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Ales Bialiatski, da Bielorrússia, e as organizações Memorial, da Rússia, e Centro para as Liberdades Civis, Ucrânia, ganham o Nobel da Paz
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Ales Bialiatski, da Bielorrússia, e as organizações Memorial, da Rússia, e Centro para as Liberdades Civis, Ucrânia, ganham o Nobel da Paz

Academia Nobel norueguesa, responsável por este galardão, escolheu um indivíduo e duas organizações pela defesa de direitos civis e democracia. “Os indivíduos destas organizações mostraram a coragem de lutar apesar das consequências”

O prémio Nobel da Paz de 2022 foi atribuído a Ales Bialiatski, da Bielorrússia, e a duas organizações de defesa dos direitos civis e da democracia da Rússia, Memorial, e da Ucrânia, Centro para as Liberdades Civis. A academia Nobel norueguesa, responsável por esta categoria dos galardões instituídos por Alfred Nobel em 1895 e atribuídos desde 1901, justificou a escolha: “Os laureadoa deste ano representam a sociedade civil nos seus países. Ao longo de muitos anos promoveram o direito de criticar o poder e de proteger os direitos fundamentais dos cidadãos.”

Os laureados “fizeram esforços excecionais para documentar crimes de guerra, abusos de direitos humanos e abuso de poder. Juntos, demonstram o significado da sociedade civil em prol da paz e da democracia”.

“Queremos sublinhar a importância da sociedade civil na defesa dos direitos civis”.

Berit Reiss-Andersen, a presidente do comité Nobel noruguês, não quis enfatizar a sugestão de que a escolha dos três laureados pela Paz em 2022 fossem uma mensagem direta a Vladimir Putin. “O prémio é sempre dado a alguém por alguma coisa” e não “contra alguém”, disse.

Ales Bialiatski foi um dos iniciadores do movimento democrático que emergiu na Bielorrússia em meados dos anos 1980. Dedicou a sua vida à promoção da democracia e desenvolvimento pacífico no seu país de origem, a Bielorrússia. Fundou a organização Viasna (Primavera) em 1996, que evoluiu para uma organização de defesa dos direitos humanos dedicada a documentar e a protestar contra o uso de tortura pelas autoridades nos presos políticos.

As autoridades têm procurado repetidamente silenciar Bialiatski, que se encontra preso neste momento desde 2020 sem julgamento.

Memorial foi criado em 1987 por ativistas dos direitos humanos na antiga União Soviética, que queriam garantir que as vítimas de opressão do regime comunista não fossem nunca esquecidas. A organização russa baseia-se na noção de que o confronto com os crimes do passado é essencial para prevenir os crimes futuros. Memorial tem combatido o militarismo e promovido os direitos humanos e a governação do Estado de direito.

O Centro para as Liberdades Civis foi fundado com o objetivo de desenvolver os direitos humanos e a democracia na Ucrânia. Contribuiu para fortalecer a sociedade civil e pressionar as autoridades para que a Ucrânia se torne uma democracia plena.

Após a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro deste ano, a organização esforçou-se por identificar e documentar os crimes de guerra cometidos contra a população ucraniana. Tem um papel pioneiro na acusação das partes culpadas pelos seus crimes.

O MESMO OBJETIVO ANO APÓS ANO

A distinção em causa destina-se a recompensar, a cada ano, “a pessoa que tenha feito mais ou melhor trabalho pela fraternidade entre as nações, a abolição ou a redução dos exércitos e a manutenção ou promoção de congressos de paz”, conforme ditou Alfred Nobel. O júri é um comité de cinco membros, eleito pelo Parlamento da Noruega.

Cada laureado recebe uma medalha, um diploma e uma recompensa monetária de 10 milhões de coroas suecas (cerca de 915 mil euros). Em nenhuma categoria pode haver laureados a título póstumo. A exceção aconteceu em 2011, quando Ralph Steinman foi um de três distinguidos com o prémio da Medicina. Acontece que o Comité Nobel não sabia, ao escolhê-lo, que tinha morrido dias antes.

A entrega do Nobel da Paz acontece a 10 de dezembro no átrio da Universidade de Oslo, capital norueguesa, ao passo que a cerimónia dos demais prémios (Física, Química, Fisiologia ou Medicina e Literatura) está marcada para Estocolmo.

No ano passado o Nobel da Paz foi, ex-ӕquo, para os jornalistas Dmitry Muratov (russo) e Maria Ressa (filipina), “pelos seus esforços por salvaguardar a liberdade de expressão, que é pré-condição para a democracia e a paz duradoura”.

 

NOBEL DA PAZ É O QUE TEM MAIS MULHERES VENCEDORAS

O prémio da Paz foi atribuído, até hoje, a 109 indivíduos e 25 organizações. Já distinguiu mulheres por 18 vezes, mais do que qualquer outra categoria. O Comité Internacional da Cruz Vermelha venceu-o em três ocasiões (1917, 1944 e 1963) e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados em duas (1954 e 1981).

Houve 19 anos em que o júri decidiu não atribuir Nobel da Paz. Em 122 edições, só um escolhido rejeitou o prémio: Le Duc Tho. O político vietnamita (1911-1990) fora indicado com o secretário de Estado americano, Henry Kissinger, em 1973.

A atribuição do Nobel da Paz de 2022 encerra os prémios canónicos deste ano. Segunda-feira será anunciado o vencedor do Prémio de Ciências Económicas do Banco Central Sueco em Memória de Alfred Nobel. Vulgarmente conhecido como Nobel da Economia, não o é em rigor, dado que não foi instituído pelo criador da iniciativa, tendo surgido em 1969, 73 anos após a sua morte.

Os mais recentes dos prémios são: Svante Pääbo (Fisiologia ou Medicina), “pelas suas descobertas sobre genomas de hominídeos extintos e evolução humana”; Alain Aspect, John F. Clauser e Anton Zeilinger (Física), “por experiências com fotões entrelaçados, estabelecendo a violação das desigualdades de Bell e como pioneiros da ciência da informação quântica”; Carolyn R. Bertozzi, Morten Meldal e K. Barry Sharpless (Química), “pelo desenvolvimento da química do clique e da química bio-ortogonal”; Annie Ernaux (Literatura), “pela coragem e acuidade clínica com que desvela as raízes, distanciamentos e restrições coletivas da memória pessoal”.

Fonte: Expresso.pt

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Redação