PAICV propõe unidade para gerir recuperação de São Vicente após tempestade
Política

PAICV propõe unidade para gerir recuperação de São Vicente após tempestade

O PAICV, maior partido da oposição em Cabo Verde, vê lentidão e descoordenação nas respostas à tempestade em São Vicente e propôs a criação de uma unidade para coordenar os projetos, após uma avaliação aos trabalhos em curso.

"Depois das chuvas [de 11 de agosto], a ação efetiva do Governo e da Câmara Municipal tem sido, para muitos cidadãos e atores locais, residual face às expectativas, com denúncias de morosidade, falta de coordenação e inércia. A lentidão na assistência, a desorganização na distribuição de apoios e a ausência de um comando único estão a prolongar o sofrimento dos cidadãos e a comprometer a recuperação", afirmou o vice-presidente do PAICV, João do Carmo, numa conferência de imprensa na ilha de São Vicente, na quinta-feira.

O PAICV propõe a criação de uma unidade de reconstrução de São Vicente, "independente e temporária", com representação municipal, governamental, sociedade civil, setor privado e peritos técnicos, "responsável pela coordenação, transparência e seguimento dos projetos".

Esta medida integra num plano que inclui medidas em 12 áreas prioritárias: proteção ambiental, gestão de resíduos, saneamento, infraestruturas rodoviárias e de drenagem, habitação social, portos e aeroportos, infraestruturas desportivas, dessalinização de água, juventude, segurança, turismo e eventos.

Entre as propostas destacam-se: inventário imediato das áreas de risco e proibição temporária de construção, criação de corredores verdes urbanos, reconstrução de estradas e pontes resistentes a cheias, habitação social para famílias vulneráveis, modernização do porto e do aeroporto e programas de emprego e formação para jovens.

Para coordenar os esforços, o PAICV propõe ainda a criação de um fundo de reconstrução de acesso rápido, destinado a microempresários e trabalhadores informais, com mecanismos de transparência e auditoria externa.

A especialista em recuperação da Organização das Nações Unidas (ONU), Joana Sampainho, que está em São Vicente, defendeu que é "importante não agir apenas para colmatar necessidades imediatas, mas planear de forma resiliente".

Segundo Joana Sampainho, a prioridade imediata deve ser limpeza das valas e dos sistemas de drenagem da cidade, além da reconstrução de pequenas infraestruturas.

A recuperação é um processo longo, com prioridades identificadas no curto prazo, mas que poderá estender-se por cinco a seis anos.

As cheias de 11 de agosto inundaram bairros, destruíram estradas, pontes e estabelecimentos comerciais, afetaram o abastecimento de energia e provocaram nove mortos, havendo ainda duas pessoas desaparecidas em São Vicente.

Em Santo Antão e São Nicolau provocaram inundações, derrocadas e destruição de infraestruturas.

O Governo cabo-verdiano declarou situação de calamidade por seis meses em São Vicente, Porto Novo (Santo Antão) e nos dois concelhos de São Nicolau, aprovando um plano de resposta com apoios de emergência às famílias e às atividades económicas, através de linhas de crédito bonificado e verbas a fundo perdido, financiadas pelo Fundo Nacional de Emergência e pelo Fundo Soberano de Emergência.

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