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Tarrafal, turismo e o tempo
Ponto de Vista

Tarrafal, turismo e o tempo

As nossas potencialidades históricas, culturais, desportivas e turísticas, das mais apuradas em Cabo Verde e em Santiago Norte, devem estrategicamente, converter-se em rampas de oportunidades para mais e melhor atração de investimentos para um desenvolvimento inclusivo do município.

Em boa verdade, estivemos quase que 3 décadas, 30 anos a pensar e a repensar o Turismo, através de sucessivos fóruns. Investiu-se, portanto, o dinheiro que não temos, em Planos e Estudos de Estratégias, sem que haja uma efetiva concretização e com o impacto direto na melhoria da qualidade das ofertas turísticas e no ambiente de negócio.

Em tempos outros, marcados por um período de fraca competitividade e diversidade no mercado nacional, o setor do Turismo local, ainda que timidamente, conheceu dias melhores. Mas hoje a realidade em muitas regiões e ilhas, mudou de estruturas.

Portanto, estando no ponto em que estamos, podemos sim pegar um outro e um novo “comboio”, mas na certeza, porém, de que estivemos nós tempo demais na estação. Não soubemos gerir as oportunidades no sentido de gerar riquezas. Por isso, digo com toda frontalidade que Tarrafal não é pobre, mas sim, está pobre. 

Não podemos permitir que: 

  • a bandeira do Tarrafal outrora, o “Complexo Turístico Baía Verde”, caia numa autêntica falência, em termos de inovação, serviços e oferta turística;

  • um hotel, a semelhança do Hotel Tarrafal, feche no abandono as suas portas;

  • o projeto “Rabo Coco Resort”, num valor superior a 10 milhões de euros, exista em teoria desde 2010 e na prática, não se efetivar;

  • o projeto “Eco Resort Oásis Atlântico”, orçado num valor de 700 mil contos, arranque sobre a promessa de conclusão da primeira fase de obras, em 2019, porém, pare no tempo sob o argumento do silêncio. Pois, pergunta-se: aonde foi e onde está a verdade?;

  • não se faça investir em espaços comercias e turísticos; em infraestruturas e equipamentos com impacto direto ou indiretamente na economia local;

  • patrimónios históricos e culturais se convertam em “esplanadas de abandono”;

  • zonas rurais com fortes potenciais turísticos continuem no isolamento.

Temos que ser capazes de gerir conflitos de interesse grupal, colocando Tarrafal na prioridade de todas as prioridades.

Devemos aprender a sonhar e saber coordenar a promoção interna e externa do Tarrafal enquanto destino turístico.

Afinal, na opinião de muitos, o Tarrafal que era um ex-líbris do turismo interno, “andou para trás”, devido essencialmente à pouca oferta turística. E, para esta nova era de desenvolvimento do turismo, temos que criar, diversificar e qualificar a nossa oferta turística, promovendo por excelência, um Turismo de rendimento, contextualizado em espaço e tempo presente. Um Turismo que faça a ponte com uma cidade limpa e conjugada com o saneamento e o ambiente. Um Turismo com reflexo no valor acrescentado, mas que promova e valorize a cultura, o comércio e o desporto. Um Turismo, em estreita articulação e corelação com o setor das pescas, dos transportes e do agro-negócios.

Temos que empoderar o setor privado, numa perspetiva de poder desenhar um caminho novo e de futuro. 

Desenvolver além do turismo de sol e praia, o ecoturismo, o turismo rural, o turismo de negócios, o turismo cultural e religioso. 

Potenciar a vertente inclusiva de geração de rendimento e de um emprego produtivo para jovens e mulheres.

Devemos sim, olhar e trabalhar o Turismo enquanto força motriz para a implementação de uma Agenda de Transformação Municipal.

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Redação