saúde Pública, é uma das vozes que defende que a legislação portuguesa permite o internamento obrigatório de um doente com coronavírus.
O médico tem por base a Lei n.º 81/2009, que instituiu "um sistema de vigilância em saúde pública, identifica situações de risco, recolhe, atualiza, analisa e divulga os dados relativos a doenças transmissíveis e outros riscos em saúde pública, bem como prepara planos de contingência face a situações de emergência ou tão graves como de calamidade pública". E também na Lei de Bases de Saúde (n.º 95/2019), sobre direitos e deveres na proteção da saúde.
Os casos de isolamento registados em Portugal foram voluntários - 18 cidadãos nacionais e duas cidadãs brasileiras vindos de Wuhan, foco do surto na China, estiveram isolados durante 14 dias em instalações hospitalares, mas nenhum estava infetado com o vírus.
O número de infectados por coronavírus já fez 2 867 vítimas mortais, ultrapassando assim as mortes por SARS, uma síndrome respiratória aguda grave, que assolou o mundo em 2002 e 2003. Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há outros casos de infeção confirmados em mais de 50 países.
A pneumonia emergiu na cidade chinesa de Wuhan no final do ano passado e foi provocada por um novo coronavírus, anteriormente desconhecido da ciência. Sobre a origem do vírus, batizado assim porque a sua forma que faz lembrar uma coroa, também não há certezas. Sabe-se apenas que o surto emergiu a partir de um mercado de venda de peixe fresco, marisco e outros animais vivos, incluindo espécies selvagens, como morcegos e cobras.
Santiago Magazine/Diário de notícias
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