Miguel Monteiro é o novo presidente da Bolsa de Valores de Cabo Verde. O homem do NhaBex não pode ficar sem a sua vez
Entrelinhas

Miguel Monteiro é o novo presidente da Bolsa de Valores de Cabo Verde. O homem do NhaBex não pode ficar sem a sua vez

Miguel Monteiro feriu a ética, e chamuscou-se. Por essa razão, não vai para a lista de candidatos às eleições de 18 de abril próximo. Todavia, como não pode ficar sem a sua vez, - isto também para os rabentolas é eticamente reprovável – passa a presidir a Bolsa de Valores. Para ficar calado, pois terá a boca ocupada a espremer o mel merecido. E vai partilhar o prato com mais 3 jovens – Márcia Solange Tavares Teixeira, Edney Samir Sanches Cabral e Gilson Manuel Gomes de Pina – números que irão contribuir para a tão sonhada diminuição do desemprego jovem. Pelo menos, serão 4 empregos dignos finalmente conseguidos, dos 45 mil que Ulisses Correia e Silva havia prometido em 2016!

É o clientelismo, o compadrio e o escárnio para com o Estado de Direito Democrático no seu potencial máximo.

Descartadas as possibilidades de integrar as listas do MpD para as próximas eleições legislativas, Miguel Monteiro, o homem do NhaBex, não poderia ficar sem a sua vez. Seria uma desfeita muita grande para aquele que foi líder da JpD, Secretário Geral do partido, Secretário de Mesa da Assembleia Nacional, e por inerência de funções, administrador desta que é o centro do poder político em Cabo Verde, a casa das leis.

Os “sem djobi pa ladu” não fariam uma “coisa” dessas ao ilustríssimo deputado, pelo que, na “ora di bai”, brindaram-lhe com a presidência de uma das maiores instituições financeiras do país – Bolsa de Valores. 

Não que fosse estranho. Nada disso. Os rabentolas são assim mesmo. O Óscar Santos, aquele que perdeu a Câmara Municipal da Praia, e que, segundo rumores, terá deixado uma dívida, só com terceiros, em mais de 900 mil contos, foi também premiado com o cobiçado cargo de Governador do Banco de Cabo Verde.

Um autarca que, em apenas um ano, contratou serviços e outras aquisições em valores próximos dos 300 mil contos, por ajuste direto, ou seja, "skodji entrega", ato esse a todos os títulos lesivo ao interesse público municipal e aos princípios éticos que norteiam o funcionamento das instituições democráticas públicas…

De modo que, aquilo que agora é oferecido ao Miguel Monteiro não é novidade para quem esteja minimamente atenta à forma como os ventoinhas governam o país.

Miguel Monteiro usou a empresa da qual é acionista, com a esposa, para fazer negócio com instituições públicas, num país onde existe uma linda lei de aquisições públicas, com critérios procedimentais claros e inteligíveis por qualquer pessoa que estudou o ensino básico obrigatório.

É certo que Monteiro não teve culpa. Foi-lhe dado o mel, e ele apenas aproveitou para comer e lamber o prato.

Aqui, havendo um culpado, há de ser sempre quem eventualmente contratara a sua empresa, sem se acautelar ao que dispõe a lei vigente. E, não sendo ele o culpado, não havia como responsabilizá-lo por uma ilegalidade – há quem entenda tratar-se de irregularidades - que não cometera.

As instituições, sim, essas que não respeitaram as leis, nem os princípios éticos a que se encontram vinculadas, enquanto entidades administrativas públicas, deviam responder pelos seus atos, fosse efetivamente Cabo Verde um país onde todos tivessem as mesmas obrigações e os mesmos direitos perante o Estado.

Mas não! Os factos que por cá ocorrem mostram que aqui ainda muita coisa foge ao crivo das leis e da justiça, e que, em muitas situações, o Estado de Direito sai barbaramente ferido, empurrando a Democracia para os cuidados intensivos.

Enfim! É o país que temos. Miguel Monteiro feriu a ética, e chamuscou-se. Por essa razão, não vai para a lista de candidatos às eleições de 18 de abril próximo. Todavia, como não pode ficar sem a sua vez, - isto também para os rabentolas é eticamente reprovável – passa a presidir a Bolsa de Valores. Para ficar calado, pois terá a boca ocupada a espremer o mel merecido. E vai partilhar o prato com mais 3 jovens – Márcia Solange Tavares Teixeira, Edney Samir Sanches Cabral e Gilson Manuel Gomes de Pina –  números que irão contribuir para a tão sonhada diminuição do desemprego jovem. Pelo menos, serão 4 empregos dignos finalmente conseguidos, dos 45 mil que Ulisses Correia e Silva havia prometido em 2016!

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