Entrelinhas

A primeira sessão da Assembleia Nacional de Fevereiro foi dedicada aos temas saúde e segurança num duelo entre a Situação e a Oposição e, o Governo a levar vexame político por estar tão desorientado e descontrolado.

O Governo perdeu a noção, de vez, sobre o que o ridiculariza mais e o coloca mais em baixo política e eleitoralmente, mas foi o próprio e a sua bancada parlamentar que escolheram o tema saúde para levar açoite político com repercussões eleitorais no parlamento e no eleitorado.

Discutir um tema que toca a morte é, no mínimo, loucura eleitoral pelas características idiossincráticas caboverdeanas que o define como muito apegado e solidário aos seus e se coloca facilmente no lugar do outro nas situações de drama social. Achar que a suposta avaliação positiva de um item do espectro do desempenho do Governo na saúde justifica colocar os mais de 100 mortos sobre o púlpito da AN é coisa de amador e de quem não tem noção da política ou que, desatinadamente, deseja perder as eleições!!!

Imaginem se fosse o contrário, se Cabo Verde fosse consagrado campeão mundial olímpico ou vencedor da copa do mundo no futebol se a Oposição ou se seria o Governo a faturar com tal proeza, eleitoralmente, mesmo que o Governo não tivesse feito nada ou muito pouco para que tal êxito fosse alcançado, seria o Governo a ganhar pontos no eleitorado toda a vez que se falasse de tais conquistas!

Inversamente, quando há noticiais negativas como a Covid19, o primeiro culpado político é o Governo e as mortes vão para as contas do Governo, as culpas pelas mortes vão para contabilidade do Governo e o Governo leva as mortes como trunfo político à AN???!!! NÃO ENTENDI!!!!

Na segunda parte, foi a “valsa do adeus” no MAI (Ministro da Administração Interna) promovidos pelos deputados Júlio Correia e João Batista Correia contra a Joana Rosa e Filomena Gonçalves.

Segurança pública é vida e liberdade das pessoas sobre seus bens e patrimónios. Novamente, a vida das pessoas foi colocada sobre o púlpito da AN e ninguém duvida dos impactos eleitorais arrasadores que isso tem e continuará tendo para todos os lados.

O Governo, querendo ou não, é o principal responsável pelas mortes, assaltos, crimes que andam pululando por aí, e, cada vez que tal tema é tratado e debatido da forma como foi é mais um desastre de Monte Txota para as bandas do Governo além dos habituais:

1. desaparecimento de pessoas e de crianças;

2. assaltos a mão armada nas cidades;

3. investimentos sem resultados nas forças de ordem e nos equipamentos;

4. intromissão na vida privada e intimidade das pessoas através de escutas ilegais;

5. crimes cada vez mais sofisticados e horrendos e sem o devido e atempado esclarecimento;

6. o descontentamento generalizado da corporação para com as suas chefias e para como o MAI;

7. uma polícia reactiva e não preventiva;

8. aumento da sensação generalizada de insegurança;

9. “martelamento” dos dados das ocorrências na Polícia para manipular os reais números dos crimes e da criminalidade;

10. incapacidade de esclarecimento de crimes bárbaros e graves torna o clima e a sensação de insegurança ainda maior;

11. o MAI só permanece no posto e não é demitido por que o PM, UCS, está mais fraco que o seu próprio Ministro.

Enquanto isso, o MAI vai “sangrando”, politicamente, esse governo até abril, e quem sabe, não aparece nas listas da Oposição para as próximas Legislativas, como, aliás, transitara da vez passada do anterior Governo para o presente?!