Num ano marcado por duas guerras, na Ucrânia e no Médio Oriente, e quando todas as fichas estavam apostadas em António Guterres, secretário-geral da ONU, o Prémio Nobel da Paz é atribuído à organização japonesa Nihon Hidankyo pelos esforço de abolição de armas nucleares e apoio aos sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki.
O Prémio Nobel da Paz 2024 foi atribuído à organização japonesa Nihon Hidankyo que presta apoio aos sobreviventes (conhecidos como Hibakusha) das bombas atómicas que caíram sobre Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945.
O Comité Nobel justificou a escolha desta organização pelos “seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar através de depoimentos de testemunhas que as armas nucleares nunca devem ser novamente utilizadas".
No seu sítio na Internet, a Nihon Hidankyo — fundada a 10 de agosto de 1956 — diz ser a única de sobreviventes das duas bombas atómicas. Os seus dirigentes e membros são todos Hibakusha.
Em março de 2016, o número total de Hibakusha sobreviventes a viver no Japão rondava os 174.080. Há também vários milhares a viver na Coreia e noutros países.
“Em resposta aos ataques com a bomba atómica de agosto de 1945, surgiu um movimento global cujos membros trabalharam incansavelmente para aumentar a consciencialização sobre as consequências humanitárias catastróficas da utilização de armas nucleares”, recorda o Comité Nobel. Neste contexto, “os testemunhos dos Hibakusha são únicos”.
Por todo o mundo, movimentos e associações que combatem o uso militar do nuclear difundiram o termo Hibakusha para designar qualquer vítima direta de um desastre nuclear, incluindo, por exemplo, o da central nuclear de Fukushima, a 11 de março de 2011, também no Japão.
O Comité Nobel reconhece que, graças ao trabalho desenvolvido por organizações como a Nihon Hidankyo, “gradualmente, desenvolveu-se uma poderosa norma internacional, estigmatizando a utilização de armas nucleares como moralmente inaceitável. Esta norma ficou conhecida como ‘o tabu nuclear’”.
A questão do nuclear e do desarmamento tem merecido uma atenção regular por parte do Comité Nobel.
Em 2017, foi reconhecido o trabalho da Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN), com sede em Genebra (Suíça). Na rede social X, a ICAN celebrou a atribuição deste Nobel. Refere que os Hibakusha são “inspiradores” e “trabalharam incansavelmente para aumentar a consciência sobre os impactos catastróficos das armas nucleares e pressionar para a sua eliminação total”.
Em 2005, foi distinguida a Agência Internacional de Energia Atómica e o seu diretor-geral, o egípcio Mohamed ElBaradei. Então decorria a guerra do Iraque, desencadeada em nome da existência de armas nucleares no país. Esses arsenais nunca apareceram e a conflitualidade no Médio Oriente nunca mais parou.
A guerra em Gaza dura há mais de um ano, já contagiou o Líbano e arrisca evoluir para um confronto direto entre Israel (uma potência nuclear) e o Irão (uma potência nuclear em construção).
Fonte: Expresso.pt
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