A União Nacional dos Trabalhadores de Cabo Verde – Central Sindical (UNTC-CS) considerou hoje que a situação laboral "não está de boa saúde" e desafiou o Governo a implementar medidas estruturantes para que 2025 não seja um ano pior.
Esta opinião foi manifestada pela secretária-geral da UNTC-CS, Joaquina Almeida, em conferência de imprensa para fazer o balanço da situação laboral e deixar a tradicional mensagem de fim-de-ano, onde classificou que 2024 foi um ano “agitado”.
Explicou que o ano que ora finda ficou marcado por greves e manifestações laborais, tendo os trabalhadores de diversas áreas reivindicado a implementação do Plano de Cargos, Funções e Remunerações, melhores condições de trabalho, direitos adquiridos, justiça laboral e valorização profissional.
“Não obstante toda a luta, o mercado de trabalho apresentou alguma melhoria reflectida na redução da taxa de desemprego, que se situou no 2º trimestre em 8,8%, mas o desemprego jovem continua elevado, com cerca de 30% entre os jovens de 15 a 35 anos, por falta de políticas públicas assertivas, indicando um desafio persistente na inserção dessa faixa etária no mercado de trabalho”, salientou.
Considerando o contexto económico, social e político do país, sublinhou que os trabalhadores cabo-verdianos enfrentam ainda desafios relacionados com baixos salários, perda do poder de compra, aumento do custo de vida, precariedade no emprego, com o crescimento de contratos temporários e condições laborais precárias, especialmente do turismo, agricultura e serviços.
Joaquina Almeida manifestou-se também preocupada com a falta de formação adequada em sectores estratégicos, como tecnologia, turismo sustentável e energia renováveis, a privatização de empresas públicas como a CV Handling, que, segundo a mesma, pode levar a cortes de pessoal, aumento do desemprego, redução de direitos adquiridos e instabilidade no mercado do trabalho com maior dependência do sector privado.
Outro desafio, segundo a mesma fonte, tem a ver com a saúde e segurança no trabalho, sendo que é crucial a melhoria das condições de trabalho em sectores críticos como construção civil e serviços, onde há maior risco de acidentes e problemas de saúde relacionados ao trabalho, com incidência de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho.
Considerou que com o avanço da tecnologia, muitos postos de trabalho podem ser substituídos por automação e inteligência artificial, fazendo com que haja deslocamento de trabalhadores de sectores tradicionais para áreas que exigem competências digitais avançadas.
Para a sindicalista, o aumento da população idosa pode pressionar os sistemas de segurança social e saúde, criando desafios para quem contribui para o sistema, implicando um possível aumento de impostos e redução de benefícios para equilibrar os sistemas de pensões.
Para enfrentar esses desafios defendeu que é necessário investir em formação profissional e requalificação, criar políticas de incentivo à diversificação económica, melhorar as condições de trabalho e salários justos e garantir o diálogo social entre o Governo e os parceiros.
Garantiu que a UNTC-CS vai continuar em 2025 ao lado dos trabalhadores, na luta pelos seus direitos e interesses laborais e sublinhou que para isso conta com o concurso dos sindicatos representativos de cada classe para juntarem as forças nesta missão que os une.
Comentários
Antonio, 2 de Jan de 2025
D. Joaquina:
A Senhota luta e bem para os trabalhadores em ativo.
Esquece- se redondamente dos reformados.
Sim porque há varias promoções, reclassificacoes que beneficiam os trabalhadores , e nada para os reformados.
Veja isso com carinho.
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