A representante da OMS, Ann Lindstrand, alertou hoje, na Praia, para o risco que Cabo Verde corre de perder a certificação de país livre de malária se não reforçar com urgência as acções de prevenção e combate à doença.
Em declarações à imprensa após ser recebida pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, no quadro das auscultações sobre a situação sanitária da capital, a representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) recordou que Cabo Verde foi certificado como país livre de malária em 2024, mas advertiu que “a situação está um pouco grave” com “focos de transmissão local em 2024 e 2025”.
“Se tivermos no mesmo local três casos em 2026, o país pode perder a certificação de ser livre de malária. Por isso é muito importante agir agora”, sublinhou.
Segundo explicou, a OMS está “muito próxima do Ministério da Saúde” para apoiar na luta anti-vectorial, mas considera “essencial” reforçar a vigilância epidemiológica e intervir rapidamente quando surjam casos.
“É preciso um projecto onde temos um segmento de vigilância muito importante. Depois, quando há casos, é importante fazer uma pesquisa para saber onde está e eliminar a transmissão muito rápido”, frisou, defendendo ainda “uma luta multissectorial” envolvendo não só a saúde, mas também a agricultura, a educação e outras áreas, “trabalhando com a comunidade”.
Aconselhou também que, após anos com poucos casos, “a imunidade da população é muito baixa” e que a malária “é uma doença em que uma criança pode estar a brincar de manhã e morrer à noite”.
“Ficamos fora do perigo da malária se agirmos agora. É uma emergência no foco da Praia, em Fonton, mas também uma luta de longo prazo com limpeza, pulverização das casas e eliminação de águas estagnadas. Sabemos como fazer, temos que fazer”, afirmou.
Apesar de não dispor do número de casos actualizado, sublinhou que “o importante é identificar os casos importados e intervir ao redor para impedir a transmissão local”.
Relativamente à dengue, informou que a situação “está calma”, mas exige vigilância, lembrando que técnicos da OMS estiveram recentemente na Boa Vista e em São Vicente, onde identificaram mosquitos dos géneros Anopheles, Culex e Aedes.
“Não estamos fora de perigo, e no tempo de chuva temos que ser ainda mais vigilantes”, concluiu.
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A equipa do Santiago Magazine